a dor não tinha fim

O peso da solidão tomou conta de Ayla como um véu escuro e pesado. Depois da separação, ela se viu perdida em um mar de pensamentos desconexos, sem saber como voltar a se encontrar. A dor que ela carregava em seu peito era insuportável, como se o vazio estivesse consumindo cada pedaço de sua alma.

As noites eram as piores. Ela não conseguia mais dormir sem sentir o aperto em sua garganta, sem a sensação de estar prestes a afundar em um abismo profundo e sem fim. A saudade de Jake, as palavras não ditas, o silêncio pesado entre eles a fazia se sentir como se fosse uma pessoa completamente diferente. Aquele vazio parecia se expandir a cada dia.

Ela se trancou em seu quarto, olhando fixamente para o teto, sem saber o que fazer. O telefone não tocava mais. Seus amigos estavam ocupados com suas próprias vidas, e ela se viu completamente sozinha. Aquela sensação de desamparo tomou proporções que ela nunca imaginou serem possíveis.

— Eu não aguento mais… — murmurou para si mesma, enquanto as lágrimas escorriam de seus olhos sem parar.

Aquela era a verdade nua e crua: ela não sabia mais como continuar. A dor da separação com Jake, a sensação de estar quebrada, sem rumo, parecia ser mais do que ela poderia suportar. Cada segundo era uma batalha interna, e ela não sabia mais como lutar.

Ayla sentia-se sufocada, como se estivesse afundando em um mar de desesperança. Cada respiração parecia ser mais difícil que a anterior, como se o ar ao seu redor fosse denso e impossível de respirar. Ela olhou ao redor, procurando algo que pudesse ajudá-la a escapar daquela dor insuportável.

Foi então que ela viu o frasco de comprimidos na mesa de cabeceira. Era uma solução tentadora. Aquele frasco parecia uma chave, uma saída para a dor que a consumia. Seus olhos fixaram-se nele por um longo momento. Ela sabia que tomar aqueles comprimidos seria o fim, o fim de tudo o que ela estava vivendo. Mas, ao mesmo tempo, parecia ser a única forma de acabar com o vazio, com o peso que a sufocava.

Ayla não queria morrer, não realmente. Mas ela não sabia mais como viver. A dor era mais forte do que qualquer razão que ainda pudesse existir dentro dela. Ela pegou o frasco, seu corpo tremendo, e o abriu lentamente. O barulho das cápsulas dentro do vidro parecia um eco distante. Seu coração batia com força, cada batida um lembrete do quanto ela estava perdida.

Foi quando, no último momento, algo dentro dela se quebrou. Ela olhou para os comprimidos, e em vez de continuar com o que estava prestes a fazer, algo a deteve. Uma sensação de vazio e solidão tomou conta de sua mente, mas, em meio a tudo isso, uma pequena centelha de racionalidade se acendeu.

— Não… — sussurrou, com a voz rouca. — Eu não posso fazer isso. Eu sou mais forte que isso. Eu tenho que ser.

As lágrimas caíram em uma torrente, mas dessa vez, havia uma leveza no seu choro. Ela largou o frasco de comprimidos, sentindo um alívio estranho, mas ainda assim pesado. Ela não sabia o que seria de sua vida, mas, por algum motivo, aquela simples escolha de não seguir adiante com a tentativa de suicídio foi o primeiro passo para um recomeço, por mais doloroso que fosse.

Ayla caiu de joelhos no chão, seu corpo estremeceu de tanto chorar. Ela não sabia o que o futuro lhe reservava, mas naquele momento, ela fez uma escolha: ela não se entregaria completamente ao abismo. Ela não sabia como, mas a vida ainda tinha algo para ela.

Ela não estava sozinha, mesmo que não soubesse disso naquele instante.

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