Isabella caminhava pelas ruas vazias, seu coração pesado com o turbilhão de emoções que a invadiam. A cena no escritório de Ricardo, com ele e Claudia, parecia continuar a se repetir em sua mente, como um eco que não cessava. As palavras de Ricardo também ressoavam em seus ouvidos, tentando se fazer entender em meio a tanta confusão.
*"Eu nunca quis te magoar."*
*"Eu só queria te proteger."*
Ela ainda não sabia o que sentir. As palavras que ele havia dito quando a resgatou, a promessa de que ele sempre estaria lá para protegê-la, se chocavam contra a realidade de vê-lo com outra pessoa. Claudia... uma figura que ela não conseguia entender, mas que, naquele momento, representava tudo o que ela temia: a perda de algo que pensava ser exclusivo, uma parte da vida de Ricardo que ela não fazia ideia de que existia.
Ela andou sem rumo até encontrar um banco vazio em um parque silencioso. Sentou-se, sentindo o vento frio tocar sua pele, mas sem realmente sentir a brisa. A dor era maior. O vazio que a consumia estava além do físico, estava em sua alma.
Foi quando, no silêncio da noite, o som de uma mensagem no celular a tirou de seus pensamentos. Ela olhou para a tela e viu que era uma mensagem de Ricardo.
*“Isabella, eu sei que você está com raiva de mim, e entendo. Mas, por favor, saiba de uma coisa: Você é minha filha. Sempre será. E eu sempre vou te amar, não importa o que aconteça. Me perdoe por tudo, e se você precisar de mim, estarei aqui.”*
As palavras cortaram profundamente. *"Você é minha filha."* Ela leu e releu essa frase várias vezes, tentando entender o que ele realmente queria dizer. Ele a havia tratado como uma filha, a salvado, mas ao mesmo tempo, a fez sentir-se como uma prisioneira. E agora, essa frase, “Sempre vou te amar,” parecia um lembrete cruel de tudo o que ela não podia ter.
Ela sabia que Ricardo tinha suas próprias motivações, mas, ao mesmo tempo, não podia ignorar que ele a havia ajudado, que ele a havia resgatado. No entanto, a dúvida ainda pesava em seu peito. Era amor genuíno? Ou tudo o que ele havia feito era apenas uma forma de manter o controle sobre ela, mesmo que de maneira disfarçada de cuidado?
Ela olhou para o celular por mais alguns segundos, as palavras de Ricardo ainda ecoando em sua mente. *“Você é minha filha.”* O que isso significava para ela? Afinal, ela havia perdido a única coisa que achava ter: confiança.
Isabella suspirou, guardando o celular na bolsa. Sabia que as respostas não viriam de uma mensagem ou de um simples telefonema. Ela precisaria enfrentar sua própria verdade, entender seus sentimentos e, mais importante, decidir o que ela faria com o amor e a dor que estavam entrelaçados em sua vida.
Ela ainda tinha muito a processar, mas uma coisa estava clara: a sua jornada estava longe de terminar. Agora, ela precisava encontrar seu próprio caminho, livre das sombras que a cercavam, mas, ao mesmo tempo, consciente do vínculo que ainda existia com Ricardo, seja ele como fosse.
E, embora as palavras de Ricardo tivessem sido ditas com todo o carinho, Isabella sabia que a verdadeira liberdade viria quando ela fosse capaz de perdoar a si mesma e, talvez, a ele também.
Mas por enquanto, ela só queria se afastar de tudo e todos. Ela ainda precisava de um tempo para si, para entender onde realmente queria estar.
Isabella sentada na beira da cama, os olhos perdidos no vazio do quarto. Aquelas palavras que ecoavam em sua mente – *“Você é minha filha, e sempre vou te amar”* – pareciam um eco distante, mas que se aprofundava a cada dia. Ela não queria ser apenas a filha para Ricardo. Não mais. Ele a havia resgatado, sim, ele a havia protegido, mas algo havia mudado dentro dela.
*Por que ele não podia me ver como mulher?* Ela se questionava. *Por que Claudia, e não eu?*
O pensamento a martelava incessantemente. Claudia... ela não entendia. Não conseguia. Talvez fosse algo na maneira como ela se comportava, ou como ele a tratava. Talvez a resposta estivesse ali, diante de seus olhos, mas Isabella se recusava a vê-la. Mas a realidade se impunha de uma maneira dolorosa: ele a amava, mas não da forma que ela queria.
O que ela sentia por Ricardo era algo complexo, confuso. Ele sempre foi a figura que lhe deu segurança, a pessoa que a resgatou da escuridão, mas ao mesmo tempo, ele a tratava com uma proteção excessiva, uma barreira que, no fundo, a fazia se sentir ainda mais distante dele. E foi ali, naquela barreira, que Isabella começou a perceber que seu desejo por ele não era apenas de filha para pai, mas de mulher para homem.
Ela queria ser vista de outra forma. Queria ser desejada, não apenas cuidada. *Por que ela, Claudia?* Ela se perguntava em silêncio. *Por que ela podia se entregar, enquanto eu permaneço à sombra do papel de filha?*
Era uma dor silenciosa, que não sabia expressar, não sabia como pedir. Isabella tinha tudo para ser livre, para viver sua vida, mas a sensação de ser deixada para trás por Ricardo, de vê-lo com Claudia enquanto ela ficava ali, estática, era um golpe doloroso demais para ser ignorado.
Ela pensava no quanto ele a havia defendido, o quanto ele havia sacrificado por ela. Mas, no fundo, algo dentro dela dizia que ela merecia mais. Que ela não deveria ser apenas protegida, mas amada de uma maneira diferente. Ela queria mais do que os cuidados que ele sempre ofereceu, mais do que os limites que ele impôs.
Isabella se levantou e foi até o espelho. Olhou para o reflexo de si mesma, uma mulher que agora começava a entender o próprio corpo, seus próprios desejos. E, enquanto seus olhos percorriam seu rosto, ela sentiu uma onda de frustração. Não sabia como expressar o que sentia, como quebrar a barreira que separava ela e Ricardo.
Ela não queria mais ser apenas a menina que ele resgatou. Ela não queria mais ser apenas a filha que ele protegia. Ela queria ser a mulher que ele desejava.
O que ela faria com esses sentimentos? Ela não sabia ainda. Talvez fosse hora de deixar de ser a menina e passar a ser a mulher que ele nunca olhou com outros olhos. Isabella sabia que sua vida estava em uma encruzilhada, e, de alguma forma, ela sabia que precisava tomar uma decisão.
Mas seria isso possível? Poderia ela, de alguma forma, deixar para trás o papel de filha e assumir o de mulher aos olhos de Ricardo?
Era uma pergunta que, no fundo, ela não tinha coragem de responder.
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Atualizado até capítulo 100
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