Ayla estava exausta. A briga entre Jake e Taylon ainda ecoava em sua mente, e a tensão que tomava conta de seu corpo não parecia querer ir embora. Ela mal conseguiu dormir naquela noite. O café estava tranquilo na manhã seguinte, mas ela não conseguia afastar a sensação de que algo estava prestes a acontecer. Algo que mudaria tudo.
No meio da manhã, enquanto Ayla estava na pequena cozinha do Café Rainbow, arrumando os utensílios, seu celular vibrou no bolso. Era uma mensagem de sua mãe. Ela franziu a testa, estranhando a urgência de um simples texto.
"Filha, precisamos conversar. Algo aconteceu."
Ayla sentiu um aperto no peito. Ela sabia que as coisas nunca estavam bem em sua família, mas sempre acreditou que sua mãe estava apenas sendo dramática. Ela tinha se acostumado com essas mensagens de alerta. No entanto, algo naquelas palavras a deixou inquieta. Decidiu ligar, mesmo com o receio que se formava em seu estômago.
Atendeu ao telefone e antes que pudesse dizer qualquer coisa, a voz de sua mãe, tensa e preocupada, cortou o silêncio.
— Ayla, você precisa voltar para casa. É sobre seu pai.
Seu pai? Ayla nunca teve uma boa relação com ele. Desde que ela era criança, ele sempre esteve ausente, preferindo seu trabalho e seus próprios problemas em vez de cuidar da família. Quando ela se mudou para a cidade para estudar, a relação com seu pai se tornou ainda mais distante. Mas ouvir sua mãe tão aflita, falando sobre ele, a fez sentir uma pontada de preocupação.
— O que aconteceu, mãe? Ele... está bem?
Havia um silêncio do outro lado da linha, e Ayla sentiu o coração acelerar. Sua mãe suspirou antes de falar novamente, sua voz quase quebrando.
— Ele... não está bem. Ele está no hospital, Ayla. A situação é grave.
Ayla ficou paralisada por um momento, o peso da notícia caindo sobre ela como um peso esmagador. Ela nunca pensou que chegaria a esse ponto, que a vida de seu pai seria a razão de sua volta àquela cidade da qual ela tentava se afastar. Seu corpo tremia, e a única coisa que conseguiu dizer foi:
— Eu... eu vou para lá agora.
Ela desligou a ligação sem pensar. Seus olhos estavam borrados pela mistura de confusão e ansiedade. Com o coração acelerado e um nó na garganta, Ayla se despediu rapidamente de Lilly, que estava no café naquele momento, sem conseguir dar muitos detalhes.
Ela pegou um táxi até a estação de trem mais próxima e, no caminho, as ruas da cidade pareciam mais sombrias do que nunca. Não sabia o que esperar. Seu pai nunca foi um exemplo de presença na vida dela, mas ela não conseguia evitar a sensação de que algo profundo estava prestes a ser revelado. Algo que ela não estava pronta para enfrentar.
Quando Ayla chegou à cidade onde cresceu, tudo parecia o mesmo, mas ao mesmo tempo, completamente diferente. A casa de sua mãe estava silenciosa, e ela sentiu um frio na espinha ao entrar. Sua mãe estava na sala, visivelmente abatida, os olhos vermelhos de tanto chorar.
— Mãe... — Ayla disse, se aproximando dela com um passo hesitante.
Sua mãe olhou para ela, os olhos cheios de dor e desespero. Ela se levantou lentamente, como se o peso da notícia que estava prestes a dar fosse demais para carregar.
— Ayla... — Ela começou, a voz fraca. — Eu... Eu preciso te contar algo. Algo sobre seu pai... que você nunca soube.
Ayla se sentou ao lado dela, sentindo uma sensação de angústia crescente. Ela não sabia o que esperar, mas o que sua mãe disse a seguir a pegou completamente de surpresa.
— Seu pai... não era quem você pensava que ele era. Ele tinha um segredo, algo que nunca contou para ninguém. — Ela fez uma pausa, como se estivesse tentando reunir forças para continuar. — Ayla, seu pai estava envolvido em algo muito perigoso, algo que tem a ver com você. Ele sabia do seu dom.
Ayla olhou para sua mãe, atônita. Como ela podia saber de algo tão profundo? Ela nunca contou a ninguém sobre o seu poder. Apenas quando ele se manifestava de forma descontrolada, ela tinha medo de se expor. Ela nunca se sentiu livre para revelar seus segredos.
— O que você está dizendo? Como ele sabia? — Ayla perguntou, sua voz quase falhando. As palavras não faziam sentido.
Sua mãe baixou a cabeça, como se envergonhada de tudo o que estava prestes a revelar.
— Eu não queria te envolver, Ayla... mas seu pai... ele foi envolvido com pessoas que estavam à procura de alguém como você. Eles queriam usar seu dom. Ele fez escolhas que nos colocaram em risco. Quando você foi embora, pensei que você estivesse a salvo, mas agora... Ayla, você precisa entender que sua vida está em perigo.
O mundo ao redor de Ayla parecia desabar. Seu pai, que ela havia odiado por ser ausente, estava de alguma forma envolvido em um jogo perigoso, e agora, as consequências chegavam até ela. Ela sentiu as palavras da mãe ecoando em sua mente, mas não conseguia processar o que estava ouvindo. O peso da verdade a sufocava.
— O que eu devo fazer, mãe? — Ayla murmurou, a sensação de impotência tomando conta de seu corpo. Ela não sabia mais em quem confiar.
Sua mãe a olhou com tristeza, e foi quando ela revelou o maior segredo de todos.
— Eles sabem onde você está, Ayla. E eles não vão parar até que consigam o que querem.
Ayla sentiu a terra fugir sob seus pés. O jogo estava prestes a começar, e ela estava no centro de tudo, sem saber o que fazer ou como se proteger. O passado de seu pai, seu dom, as ameaças ao seu redor... Tudo estava entrelaçado de uma forma que ela nunca poderia ter imaginado.
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Atualizado até capítulo 31
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