A festa terminou mais tarde do que Ayla esperava, e ela retornou para sua casa com a mente turbulenta. As palavras de Jake ainda ecoavam em sua mente: "Eu vou descobrir." Havia algo naquela frase que a inquietava, como se ele soubesse de algo que ela própria ainda não entendia completamente.
Na manhã seguinte, Ayla acordou com uma sensação estranha. Algo estava no ar, algo que ela não conseguia identificar, mas que sentia profundamente em cada poro de sua pele. Ela se levantou, tentando afastar a sensação de desconforto, e se dirigiu até a janela. O céu estava nublado, as nuvens se moviam lentamente, como se estivessem envoltas em um ritmo pesado, carregado de presságio.
No trabalho, Ayla tentou se concentrar, mas o olhar de Jake a perseguia. Toda vez que ele entrava na sala, ela sentia a tensão no ar. Ele não falava diretamente com ela, mas sua presença a afetava de uma maneira que ninguém mais conseguia. Ele parecia saber que havia algo mais por trás do sorriso tranquilo que ela forçava. Algo mais profundo.
Enquanto Ayla limpava as mesas, Lilly se aproximou com um sorriso travesso.
— Você está sumida hoje, hein? Eu te vi com o Jake ontem, não foi? — Ela olhou de lado, como se esperasse uma resposta.
Ayla, incomodada, apenas deu de ombros.
— Foi só uma conversa.
Lilly riu e se inclinou para sussurrar.
— Não minta para mim. Eu vi como ele te olhou. Aquele olhar... Ele nunca desvia o olhar de uma mulher que não tenha algo interessante.
Ayla ficou em silêncio, um calafrio subindo pela espinha. Aquele olhar... Ela nunca poderia esquecer. Era como se Jake soubesse de algo que ela não conseguia controlar. Algo que ele queria descobrir.
— Cuidado com ele, Ayla — disse Lilly, com uma expressão que Ayla não conseguiu decifrar. — Jake pode ser... perigoso.
Ayla forçou uma risada, tentando afastar a preocupação que começava a se instalar.
— Eu sou grande o suficiente para me proteger.
Mas dentro de si, ela sabia que não estava tão certa assim.
Quando o turno terminou, Ayla estava exausta, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Ela tentou seguir para casa, mas seus pés a levaram, inconscientemente, para um caminho diferente. Ela sentia uma atração estranha pela rua escura que ficava atrás do café, um local que ela raramente passava. O ar estava pesado e a atmosfera parecia densa, como se algo estivesse esperando ali. Quando virou a esquina, deu de cara com Jake.
— Eu sabia que você viria. — Ele disse, com um sorriso sutil, quase predatório.
Ayla parou de imediato, o coração batendo acelerado.
— O que você quer de mim, Jake?
Ele deu um passo à frente, e ela sentiu uma eletricidade percorrer seu corpo. Era como se ele estivesse se alimentando da sua hesitação.
— Eu só quero entender você, Ayla. — Sua voz estava baixa, quase um sussurro. — Eu posso te ajudar a entender o que você realmente é.
Ayla o encarou, seu corpo tremendo com a intensidade de suas palavras. Ele estava tão perto agora que podia sentir o calor dele em sua pele.
— Eu não preciso de ajuda. — Ela disse, sua voz falhando.
Jake sorriu, um sorriso que fez seus olhos brilharem com uma intensidade que Ayla não pôde ignorar.
— Você não entende... — Ele se aproximou mais, e Ayla deu um passo atrás, mas não foi o suficiente para afastá-lo. — Eu já sei o que você é, Ayla. Você não precisa esconder mais.
Ayla sentiu uma onda de medo percorrê-la. Ele sabia. Ele sabia o que ela era. Mas como?
— Você é uma curandeira, não é? — Ele disse, com a voz mais grave agora. — E eu sei que há muito mais dentro de você do que você está disposta a admitir.
O medo se misturou com a raiva, e Ayla finalmente deu um passo à frente, encarando-o nos olhos.
— Você não sabe de nada sobre mim. — Ela disse, a voz firme, mas seu corpo tremia.
Jake deu um pequeno riso, como se estivesse se divertindo com a reação dela.
— Ah, mas eu sei. E vou te fazer entender também. — Ele se aproximou ainda mais, os olhos brilhando com algo quase animalesco. — Você vai aprender que não pode escapar de quem você realmente é.
Ayla estava paralisada pela intensidade de seu olhar. Antes que ela pudesse reagir, Jake tocou suavemente seu pulso, e algo estranho aconteceu. Uma sensação elétrica percorreu seu corpo, e ela sentiu como se sua energia estivesse sendo drenada.
Ela tentou se afastar, mas o toque dele a mantinha presa. O ar ficou denso, e uma sensação de vazio a envolveu, como se ela estivesse sendo puxada para um lugar onde não queria ir.
Jake sorriu, satisfeito com a reação dela.
— Isso é só o começo, Ayla. Você vai aprender o que é realmente ser tocada pela escuridão.
Com essas palavras, ele a soltou e se afastou lentamente, deixando Ayla em um estado de confusão e medo.
Ela ficou ali, no meio da rua escura, sentindo o peso de suas palavras, tentando entender o que havia acabado de acontecer. O que Jake realmente queria dela? E, mais importante, o que ele sabia?
A resposta estava mais perto do que ela imaginava, mas, para encontrá-la, ela teria que se aprofundar na escuridão de seu próprio poder.
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Atualizado até capítulo 31
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