O relógio na parede marcava as três da manhã, mas Isabella ainda estava acordada, imersa em seus pensamentos. O diário de sua mãe estava espalhado sobre a cama, suas páginas amareladas e cheias de palavras que ela não conseguia ignorar. Cada linha revelava mais do que ela imaginava. Ricardo, seu padrasto, não era apenas o empresário respeitável que ela conhecia. Ele era parte de algo muito mais perigoso. Algo que ele mantinha oculto de todos, incluindo ela.
Isabella se levantou e caminhou até a janela, observando as gotas de chuva que batiam contra o vidro. A rua estava deserta, como sua vida se sentia agora. O peso do segredo de sua mãe e as mentiras que Ricardo havia alimentado por anos pairavam sobre ela como uma nuvem escura.
Ela sabia que precisava continuar. Precisava descobrir a verdade, não importa o custo. Se sua mãe tivesse sido assassinada por saber demais, então Isabella não podia ficar parada. Ela não poderia permitir que os erros de seu passado a controlassem.
Mas a dúvida ainda a consumia. Quem mais estava envolvido? Quem mais sabia sobre os negócios de Ricardo? Isabella não poderia fazer isso sozinha. Precisava de ajuda, alguém em quem pudesse confiar.
Enquanto pensava, um som leve na porta a fez se virar.
— Isabella?
A voz de Cláudia, a empregada da casa, cortou o silêncio. Isabella foi até a porta e a abriu, surpreendida com a presença dela a essa hora.
— Cláudia, o que está fazendo aqui?
Cláudia olhou para os lados, certificando-se de que ninguém estava por perto antes de entrar.
— Eu… preciso falar com você, antes que seja tarde demais.
Isabella franziu a testa, desconfiada. Cláudia sempre fora amigável, mas parecia que agora havia algo diferente em sua atitude.
— O que você sabe? — Isabella perguntou, a voz firme.
Cláudia hesitou por um momento, claramente lutando contra algo dentro dela. Mas finalmente, com um suspiro profundo, falou:
— Eu sabia da sua mãe, Isabella. Sabia do medo dela. Mas também sabia do que ela descobriu.
O coração de Isabella deu um salto.
— O que ela descobriu? — ela perguntou, quase sem respirar.
Cláudia olhou ao redor novamente, nervosa.
— Sua mãe… ela soube que Ricardo estava envolvido em algo mais do que apenas negócios. Mais do que você imagina. Mas o que ele fazia não era só sujo… era perigoso. Ele estava ligado a pessoas de fora da cidade. Gente que fazia coisas que não podemos nem imaginar.
Isabella ficou em silêncio, absorvendo as palavras de Cláudia. As peças começaram a se encaixar, mas havia uma sensação ainda mais assustadora no ar.
— Eu não sei mais do que isso, Isabella. Mas a sua mãe estava começando a investigar sozinha. Eu acho que ela estava prestes a descobrir tudo. Aí, ela… bem, você sabe o que aconteceu.
O estômago de Isabella se revirou. As palavras de Cláudia apenas confirmavam o que ela temia. Ricardo não estava apenas escondendo algo, ele estava profundamente envolvido em uma rede criminosa, e sua mãe estava prestes a expor tudo.
— Onde ele está agora? — Isabella perguntou, os olhos fixos em Cláudia.
Cláudia parecia hesitar, antes de olhar para a porta e responder em voz baixa:
— Ele saiu, há algumas horas. Acho que vai encontrar com alguém. Sei onde ele vai.
Isabella não teve tempo para processar completamente a informação. A urgência em suas veias a impulsionou. Ela não tinha mais tempo para esperar.
— Eu preciso ir até lá. Agora.
Cláudia tentou impedí-la, colocando as mãos em seus ombros.
— Não, Isabella, você não pode. Não sabe o que está fazendo. Se ele descobrir que você sabe o que ele está escondendo, ele vai fazer o pior.
Mas Isabella não se importava. Ela já havia tomado sua decisão. A verdade estava à sua frente, e ela não poderia mais fugir dela.
— Eu não vou mais viver na ignorância, Cláudia. A minha mãe morreu por causa disso. Eu preciso saber o que ele fez.
Com um último olhar desesperado, Cláudia cedeu.
— Então vá, mas seja cuidadosa. Você está brincando com fogo.
Isabella pegou sua jaqueta e saiu pela porta, sentindo o ar frio da noite batendo contra seu rosto. Sua mente estava um turbilhão, mas ela sabia onde tinha que ir. Cada passo a levava mais perto da verdade, mais perto de tudo o que ela nunca soubera sobre sua mãe, sobre Ricardo e sobre o homem que ela acreditava conhecer.
Ela seguiu pela rua deserta, as sombras da noite a envolviam. O silêncio era ensurdecedor, mas dentro de si, Isabella ouvia apenas o som de seu próprio coração batendo forte, marcando o ritmo da sua jornada em busca da verdade.
Finalmente, ela chegou ao local indicado por Cláudia — uma velha casa no fim da rua, afastada de tudo. Uma casa que, à primeira vista, parecia abandonada, mas que ela sabia agora, era o centro de tudo o que sua mãe temia.
Isabella parou diante da porta, hesitou por um momento e então, sem olhar para trás, empurrou-a.
Dentro, a escuridão a envolveu. Ela não sabia o que iria encontrar ali, mas a verdade estava prestes a ser revelada.
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Atualizado até capítulo 100
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