Ecos do Passado

Alice saiu do evento com o coração acelerado. O ar fresco da noite bateu em seu rosto, mas não foi suficiente para dissipar o calor que subira pelo seu corpo após aquele olhar intenso. Sentiu-se vulnerável, como se Davi tivesse atravessado suas muralhas com apenas um olhar. Isso a incomodava. Ela passou anos construindo uma fortaleza ao redor de si mesma, e agora, em poucos minutos, um desconhecido parecia ter encontrado uma brecha.

Ela entrou no carro e partiu, tentando ignorar a sensação inquietante que se instalara dentro dela. Mas a imagem dele não saia de sua cabeça. Quem era aquele homem? Por que seu olhar parecia carregado de segredos, como se de alguma forma ele entendesse sua dor?

Enquanto isso, Davi permaneceu no salão por mais alguns minutos, mas sua mente estava longe dali. Alice. Seu nome lhe fora sussurrado por algum conhecido durante o evento, e ele o repetia silenciosamente, como se quisesse memorizá-lo. Não deveria estar interessado, não deveria se deixar levar por algo tão irracional. Mas era tarde demais. Algo nela o atraía de uma forma que ele não compreendia completamente.

Aquela noite marcou o início de algo que ambos ainda não podiam nomear. Mas o destino já havia decidido que seus caminhos estavam entrelaçados.

No dia seguinte, Alice tentou ignorar o que acontecera. Mergulhou no trabalho, focando em prazos e audiências, mas sua mente traía seu corpo. Seu subconsciente insistia em repassar aquele momento, aquele olhar, como se estivesse tentando decifrar um código oculto. Para piorar, seu melhor amigo e colega de trabalho, Rafael, percebeu sua distração.

— Terra chamando Alice! — ele brincou, batendo levemente na mesa dela. — Onde você foi parar agora?

— Não estou em lugar nenhum — ela respondeu, sem olhá-lo.

— Hum, já vi essa expressão antes — ele cruzou os braços, analisando-a. — Alguém mexeu com você?

Alice bufou, pegando um processo e folheando as páginas.

— Não faço ideia do que você está falando.

— Ah, você sabe sim. E pela sua cara, não foi um qualquer. Quem é ele?

Ela revirou os olhos.

— Você é insuportável, sabia?

Rafael riu, se acomodando na cadeira à sua frente.

— Esse é meu talento. Agora me conta.

Alice suspirou. Rafael era seu confidente há anos, a única pessoa com quem se permitia ser um pouco mais vulnerável. Mas nem ela mesma entendia o que sentia para colocar aquilo em palavras.

— Eu não sei — admitiu. — Foi um olhar. Mas parecia... diferente.

Rafael arqueou uma sobrancelha.

— Um olhar? Alice, você não é do tipo que se impressiona com olhares.

— Eu sei! — ela exclamou, frustrada. — E é exatamente por isso que isso está me incomodando. Foi como se ele... me enxergasse de verdade.

Rafael ficou em silêncio por um instante, observando-a.

— Parece perigoso.

Ela soltou uma risada sem humor.

— Exatamente o que eu pensei.

O que Alice não sabia era que Davi também estava lidando com a mesma inquietação. Em seu escritório, ele tentava se concentrar em relatórios e reuniões, mas sua mente continuava voltando para ela. Ele nunca fora um homem impulsivo quando se tratava de sentimentos, mas Alice mexera com algo profundo dentro dele.

Então, como se o universo conspirasse para que seus caminhos se cruzassem novamente, o telefone de Davi tocou. Era seu assistente, informando sobre uma nova negociação de contrato. Com quem? Com o escritório de advocacia onde Alice trabalhava.

Ele não acreditava em coincidências. E pela primeira vez em anos, Davi sentiu que talvez estivesse prestes a quebrar suas próprias regras.

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