A brisa suave da manhã parecia cortar o calor do dia que começava a esquentar. Isabella estava em casa, sentada em frente à janela, observando o movimento lá fora. A cidade parecia um reflexo de seu interior, em constante mudança, e, ao mesmo tempo, estranhamente familiar. Ela estava começando a se acostumar com a ideia de estar sozinha, de não depender de ninguém para encontrar sentido em sua vida.
Mas naquele dia, algo a tirou do seu estado de contemplação. O som do celular vibrando em cima da mesa a fez parar por um momento. Isabella pegou o aparelho e viu o nome de Ricardo na tela. Ricardo... Ele foi uma das figuras mais importantes da sua vida, mas seu relacionamento com ele sempre fora complicado. Ele não era mais uma presença constante em sua vida, mas sempre soubera que ele ainda a observava de algum lugar, de alguma forma.
Ela hesitou por um momento antes de abrir a mensagem. A primeira parte foi o que ela esperava de um bom amigo tentando se reaproximar:
_"Isabella, eu queria te convidar para uma viagem. Eu vou para a praia no Nordeste, e sei que você sempre quis ir. Eu pensei que seria uma boa oportunidade para a gente passar um tempo juntos. Mas também quero te explicar sobre a Claudia."_
Ela franziu o cenho ao ler a menção de Claudia, um nome que lhe causava desconforto, mas que ela sabia ser uma parte do passado de Ricardo.
_"Claudia... nós não temos nada, Isabella. Eu te amo muito, e quero que você saiba disso. Mas eu sou homem e tenho minhas necessidades, e sei que você sabe disso. Eu entendo se você se sentir magoada com o que aconteceu, mas por favor, não me julgue por isso."_
Isabella sentiu uma mistura de emoções invadindo seu peito. Ela não sabia o que sentir diante das palavras de Ricardo. Ele sempre teve um jeito de tentar suavizar as coisas, mas, ao mesmo tempo, Isabella sabia que as palavras dele não eram simples. Elas vinham carregadas de um peso que ela não sabia se ainda queria carregar.
_"Desculpa, filha. Eu sei que você não é minha filha, mas eu te vi crescer e te amo muito. Sei que as coisas entre a gente não foram fáceis, mas eu ainda sinto que podemos tentar resolver. Vamos viajar juntos, tentar fazer as pazes. Eu sei que podemos morar em lugares separados, mas ainda sinto saudades de você. Você sempre foi muito importante para mim."_
As palavras dela estavam claras, mas a tristeza nas entrelinhas era palpável. Isabella ficou em silêncio, olhando para a tela do celular, com o peso do passado se fazendo presente mais uma vez. Como ela deveria reagir? O que fazer diante desse convite e dessa confissão inesperada?
Ela respirou fundo e colocou o celular de volta na mesa. A imagem de Ricardo tava ali, intacta, trazendo à tona lembranças que ela já tentara enterrar. Ela sempre sentira algo por ele, mas nunca soubera como classificar essa relação. Era confusa, e as palavras dele pareciam ser um reflexo disso.
Isabella se levantou e começou a caminhar pela sala, perdida em seus pensamentos. O convite para a viagem e o pedido de desculpas parecia sincero, mas ela já havia percorrido um longo caminho desde a última vez que teve uma conversa com Ricardo sobre o passado. A liberdade que ela conquistara agora parecia mais preciosa do que nunca, e ela se perguntava se seria justo se permitir retornar a uma situação que poderia, mais uma vez, sufocá-la.
Ela se sentou no sofá e olhou para a janela novamente. O sol já estava mais alto, iluminando a cidade com sua luz dourada. A brisa quente trazia um cheiro de algo novo, algo que Isabella ainda não entendia completamente. Ela sabia que não poderia viver mais à sombra do que havia sido. O caminho à frente era seu, e ela não podia deixar que nada do passado voltasse para interromper essa nova jornada.
Enquanto a tarde avançava, Isabella sabia que precisava responder à mensagem de Ricardo. Mas, ao mesmo tempo, não queria se apressar. A decisão era importante, não só para o futuro deles, mas também para sua própria paz de espírito.
Com a mente tranquila, mas cheia de dúvidas, ela respirou fundo, sabendo que o próximo passo dependeria do que ela acreditava ser o melhor para si mesma. O convite para a viagem era um lembrete de que, no fim, ela precisava se perguntar: o que realmente a faria feliz agora?
E, talvez, essa fosse a pergunta que ela deveria responder primeiro.
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Atualizado até capítulo 100
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