O vento suave balançava as folhas ao redor, criando uma melodia tranquila e quase onírica, mas para Ayla, o silêncio entre ela e Jake parecia ensurdecedor. Ela sentia cada respiração pesada, o peso de cada palavra não dita. Jake estava ali, diante dela, vulnerável, com os olhos profundos, mas havia algo em sua expressão que a deixava dividida. Ele ainda era o homem que a fez amar, mas também o homem que a destruiu. O nó em seu peito se apertou mais.
Ayla fechou os olhos por um momento, tentando se acalmar. O que ela sentia agora não podia ser descrito como apenas raiva ou dor. Era uma mistura de tudo — saudade, rancor, amor e medo. Ela queria gritar, queria deixar toda a dor que ele causara escapar, mas ela sabia que não poderia. Não agora.
— Por que você está aqui, Jake? — sua voz saiu como um sussurro, quase perdida no vento. — Por que agora, depois de tanto tempo? Depois de tudo o que você fez?
Jake deu um passo à frente, mas parou ao perceber o olhar desconfiado de Ayla. Ele queria se aproximar, queria tocar suas mãos e implorar por uma chance, mas ele sabia que tudo o que ele poderia fazer agora era falar a verdade.
— Eu... — Ele engoliu em seco, as palavras pesadas, como se cada uma delas fosse um peso extra no seu coração. — Eu estava com medo, Ayla. Com medo de perder o controle da minha vida, de perder você... E quando percebi que já tinha perdido tudo, foi tarde demais.
Ayla sentiu um estalo de dor atravessar seu peito. Ela olhou para ele, procurando a sinceridade em seus olhos, mas o que encontrou foi um homem quebrado, alguém que também carregava as cicatrizes de suas escolhas.
— Você foi embora sem avisar. Eu precisei aprender a viver sem você, Jake. Eu precisei aprender a respirar, a seguir em frente. — As palavras saíam com dificuldade, como se cada uma delas fosse uma espada em seu coração. — E agora você volta, depois de tudo... Depois de eu ter reconstruído minha vida... O que eu faço com isso? O que eu faço com você?
Jake ficou em silêncio por um longo momento, os olhos marejados. Ele queria ser forte, queria ser o homem que ela merecia, mas não sabia como. Tudo o que ele sabia era que não podia perder Ayla de novo.
— Eu nunca te esqueci, Ayla. Cada dia longe de você foi um tormento. Eu me arrependo profundamente de ter deixado você passar por tudo aquilo sozinha. Eu não mereço uma chance, eu sei disso, mas... me deixe tentar, por favor. Me deixe te provar que posso ser diferente.
Ayla sentiu uma onda de emoção a engolir. A dor, a raiva, o amor... tudo se misturava dentro dela. Ela queria gritar, queria correr, mas não podia. Algo nela sabia que Jake, apesar de tudo, ainda fazia parte de sua história, e talvez ele ainda tivesse um papel no futuro dela.
— E o que você espera de mim? — Ayla perguntou, a voz quase quebrando. — Eu... eu não sou mais a mesma. Você me fez forte, mas também me fez perder parte de mim mesma. Eu estou grávida, Jake. Não sou só eu que você tem que conquistar agora. Existe uma vida que depende de mim.
Jake estremeceu ao ouvir aquelas palavras. Ele olhou para a barriga de Ayla, e pela primeira vez, viu a vida que ela carregava consigo. O medo se apoderou dele. Como ele poderia ser o homem que ela e o bebê precisavam? Como ele poderia reverter todo o mal que causou?
Ayla sentiu a tensão no ar. Ela sentia a luta interna dele, sabia que ele não sabia como começar a corrigir os erros do passado. Mas havia algo em seu olhar, algo que ela não conseguia explicar, que a fazia acreditar que ele queria realmente tentar.
— Eu sei que não posso apagar o que aconteceu entre nós — Jake disse, com a voz quebrando. — Mas por você e por esse bebê, eu vou tentar. Vou fazer tudo o que eu puder para ser a pessoa que você e essa criança merecem. Me deixe provar, Ayla. Me deixe tentar ser o homem que você sempre quis.
As palavras de Jake tocaram o fundo do coração de Ayla. Ela o observava, procurando algum vestígio de confiança, alguma coisa que lhe dissesse que ele estava sendo sincero. Ela queria acreditar nele. Ela queria mais do que qualquer coisa poder fechar os olhos para o passado e se jogar no futuro ao lado dele, mas ela sabia que não seria tão fácil.
Ela sentiu uma dor profunda, mas também uma esperança frágil nascer dentro de si. A esperança de que as coisas poderiam mudar. A esperança de que eles poderiam reconstruir o que foi quebrado. Mas, ao mesmo tempo, o medo de se machucar novamente.
Ayla respirou fundo, suas mãos se apertando sobre a barriga, o coração batendo forte.
— Eu não sei, Jake... — Ela murmurou. — Não sei se posso confiar em você novamente. Eu preciso de tempo. Eu preciso entender o que realmente quero. Não posso tomar decisões precipitadas.
Jake olhou para ela, com o rosto marcado pela dor, mas também com uma determinação silenciosa. Ele sabia que não poderia apressar as coisas. Tudo o que ele queria agora era uma chance.
— Eu vou esperar o tempo que você precisar, Ayla. Eu não vou mais te forçar. Eu só preciso de uma chance para mostrar que posso ser melhor para você e para esse bebê. Eu vou estar aqui. Sempre.
O silêncio se estendeu entre eles, mas desta vez, não era desconfortável. Era a sensação de que, talvez, ambos estivessem prontos para seguir em frente. Ayla sabia que o caminho seria longo e difícil, mas algo dentro dela acreditava que, com o tempo, a ferida poderia cicatrizar.
Enquanto eles se olhavam, Ayla sentiu uma onda de emoção que não conseguia controlar. As lágrimas brotaram de seus olhos, mas ela as manteve sob controle. Não era hora de chorar, não ainda. Mas, pela primeira vez, ela sentiu que havia uma possibilidade, uma faísca de esperança.
— Eu não sei o que o futuro nos reserva, Jake. Mas talvez... talvez seja hora de recomeçar.
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Atualizado até capítulo 31
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