O som da porta se fechando ecoou na casa vazia. Isabella caminhou pelos corredores de sua casa, agora sentindo que cada passo a afastava mais da vida que ela conhecera até aquele momento. A decisão estava tomada, mas o peso de tudo o que ainda estava por vir a incomodava. Ela sentia que uma nova jornada começava, mas sabia que não seria fácil. A dor da verdade, as mentiras e o amor possessivo de Ricardo estavam impregnados em cada canto da sua alma.
Ela não queria mais estar ali. A casa, que antes parecia um refúgio seguro, agora estava cheia de sombras e memórias dolorosas. Isabella olhou para os quartos que ela havia evitado, as paredes que estavam marcadas pela presença de Ricardo, e sentiu um aperto no peito. Era como se tudo tivesse se tornado uma prisão invisível. Cada objeto parecia um lembrete de sua captura, de seu controle. Mas agora, ela estava prestes a se libertar.
Enquanto isso, Ricardo permaneceu na sala, olhando para o vazio. Sua mente estava uma tempestade. Ele sabia o que havia perdido. Não apenas a confiança de Isabella, mas a chance de manter o controle sobre ela. Ele sabia que ela precisava sair, que precisava encontrar seu próprio caminho, mas aquilo o destruía. Ele não podia forçar Isabella a ficar, não mais.
Depois de um longo silêncio, Ricardo se levantou e foi até o corredor, onde Isabella estava se preparando para sair. Ele se aproximou com cautela, como se soubesse que qualquer palavra errada poderia fazer com que ela o afastasse para sempre. Ele a observou por um momento, o olhar carregado de emoções não ditas.
— Eu já te falei a verdade, Isabella — ele disse, a voz rouca, quase como se estivesse se despedindo. — Mas você não quer acreditar. Acha que pode viver sem mim, acha que pode viver livre, sem olhar para o que está ao seu redor. Eu te entendo. Mas saiba de uma coisa: nada será fácil. A liberdade que você busca tem um preço, e não vai ser como você imagina.
Isabella o encarou com firmeza, não mais a jovem assustada que ele havia resgatado, mas uma mulher determinada. A dor ainda estava lá, mas agora ela sabia o que precisava fazer. Ela não tinha mais medo.
— Eu já tomei a minha decisão, Ricardo — ela disse, com um tom calmo, mas firme. — Eu não posso mais viver nesse mundo de mentiras e controle. Eu preciso de uma vida minha, uma vida onde eu possa fazer minhas próprias escolhas, onde eu não tenha que olhar para trás e viver com o peso do que você fez por mim. Não foi você quem me salvou, foi você quem me aprisionou.
Ricardo sentiu as palavras dela como uma lâmina afiada. Ele sabia que tinha falhado, sabia que o amor dele, da forma como ele o demonstrava, estava sufocando Isabella. Mas ele também sabia que não poderia mais impedi-la.
— Eu entendo, Isabella — ele respondeu, com um suspiro pesado. — Eu sabia que isso ia acontecer, mas ainda assim, não posso deixar de me preocupar. Eu te salvei da rua, mas agora, não estarei mais aqui para te proteger. Você vai ter que enfrentar o mundo sozinha. E eu sei que isso não vai ser fácil.
Isabella olhou para ele, seus olhos ainda carregados de dor, mas com uma firmeza que ela nunca imaginou ter. Ela sabia que o caminho à frente seria solitário, cheio de dificuldades, mas também sabia que precisava seguir em frente, não por Ricardo, não por ninguém, mas por ela mesma.
— Eu sei que não vai ser fácil, Ricardo. Mas agora é a minha vez de viver. Eu sou a única que posso decidir o que fazer com minha vida, e é isso que eu vou fazer. — Ela fez uma pausa, sentindo a dor da despedida. — Eu não sei se algum dia vou te perdoar, mas não posso mais viver para você.
Ricardo ficou em silêncio por um momento, olhando nos olhos de Isabella. Ele sabia que ela estava certa. Ele havia dado tudo por ela, mas, no fim, ele a estava sufocando. E agora, ele tinha que deixá-la ir.
— Seja livre, Isabella — disse ele finalmente, com um tom mais suave, mas ainda carregado de tristeza. — Vá viver a sua vida, mas tome cuidado. Você nunca sabe o que pode encontrar no caminho. Nem sempre estarei aqui para te proteger. Mas você tem força. E talvez, um dia, você me entenda.
Isabella deu um último olhar para ele antes de sair pela porta. Não havia mais palavras a serem ditas. Ela estava pronta para enfrentar o mundo, mesmo sabendo que ele a observava de longe. Ela não olhou para trás. Ela não precisava.
Ao dar o primeiro passo para sua liberdade, Isabella sentiu o peso do passado se dissipando, mas também o medo do desconhecido. A jornada seria difícil, mas ela estava disposta a lutar por si mesma, a descobrir quem ela realmente era. E, acima de tudo, ela estava pronta para ser a dona de seu próprio destino.
Ricardo ficou ali, sozinho, vendo-a se afastar, sem poder fazer nada. Ele sabia que a havia perdido, mas também sabia que, de alguma forma, ela nunca o deixaria completamente. Ele a havia moldado, a havia resgatado, e agora, ela era livre.
A vida de Isabella estava prestes a começar, e o futuro era um campo em aberto, esperando para ser conquistado. Mas no fundo de seu coração, ela sabia que a verdadeira liberdade viria quando ela encontrasse a paz consigo mesma.
E isso, por mais difícil que fosse, ela iria conquistar.
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Atualizado até capítulo 100
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