Seis meses se passaram desde o dia em que Ayla descobriu que estava grávida. Seis meses de escolhas difíceis, de noites insones e dias que passavam como uma névoa densa. A gravidez, embora inesperada, tornou-se o centro de sua vida. Ayla se afastou de muitas pessoas, inclusive de Lilly e dos amigos que ela havia feito, focando apenas em si mesma e no pequeno ser que crescia dentro de sua barriga.
Ela ainda sentia a ausência de Jake como uma ferida aberta. A separação tinha sido brutal, sem palavras de despedida, sem explicações, apenas a dor e o silêncio. Ela sabia que a situação entre eles estava irremediavelmente quebrada, mas agora, com a gravidez, a dor parecia ainda mais insuportável. O que ela faria se o visse novamente? Como ela reagiria? Ela se perguntava constantemente sobre o que aconteceria se o destino os reunisse de novo.
No entanto, Ayla estava mais forte agora. Ela sabia que precisava seguir em frente. O bebê era sua prioridade, e ela aprendera a cuidar de si mesma de uma maneira que nunca imaginara ser capaz. Mas, como tudo na vida, o destino tinha seus próprios planos, e Ayla logo descobriu que não podia escapar do passado.
Era uma tarde de domingo, e Ayla estava no parque, caminhando lentamente, com as mãos sobre a barriga, aproveitando o frescor do ar. Ela sempre gostou de caminhar lá, no silêncio do verde, onde podia apenas respirar e pensar. A brisa suave acariciava seu rosto, e ela sentia a conexão com a vida ao seu redor.
Foi então que ela o viu.
Jake estava parado a alguns metros, olhando para ela com um olhar distante, quase perdido. Ayla parou imediatamente, o coração batendo mais rápido em seu peito. A visão dele a fez reviver todos os sentimentos que ela tinha tentado enterrar nos últimos meses. A raiva, a dor, o amor não correspondido — tudo veio à tona como uma onda avassaladora.
Jake, por outro lado, parecia hesitante. Seus olhos encontraram os dela, e por um momento, ambos ficaram em silêncio. A distância entre eles parecia imensa, como se o tempo e as palavras que nunca foram ditas tivessem construído um muro invisível. Mas, no fundo, ambos sabiam que não podiam continuar ignorando o que havia acontecido entre eles.
Ayla tentou engolir a ansiedade e dar um passo em direção a ele, mas as palavras pareciam presas na garganta. Jake foi o primeiro a quebrar o silêncio.
— Ayla... — Ele disse seu nome com uma voz rouca, carregada de uma emoção que ela não soubera identificar.
Ayla não respondeu de imediato. Ela sentiu o medo e o desejo misturados em seu peito. Olhou para ele, e pela primeira vez, viu a dor refletida em seus olhos. Ele parecia perdido, com os cabelos mais curtos e o semblante mais maduro, mas os traços de sua dor estavam lá, bem visíveis.
— Jake... — ela finalmente falou, a voz baixa, mas firme. — O que você está fazendo aqui?
Ele hesitou antes de responder, como se as palavras o traíssem, mas então ele disse, com uma sinceridade que a tocou profundamente:
— Eu... eu não podia mais ficar longe. Preciso ver você. Eu sei que fiz tudo errado, e eu nunca deveria ter te deixado daquela maneira... Mas eu não sabia o que fazer. Não sabia como lidar com o que aconteceu entre nós.
Ayla sentiu um nó se formar na garganta, mas se forçou a manter a calma. Ele estava ali, diante dela, com a alma nua, mas isso não significava que ela poderia simplesmente abrir os braços e perdoar tudo. O tempo e a dor que ele causara em sua vida não podiam ser apagados com palavras.
— Você me deixou, Jake. Você desapareceu. Não deu explicações, não se importou com o que aconteceu comigo... — Ayla disse, a voz falhando no final, como se ela estivesse brigando com suas próprias emoções. — Você tem ideia de como isso me destruiu? De como eu precisei seguir em frente sozinha?
Ele deu um passo à frente, mas ela levantou a mão, impedindo-o de se aproximar mais.
— Não... — ela disse, respirando fundo. — Não agora. Não sei se algum dia poderei te perdoar. Você me fez sofrer demais.
Jake fechou os olhos por um momento, como se sentisse o peso das palavras dela, e quando os abriu, havia algo diferente em seu olhar. Ele estava mais vulnerável do que ela jamais imaginara.
— Eu sei que não mereço seu perdão. Sei que fui egoísta e idiota. Mas, por favor, me deixe tentar. Me deixe mostrar que eu posso ser a pessoa que você precisa. Eu sinto muito, Ayla. Eu... Eu sinto tanto por ter te deixado.
Ayla engoliu o nó que se formara em sua garganta. O peso das palavras dele estava machucando, mas algo dentro dela ainda queria acreditar que ele estava sendo sincero. Ela não sabia o que fazer com isso, mas sentia que algo estava mudando.
De repente, uma sensação inesperada invadiu seu coração. Ela tocou sua barriga, sentindo a vida que se formava ali. Ela não podia deixar tudo para trás, ela sabia disso. Mas também sabia que Jake, de alguma forma, fazia parte de sua história. E talvez fosse hora de dar o primeiro passo para entender o que o futuro reservava para eles.
— Eu não sei se posso confiar em você novamente, Jake... — Ayla disse, com a voz cheia de emoção. — Mas, por favor, não me peça para esquecer o que aconteceu. Eu não sou mais a mesma pessoa.
Jake, com o olhar pesado, deu um passo atrás e olhou para ela com uma mistura de tristeza e esperança.
— Eu não espero que seja fácil, Ayla. Mas, por favor, deixe-me tentar.
Ayla fechou os olhos por um momento, tentando processar tudo o que estava acontecendo. Ela não sabia o que o futuro reservava, mas uma coisa estava clara: Jake ainda fazia parte de sua vida de alguma forma. O que viria depois, ela não sabia. Mas, talvez, agora fosse o momento de começar a reescrever sua história.
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Atualizado até capítulo 31
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