Ayla acordou de madrugada com um peso estranho no peito. O silêncio ao seu redor era profundo, mas havia algo mais, algo que a fazia sentir uma tensão crescente. Ela virou-se na cama, os dedos tocando a barriga levemente arredondada. A gravidez tinha sido uma montanha-russa de emoções, e embora os dias ao lado de Jake estivessem começando a se desenhar com uma certa normalidade, algo dentro dela ainda não se sentia certo. A conexão com seu bebê parecia forte, mas havia algo peculiar sobre isso que ela não conseguia entender.
O que ela estava carregando dentro de si não era simplesmente uma criança humana.
Jake não sabia disso. Ninguém sabia. Ela nunca teve coragem de contar. Mas, com o tempo, Ayla começou a perceber sinais que a fizeram questionar tudo. Seu corpo reagia de maneiras estranhas. Ela sentia picos de energia incomuns, como se algo se despertasse dentro dela. E, nas noites mais silenciosas, ela sentia o bebê se mover de uma forma que a fazia ter pesadelos.
Naquelas últimas semanas, ela havia experimentado uma sensação estranha, quase sobrenatural. Seus sentidos estavam mais aguçados, ela sentia o cheiro das coisas com mais clareza, ouvia sons distantes e até percebia detalhes em cada ambiente de uma forma mais intensa. Mas o mais perturbador de tudo era o toque do bebê. Ele se movia de maneira que não era natural. Não era um simples chute ou soco de um bebê em formação; havia uma força. Algo mais, algo... diferente.
Naquela manhã, ao tomar banho, Ayla olhou no espelho e notou um brilho peculiar em seus olhos. Seus olhos, que antes eram um verde suave, agora estavam mais intensos, mais penetrantes. Ela piscou várias vezes, tentando entender o que estava acontecendo. Mas nada fazia sentido.
Então, em um momento de desespero, ela decidiu fazer algo que temia fazer há semanas: procurou um especialista. Um médico que sabia de seu histórico e de seu dom, alguém em quem ela confiava, mas que nunca imaginaria ser o único capaz de lhe dar respostas. Ela o encontrou em um consultório discreto, longe dos olhares curiosos.
— Dra. Helena, eu preciso de sua ajuda. Eu... sinto que há algo errado com a minha gravidez. — Ayla sentou-se na cadeira, com as mãos tremendo. A Dra. Helena, uma mulher de olhos perspicazes e uma aura calma, olhou para ela com empatia.
— O que você está sentindo, Ayla? — Dra. Helena perguntou, sem pressa. Ela sempre sabia que Ayla carregava algo mais, algo além do que ela parecia ser.
Ayla hesitou, respirando fundo.
— Meu corpo... não é mais o mesmo. E meu bebê... ele se mexe de uma forma que me assusta. É como se ele não fosse... completamente humano. Sinto que algo está errado, que há algo dentro de mim que eu não posso controlar.
A Dra. Helena olhou para ela por um momento, como se pesasse cada palavra.
— Eu sempre soube que você tinha algo especial, Ayla. Mas nunca imaginei que isso se estendesse à sua gravidez. — A médica fez uma pausa e, com um olhar sério, disse: — Você está carregando algo... diferente. Não é um bebê humano comum. Você está gestando um híbrido.
Ayla sentiu seu coração acelerar. As palavras da Dra. Helena pareciam um soco no estômago. Um híbrido? Como isso era possível? Ela não conseguia entender.
— Híbrido? O que você quer dizer com isso? — Ayla perguntou, sua voz trêmula.
Dra. Helena suspirou e se levantou para pegar uma pequena caixa de exames. Ela a abriu e mostrou a Ayla algumas imagens. Eram ultrassons, mas com algo peculiar. A imagem do bebê era distinta, suas energias, seus sinais vitais, não correspondiam a um bebê humano comum.
— Ayla, seu bebê... ele é o produto de uma fusão de linhagens. Algo além de um simples ser humano. Ele tem a capacidade de manipular energias, como você. E suas habilidades são muito mais avançadas. Ele... ele pode ser uma ameaça, dependendo de como o ambiente o afetar.
Ayla ficou em choque. As palavras da Dra. Helena a deixaram paralisada. Ela olhou para as imagens, tentando compreender o que aquilo significava para sua vida, para o futuro do bebê e para o que ela ainda não entendia. Um híbrido? Não sabia se isso era uma maldição ou uma bênção.
— Mas, como isso é possível? — Ayla perguntou, a mente girando. Ela olhou para a médica, esperando uma explicação.
— Há uma linhagem antiga que mistura seres humanos e criaturas com habilidades especiais. E você, Ayla, faz parte dessa linhagem. Isso não foi acidental. Seu dom de cura, sua conexão com as energias... tudo isso é parte de algo maior. E agora, seu bebê... ele será mais do que qualquer coisa que você possa imaginar.
O silêncio pairou entre elas. Ayla sentia o peso da informação, o medo apertando seu peito. Ela sabia que não poderia voltar atrás, mas a ideia de carregar uma criança que não era completamente humana mexia com todas as suas crenças, suas expectativas. Ela se sentia perdida.
— O que eu faço agora? — Ayla perguntou, a voz cheia de angústia.
Dra. Helena olhou para ela com compaixão.
— Você tem que proteger essa criança, Ayla. O mundo não está preparado para isso. E eu temo que, se você não for cuidadosa, poderá colocar todos ao seu redor em perigo. Esse bebê tem poderes além do que você consegue entender. Ele é uma mistura de dois mundos, e o que ele se tornará depende de como você o guia.
Ayla fechou os olhos, tentando processar a verdade que agora estava diante dela. Ela sentia a responsabilidade e o medo a esmagando, mas havia uma coisa que não conseguia ignorar: o amor que sentia por aquele bebê, fosse ele o que fosse. Ela não sabia o que o futuro reservava, mas uma coisa era certa: faria tudo ao seu alcance para protegê-lo, para protegê-los.
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Atualizado até capítulo 31
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