Luta Final Contra o Destino

Alice estava determinada a não se entregar ao desespero. Apesar da incerteza sobre sua recuperação, havia algo dentro dela que se recusava a aceitar um destino de sofrimento e dependência. No entanto, a realidade era cruel: a cada tentativa de mover as pernas, sentia-se frustrada, e o medo de nunca mais andar começava a se infiltrar em seus pensamentos.

Davi, ao seu lado, fazia de tudo para mantê-la esperançosa. Ele passou noites pesquisando os melhores tratamentos, consultando especialistas e garantindo que ela tivesse todo o suporte necessário. Mas Alice sabia que não era apenas a questão física que precisava superar – sua mente estava sendo testada de formas que nunca imaginou. O medo de ser um peso para Davi a atormentava, mas ele parecia inabalável em sua dedicação a ela.

Foi então que uma notícia inesperada chegou: um renomado fisioterapeuta especializado em casos como o dela estava na cidade e aceitou acompanhá-la no tratamento. Seu nome era Dr. Henrique Vasconcelos, um homem conhecido por métodos rigorosos e uma abordagem sem espaço para autopiedade.

No primeiro encontro, Henrique foi direto ao ponto:

— Alice, sua recuperação depende de você. Seu corpo pode estar ferido, mas se sua mente desistir, nada que eu fizer aqui vai adiantar. Está disposta a lutar?

Ela engoliu em seco, trocando um olhar com Davi antes de responder.

— Sim. Eu quero lutar.

Os dias seguintes foram uma verdadeira guerra. Henrique não a tratava com delicadeza, exigindo que ela se esforçasse ao máximo, mesmo quando sentia que não conseguiria. As sessões de fisioterapia eram exaustivas, e houve momentos em que Alice quis desistir, mas sempre que seus olhos encontravam os de Davi, encontrava forças para continuar.

Entretanto, a batalha não era apenas física. O pai de Alice continuava sendo uma sombra sobre sua recuperação. Ele não acreditava que Davi deveria estar tão envolvido e tentou, mais de uma vez, afastá-lo. Mas, para sua surpresa, encontrou resistência na própria filha.

— Pai, eu sei que o senhor quer o melhor para mim, mas Davi faz parte da minha vida. Eu preciso que respeite isso.

Foi a primeira vez que ela impôs sua vontade contra ele de forma tão firme. O homem não respondeu de imediato, apenas assentiu levemente, parecendo finalmente perceber que sua filha não era mais uma menina frágil sob sua proteção.

Os meses passaram, e Alice começou a notar pequenas melhoras. No início, foram apenas espasmos nos músculos das pernas, depois sensações sutis, até que um dia, diante do olhar atento de Davi e Henrique, ela conseguiu mexer os dedos do pé.

— Isso! — Henrique exclamou, pela primeira vez demonstrando entusiasmo. — Agora temos uma chance real.

Davi se ajoelhou ao lado dela, segurando suas mãos com força.

— Eu sabia que você conseguiria, Alice.

Ela sorriu, lágrimas escorrendo por seu rosto. Pela primeira vez desde o acidente, sentiu que havia uma esperança real. Mas a luta ainda estava longe de terminar. O caminho à frente era árduo, mas agora ela sabia que não estava sozinha.

Com o passar das semanas, Henrique aumentou a intensidade dos exercícios. Alice se viu desafiada de maneiras que nunca imaginara. Era forçada a se apoiar nos próprios braços, a movimentar as pernas com a ajuda de aparelhos e, eventualmente, a tentar ficar de pé com auxílio. Cada tentativa fracassada era um golpe em sua confiança, mas Davi estava sempre lá, pronto para segurá-la antes que caísse, pronto para encorajá-la antes que ela desistisse.

— Você é mais forte do que imagina — ele sussurrava em seu ouvido, toda vez que as lágrimas de frustração ameaçavam escorrer.

Então, em um dia que parecia como qualquer outro, aconteceu. Henrique a instruiu a se segurar nas barras paralelas e tentar se erguer. Alice sentiu o suor escorrendo por sua testa, a respiração pesada, e o olhar ansioso de Davi sobre ela. Com um esforço titânico, ela pressionou os pés contra o chão e, pela primeira vez em meses, conseguiu se levantar, mesmo que apenas por alguns segundos.

O silêncio na sala foi rompido por um som engasgado vindo de Davi. Ele estava chorando.

— Você conseguiu — ele disse, sorrindo entre as lágrimas.

Alice não conseguiu conter o riso e o choro ao mesmo tempo. Era apenas o começo, mas naquele instante, ela soube que poderia vencer essa batalha. Ela soube que não importava o quão difícil fosse, ela voltaria a andar.

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