Entre o Desejo e o Medo

Alice tentou ignorar a presença de Davi no restante da semana, mas era como se ele estivesse em toda parte. Nos corredores do escritório, em e-mails formais que chegavam pontuais, em sua própria mente, invadindo pensamentos que não deveriam existir. Ela não queria admitir, mas havia algo nele que despertava nela um conflito interno avassalador.

Na sexta-feira, enquanto terminava um relatório importante, seu celular vibrou sobre a mesa. Era uma mensagem de Davi. "Jantar. Hoje. Sem desculpas. - Davi". Alice revirou os olhos, mas não conseguiu evitar o leve sorriso que surgiu em seus lábios. Ele era persistente. E, de alguma forma, ela sabia que acabar recusando era uma batalha que já estava perdida antes mesmo de começar.

Vestindo um elegante vestido preto e com os cabelos soltos, Alice entrou no restaurante sofisticado que Davi escolhera. Ele já estava lá, sentado em uma mesa reservada, com um copo de vinho em mãos. Quando a viu, seus olhos brilharam com satisfação.

— Que bom que veio — disse ele, levantando-se para puxar a cadeira para ela.

— Parecia mais uma ordem do que um convite — ela retrucou, sentando-se.

— Talvez um pouco dos dois — ele respondeu com um sorriso charmoso.

A conversa começou leve, girando em torno de assuntos triviais. Mas não demorou para que Davi voltasse a provocá-la.

— Você sempre foi assim, Alice? Tão determinada a manter as pessoas afastadas?

Ela franziu a testa, pegando a taça de vinho.

— E você sempre foi tão insistente?

— Apenas quando algo me interessa.

O jeito como ele a olhava fazia seu coração acelerar. Era intenso, firme, como se pudesse ver além das máscaras que ela usava. E isso a apavorava. Alice passou anos construindo muralhas ao seu redor, protegendo-se de dores passadas. Mas ali, sob aquele olhar, sentia que estava prestes a perdê-las.

— Eu não sou um jogo, Davi — disse ela, com a voz mais firme do que se sentia.

Ele segurou sua mão sobre a mesa, os dedos traçando um círculo suave em sua pele.

— Eu nunca jogaria com você, Alice. Mas isso não significa que vou desistir tão fácil.

O toque dele era quente, causando um arrepio que ela não conseguiu esconder. Puxou a mão de volta e desviou o olhar, tentando recuperar o controle.

— Eu não posso me envolver com você — disse baixinho, como se tentasse convencer a si mesma.

Davi inclinou-se ligeiramente para frente, os olhos prendendo os dela com uma intensidade sufocante.

— E, ainda assim, você está aqui.

Alice soube, naquele momento, que estava caminhando para um lugar perigoso. Mas, por mais que lutasse contra isso, não sabia se conseguiria resistir por muito tempo.

Após o jantar, Davi insistiu em acompanhá-la até seu carro. O vento frio da noite fez Alice se encolher levemente em seu casaco, mas o calor da proximidade de Davi era mais intenso do que qualquer brisa gelada.

— Foi um bom jantar — ela disse, tentando soar casual.

— Foi mais do que isso. Você sentiu, Alice — ele retrucou, com a voz baixa e firme.

Ela apertou os lábios, lutando contra a confusão que tomava conta de si. Ele estava certo. Algo entre eles era inegável, um magnetismo perigoso e avassalador.

Quando chegaram ao carro, Davi parou ao lado dela, tão próximo que Alice podia sentir seu perfume amadeirado, intoxicante.

— Não fuja de mim — ele sussurrou.

Alice ergueu o olhar para encará-lo, e naquele instante tudo pareceu desaparecer. O mundo ao redor se dissolveu, restando apenas eles dois e a eletricidade carregada no ar. Davi inclinou-se levemente, esperando um sinal dela, um convite silencioso para cruzar aquela linha tênue.

Seu coração martelava dentro do peito. Tudo nela gritava para dar um passo atrás, mas seus pés permaneceram imóveis. Então, com um suspiro quase imperceptível, ela sussurrou:

— Isso é uma péssima ideia...

Mas antes que pudesse completar o pensamento, Davi tomou seu rosto entre as mãos e colou seus lábios aos dela. O beijo foi intenso, repleto de desejo contido por tempo demais. Alice se entregou por um breve instante, permitindo-se sentir o calor, o sabor dele, a segurança inesperada que aquele toque lhe proporcionava.

Mas então, como se despertasse de um sonho proibido, ela se afastou abruptamente, levando a ponta dos dedos aos lábios trêmulos.

— Eu não posso — murmurou, sem encará-lo. Em seguida, entrou no carro e partiu, deixando Davi sozinho na noite fria, com um sorriso de quem sabia que aquela história estava apenas começando.

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