Ayla não sabia se o coração dela batia acelerado por causa do medo ou da raiva. A revelação de sua mãe a havia devastado, mas uma parte dela, uma parte sombria, queria entender mais. Ela sentia como se estivesse presa em uma teia, e, mesmo querendo escapar, sabia que não poderia.
Após a conversa tensa com sua mãe, Ayla se sentou em silêncio no sofá da sala. As palavras ainda ecoavam em sua mente, formando um turbilhão de pensamentos que ela não conseguia organizar. Eles sabiam sobre ela. Sobre o seu dom. Eles estavam atrás dela.
"Quem são eles?" Ela se perguntou, mas sua mente não conseguia formar uma resposta clara. E o pior, ela não sabia nem por onde começar a buscar respostas.
O silêncio em casa era pesado. Sua mãe, visivelmente exausta, estava deitada em um canto da sala, mas Ayla não conseguia desviar o olhar. Ela estava paralisada com o medo do desconhecido.
Até que o som de uma batida na porta interrompeu seus pensamentos. Uma batida forte, quase agressiva. Ayla se levantou, o coração disparado. Ela não sabia o que esperar, mas a sensação de que algo estava errado era palpável. Sua mãe também pareceu sentir a tensão no ar.
Ayla foi até a porta com passos lentos, como se cada movimento fosse um risco. Quando abriu, deparou-se com Jake.
Ele estava ali, na porta, com o rosto sério e os olhos ardendo com algo que ela não conseguiu identificar. Não era uma expressão de raiva, nem de culpa... Era algo mais sombrio.
— Jake? — Ayla falou, a voz trêmula, tentando entender o que ele estava fazendo ali, na sua casa, depois de tudo o que aconteceu.
Jake a olhou por um momento, com um semblante fechado, e então entrou sem esperar permissão. Sua presença parecia ocupar todo o espaço da sala, como se ele tivesse o poder de dominar qualquer ambiente que pisasse.
— Onde está sua mãe? — ele perguntou, sua voz profunda e imponente.
Ayla hesitou, sentindo o ambiente se fechar ao redor dela. Ela não sabia se deveria confiar nele. Não sabia o que ele queria, mas sentia uma urgência na sua fala. Algo estava errado.
— Ela... ela está ali — Ayla apontou para o canto da sala, ainda desconfiada.
Jake seguiu seu gesto e se aproximou de sua mãe, que parecia completamente atordoada com a visita inesperada. O silêncio entre eles era tenso, quase insuportável.
— Você precisa saber de uma coisa, Ayla — disse Jake sem olhar para ela, sua voz firme e controlada. — O seu pai, ele não fez isso por escolha. Ele se envolveu com pessoas muito perigosas, mas ele não queria isso para você.
Ayla se aproximou, sem saber se acreditava nas palavras dele. "Ele não queria isso?", ela se questionava. O pai dela sempre foi um homem ausente, alguém que nunca mostrou nem um pingo de preocupação por ela. Como ele poderia estar se envolvendo com algo tão sombrio e, ao mesmo tempo, não querer envolver a filha?
— Então, o que ele queria? — Ayla não conseguiu se segurar. A raiva a dominava. — Ele queria usar o meu poder? Ele queria me entregar para essas pessoas?
Jake a olhou pela primeira vez desde que entrou. Seus olhos eram sombrios, mas havia algo em seu olhar que fazia Ayla sentir um calafrio na espinha.
— Não. Ele não queria isso. Mas as coisas não aconteceram como ele planejou. Ele estava tentando te proteger, Ayla. E é por isso que você precisa vir conosco. Eles sabem onde você está. Eles sabem o que você pode fazer. E se você não for para onde eu estou te levando, as consequências vão ser piores para você e para todos ao seu redor.
O sangue de Ayla ferveu. Não sabia se devia acreditar ou não, mas o tom de Jake soava como uma ameaça disfarçada de preocupação. Ele falava como se fosse o único capaz de proteger ela. A raiva, a frustração e o medo misturavam-se dentro dela, tornando difícil respirar.
— Eu não vou com você — Ayla respondeu, decidida, mas sua voz vacilou. — Você... você não me controla. Eu não confio em você. Não depois de tudo o que aconteceu.
Jake deu um passo em direção a ela, seus olhos tão intensos que ela sentiu como se fosse consumida por eles. Ele parecia controlar a própria aura, como se cada movimento seu fosse premeditado. Ele estava próximo, muito mais próximo do que ela gostaria, mas não se afastou.
— Você acha que tem escolha, Ayla? — a voz dele soou baixa, quase um sussurro. — Eles não vão esperar para te pegar. Eles não vão esperar até você decidir o que fazer. Se você não colaborar, eles virão atrás de você de qualquer maneira. E quando isso acontecer, não vou poder te salvar.
Ayla deu um passo para trás, seu coração batendo tão forte que parecia que poderia explodir a qualquer momento. O medo se misturava com a raiva, mas algo dentro dela a impedia de ceder.
Jake, aparentemente percebendo a hesitação, finalmente levantou as mãos em um gesto de rendição, mas sem perder a intensidade nos olhos.
— Não estou aqui para te machucar, Ayla. Eu só... estou tentando evitar algo que pode ser muito mais doloroso para todos nós. Você não entende o que está em jogo aqui.
Ayla estava dividida. O desejo de proteger a si mesma, a raiva pela manipulação que sentia, e a dor pela revelação de que seu pai tinha, de alguma forma, se envolvido nisso tudo. Não havia mais como ignorar o fato de que ela estava no centro de algo muito maior do que imaginava.
Ela olhou para Jake, seus olhos um misto de desconfiança e medo.
— Se eu for, onde você vai me levar? — Ayla perguntou, a voz quase falhando, mas cheia de um tipo de coragem que ela não sabia que possuía.
Jake finalmente olhou para ela com uma expressão que ela não conseguia decifrar, antes de responder com seriedade:
— Eu te levarei para um lugar seguro, onde você poderá aprender a controlar seu dom. Mas é a última chance que você tem de ficar a salvo.
O peso das palavras dele caiu como uma sentença. Ayla sabia que a vida dela nunca mais seria a mesma. Ela estava prestes a tomar a decisão que poderia mudar tudo — para o bem ou para o mal.
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Atualizado até capítulo 31
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