Os três meses passaram como um turbilhão na vida de Alice. Paris havia sido uma experiência inesquecível. Profissionalmente, ela cresceu mais do que jamais imaginou, mas a distância de Davi fez seu coração se sentir vazio. As mensagens entre os dois diminuíram com o tempo, e as ligações se tornaram raras. Não porque não quisessem, mas porque a rotina e a diferença de fuso horário pareciam conspirar contra eles.
Agora, de volta à cidade, Alice sentia-se ansiosa. Finalmente veria Davi novamente, mas temia o que encontraria. Será que o tempo e a distância os haviam mudado? Será que o amor ainda estaria lá?
Ela chegou ao café onde haviam combinado de se encontrar. O coração batia acelerado, e suas mãos suavam levemente. Assim que entrou, seus olhos o encontraram. Davi estava sentado em uma mesa no canto, mexendo no celular. Quando levantou o olhar e a viu, um sorriso hesitante surgiu em seus lábios.
— Alice… — disse ele, levantando-se.
Ela sorriu, mas havia um nó na garganta. Davi parecia o mesmo, mas algo em seu olhar estava diferente. Mais contido, talvez? Menos intenso?
— Oi, Davi. — Sua voz saiu quase como um sussurro.
Ele abriu os braços, e ela se aproximou, sentindo o abraço familiar, mas um pouco mais frio do que lembrava. Era como se algo invisível estivesse entre eles, algo que não existia antes.
Sentaram-se e pediram café. O silêncio entre eles não era confortável como antes; era carregado de palavras não ditas.
— Como foi Paris? — ele perguntou, finalmente, mexendo distraidamente na xícara à sua frente.
— Incrível. Aprendi tanto… cresci tanto. Mas… senti sua falta. — Ela o olhou diretamente, esperando uma resposta sincera.
Davi hesitou por um momento antes de sorrir.
— Também senti sua falta, Alice. — Mas, apesar das palavras, seus olhos diziam algo diferente. Havia distância ali. Uma barreira que antes não existia.
Ela respirou fundo. Não queria rodeios.
— Davi, aconteceu alguma coisa enquanto eu estava fora?
Ele desviou o olhar por um instante antes de encará-la novamente. Seus dedos tamborilavam sobre a mesa, um claro sinal de nervosismo.
— Alice… esses três meses foram difíceis para mim. Eu tentei me manter ocupado, mas…
O coração dela apertou.
— Mas…? — pressionou.
Davi suspirou.
— Eu conheci alguém, Alice. — A confissão caiu como uma bomba.
O mundo de Alice pareceu parar. Seu estômago revirou, e por um momento, ela achou que não conseguiria respirar.
— O quê? — Sua voz saiu baixa, quase inaudível.
Davi passou a mão pelos cabelos, visivelmente desconfortável.
— Não foi nada sério. Eu juro. Mas… eu me senti sozinho. Eu precisava de alguém, e… aconteceu. Eu queria te contar antes, mas não sabia como.
Alice sentiu os olhos se encherem de lágrimas. A dor era esmagadora. Durante três meses, ela se agarrou à ideia de que, apesar da distância, o amor deles permaneceria intacto. Mas agora, tudo parecia desmoronar.
— Você a ama? — perguntou, sua voz falhando.
Davi a encarou, os olhos brilhando com culpa.
— Não. Mas isso não muda o que aconteceu.
Alice engoliu em seco. Não sabia o que fazer, o que dizer. Tudo o que queria era desaparecer.
— Eu preciso de um tempo — murmurou, levantando-se abruptamente.
Davi também se levantou.
— Alice, por favor…
Mas ela já estava saindo pela porta, o coração despedaçado. O reencontro que tanto esperou havia se transformado em uma despedida amarga.
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Atualizado até capítulo 44
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