o fim do caminho

Ayla sentia o peso da decisão apertando sua garganta, cada respiração mais difícil que a anterior. A manhã seguinte ao confronto com Jake chegou, mas o alívio que ela esperava não veio. Em vez disso, uma sensação de vazio se instalou em seu peito, como se algo que ela considerava seguro estivesse se desintegrando diante de seus olhos. Ela precisava de tempo, espaço, mas, ao mesmo tempo, sentia o que mais temia: a separação iminente.

Os dias seguintes foram difíceis, carregados de incertezas e perguntas sem resposta. Jake respeitou seu desejo de distância, mas a ausência dele era como uma sombra constante que se estendia sobre ela. Eles se viam no trabalho, nos corredores, mas havia uma barreira invisível entre eles, um silêncio carregado de palavras não ditas.

Naquela tarde, Ayla estava em casa, olhando pela janela, quando o som da campainha a tirou de seus pensamentos. Seu coração acelerou sem motivo, mas ela sabia o que significava. Não havia mais como fugir. Jake estava ali.

Ela abriu a porta, e ao vê-lo, uma mistura de emoções tomou conta de seu corpo. Ele estava ali, como sempre, com seu olhar intenso, mas com algo de quebrado nele, algo que não estava ali antes. O homem que ela conhecera, forte e confiante, parecia agora vulnerável, como se estivesse carregando um peso insuportável.

— Ayla, precisamos conversar — ele disse, a voz baixa, mas cheia de urgência.

Ela hesitou por um momento, sentindo as palavras que estavam presas em sua garganta, mas finalmente se afastou para deixá-lo entrar. Não havia mais como escapar da conversa que se impunha entre eles.

Jake entrou, seus passos lentos, como se cada movimento fosse um esforço. Eles ficaram ali, frente a frente, sem saber por onde começar. O silêncio entre eles era denso, doloroso. Ayla sentia o coração apertado, e seu olhar desviava de Jake sempre que ele tentava encontrá-lo.

— Eu... — Jake começou, mas as palavras falharam. Ele passou a mão pelo cabelo, um gesto nervoso, como se estivesse tentando reunir coragem. — Eu nunca quis te magoar, Ayla. Nunca. Mas tudo isso foi mais forte do que eu. Tudo o que você precisa saber, você já sabe. E eu sei que você não pode continuar ao meu lado carregando esse peso.

Ayla fechou os olhos, sentindo que a dor que ela tentava evitar estava prestes a explodir. Ela sabia o que ele estava tentando dizer, mas não estava preparada para ouvi-lo. Ela precisava de respostas, mas o que mais temia estava ali, bem diante dela. A separação.

— Jake, eu… — a voz de Ayla quebrou. — Eu tentei, tentei entender, mas você me deixou em um limbo. Eu não sei mais quem somos, nem o que você quer de mim. Eu só sei que não posso carregar essa dor por mais tempo.

Ele a olhou com os olhos cheios de uma dor que ela nunca imaginou que veria nele. Ela podia sentir o peso de suas palavras, mas sabia que, no fundo, ela estava fazendo a escolha certa. Não mais. Não enquanto ela tivesse que se perder para tentar manter algo que já estava rachado.

Jake deu um passo à frente, mas Ayla recuou, sentindo o impacto emocional do momento. Ele percebeu, parando de imediato. Seus olhos se estreitaram, e ele suspirou profundamente, como se tivesse perdido a única batalha que realmente importava.

— Eu entendo, Ayla. Eu sempre soube que você era forte, mas isso... isso é demais para você. Eu não posso te pedir para lutar por algo que não é justo para você. Não depois de tudo o que você passou.

Ayla sentiu a lágrima escorrendo por seu rosto antes que ela pudesse impedir. Era uma lágrima de despedida, mas também de alívio. Ela sabia que a separação entre eles não era uma derrota, mas uma escolha necessária para a cura de ambos.

— Eu não posso mais viver assim, Jake — ela disse, sua voz agora firme, apesar do coração partido. — Eu não sei o que o futuro nos reserva, mas sei que preciso me encontrar. Sozinha.

Jake ficou em silêncio por um momento, como se as palavras dela tivessem sido mais fortes do que ele poderia suportar. Ele a observou, seus olhos perdendo o brilho que costumavam ter. A dor que ela sentia, ele também sentia, mas ele sabia que isso era o melhor para ela.

— Eu... Eu nunca vou te esquecer, Ayla — ele disse, a voz trêmula, mas cheia de uma sinceridade que tocava fundo. — Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. E, por mais que eu queira, eu não posso forçar você a ficar.

Ayla olhou para ele pela última vez, seu coração apertado, mas seus olhos firmes. Ela não queria que ele fosse, não queria vê-lo partir, mas sabia que, talvez, a verdadeira cura só viria quando ela fosse capaz de deixar o passado para trás.

— Adeus, Jake — disse ela, a dor atravessando cada sílaba.

Jake permaneceu parado por um momento, antes de virar-se e sair pela porta. Ele não olhou para trás, e Ayla sabia que ele não precisava. O silêncio que ficou entre eles era mais ensurdecedor do que qualquer palavra.

E assim, com um último suspiro, ela fechou a porta, deixando o passado e a dor para trás. O futuro era um enigma, mas Ayla sabia que, pela primeira vez, ela estava começando a caminhar em direção a ele sozinha.

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