O Preço do Desejo

O dia seguinte foi um caos para Alice. A noite mal dormida, repleta de pensamentos conflitantes sobre o beijo com Davi, deixou-a exausta. Ainda assim, vestiu sua armadura profissional e foi para o trabalho, decidida a fingir que nada havia acontecido.

Mas, ao entrar no escritório, percebeu que evitar Davi seria impossível.

Ele estava lá, encostado em sua mesa como se fosse o dono do espaço. Quando os olhares se encontraram, Alice sentiu o mesmo arrepio da noite anterior. Ele sorriu de leve, e foi o bastante para seu coração disparar.

— Bom dia — ele disse, casualmente.

Alice pigarreou, tentando ignorar o calor que subia por sua pele.

— Podemos conversar em outro lugar? — murmurou, evitando os olhares dos colegas.

Davi assentiu e seguiu-a até uma sala de reuniões vazia. Assim que a porta se fechou, Alice cruzou os braços, determinada a colocar um fim naquilo.

— Isso não pode continuar — disse, sem rodeios. — O que aconteceu ontem foi um erro.

Davi inclinou a cabeça, estudando-a com um olhar intenso.

— Então me diga que você não sentiu nada.

Alice abriu a boca para responder, mas as palavras ficaram presas. Ele percebeu sua hesitação e se aproximou um passo, diminuindo a distância entre eles.

— Eu não consigo parar de pensar em você, Alice. Em como você se encaixa perfeitamente nos meus braços, no jeito como sua respiração acelerou quando nos beijamos.

Ela fechou os olhos, tentando afastar as lembranças, mas era inútil. O toque dele ainda queimava sua pele.

— Isso vai nos destruir, Davi — sussurrou. — Se alguém descobrir…

Ele passou a mão pelos cabelos, frustrado.

— Eu sei. Mas me diz, o que eu faço com isso que sinto? Com essa vontade de estar perto de você o tempo todo?

Alice não tinha resposta. Tudo o que sabia era que estava dividida entre o desejo e o medo.

Antes que pudesse responder, a porta da sala se abriu de repente. Seu chefe entrou, os olhos desconfiados ao vê-los juntos.

— Alice, preciso falar com você. Em particular — disse ele, olhando para Davi com uma expressão neutra.

Alice assentiu rapidamente, sentindo o coração disparar. Assim que Davi saiu, ela soube que aquilo era um aviso. Se continuasse jogando com o fogo que era Davi, acabaria se queimando.

Mas, no fundo, será que já não estava queimando?

Quando saiu da reunião com seu chefe, Alice sentia o peso da advertência velada que recebera. Era óbvio que estavam de olho nela. Um passo em falso e tudo o que construiu na empresa poderia desmoronar.

Ela voltou para sua mesa e viu um bilhete dobrado ao lado de seu teclado. Seu coração deu um salto ao reconhecer a caligrafia de Davi.

Me encontre no terraço depois do expediente. Precisamos conversar.

Alice hesitou. O certo seria ignorar. Fingir que nada aconteceu e seguir sua vida. Mas, à medida que as horas se arrastavam, a ideia de vê-lo novamente a consumia. O que ele queria dizer? Será que também sentia aquele medo paralisante misturado ao desejo avassalador?

O relógio marcou sete da noite quando ela finalmente tomou uma decisão. Pegou sua bolsa e subiu até o terraço, onde encontrou Davi encostado na grade, olhando para a cidade iluminada.

— Achei que você não viria — ele disse, sem desviar o olhar.

Alice respirou fundo, abraçando a si mesma para se proteger do vento frio.

— Eu também achei.

Davi se virou para ela, os olhos escuros carregados de emoções conflitantes.

— Alice, eu não estou brincando com isso. Eu nunca senti algo assim antes.

Ela queria acreditar, mas o medo ainda a segurava.

— E o que isso significa? — perguntou, sentindo seu coração bater forte.

Ele se aproximou, e dessa vez, não havia hesitação. Alice prendeu a respiração quando ele segurou seu rosto entre as mãos.

— Significa que, aconteça o que acontecer, eu não vou desistir de você.

O mundo pareceu desaparecer ao redor deles. Alice sabia que ceder a ele significava mergulhar em um caminho sem volta. Mas, naquele momento, tudo que importava era o calor das mãos de Davi e a promessa silenciosa em seus olhos.

E então, pela segunda vez, ela escolheu se perder nele.

A noite no terraço foi mais intensa do que Alice imaginava. Eles ficaram ali por longos minutos, apenas trocando olhares e absorvendo a proximidade um do outro. Davi segurou sua mão com firmeza, e, naquele toque silencioso, Alice sentiu a promessa de algo mais.

— Você tem medo, não tem? — ele perguntou, sua voz rouca de emoção.

Alice engoliu em seco e assentiu.

— Muito. Eu trabalhei duro para chegar até aqui. Não posso colocar tudo a perder.

Davi acariciou seus dedos lentamente.

— Eu nunca colocaria sua carreira em risco, Alice. Mas também não posso fingir que não sinto isso. Que não desejo você mais do que deveria.

Ela desviou o olhar, incapaz de negar. O desejo crescia dentro dela a cada segundo, e a presença de Davi tornava impossível manter a razão.

— Talvez devêssemos… dar um tempo — ela sugeriu, mas sua voz falhou no final.

Davi sorriu de canto, inclinando-se mais perto.

— Se você conseguir ficar longe de mim, Alice, eu prometo que faço o mesmo.

Ela fechou os olhos por um instante, sentindo sua respiração descompassada. Sabia que aquilo era uma armadilha. E, ainda assim, não conseguia se afastar.

O vento frio soprou ao redor deles, mas o calor entre os dois era inegável. Alice sabia que, a partir dali, não havia mais volta.

E, no fundo, ela já tinha feito sua escolha.

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