Segredos Revelados

Capítulo 19 – Segredos Revelados

Helena apertou o botão do elevador e suspirou. Ela só queria pegar suas coisas e ir embora, sem cruzar com ninguém que pudesse lhe trazer mais lembranças ruins. Mas o destino parecia gostar de brincar com ela.

— Olha só quem resolveu dar as caras! — disse uma voz animada atrás dela.

Helena se virou e viu Sofia, Laura e Débora se aproximando.

— Meninas! — respondeu ela, esboçando um sorriso.

As três a cercaram com abraços rápidos, como se estivessem reencontrando uma velha amiga depois de meses.

— Você sumiu! — brincou Laura, cruzando os braços.

Sofia colocou as mãos na cintura e lançou um olhar de repreensão divertido.

— E agora vai fugir de novo? Sem tomar um café com a gente?

Helena hesitou.

— Ah, eu estou meio cansada e…

Antes que terminasse, Laura segurou seu braço e sorriu.

— Só um café, Helena. Não dá para recusar.

Helena suspirou, mas não conseguiu segurar o riso.

— Tá bom, tá bom. Vocês venceram.

Foram para a cantina da empresa e se sentaram perto da janela. Enquanto pegavam seus cafés, Sofia fez um comentário casual, mas que pegou Helena de surpresa.

— Você sabia que ninguém aqui na empresa, além de nós, sabe da gravidez da Isabella?

Helena arqueou a sobrancelha.

— Como assim?

— Pois é — Sofia continuou. — Ela não contou para ninguém oficialmente. Nem no setor dela. Só soubemos porque você viu o convite do casamento.

— Isso é estranho — comentou Débora. — Normalmente, as mulheres que engravidam aqui fazem questão de espalhar a notícia.

Helena ficou pensativa. Isabella sempre adorou ser o centro das atenções. Por que manteria a gravidez em segredo?

Mas antes que pudesse pensar mais, Débora, distraída, esbarrou em sua xícara, derramando café direto em sua blusa.

— Merda! — exclamou Débora, arregalando os olhos.

Helena olhou para baixo e suspirou.

— Relaxa, foi um acidente.

— Eu sou muito desastrada! — Débora disse, pegando um guardanapo.

— Tudo bem — respondeu Helena, pegando sua bolsa. — Eu vou ao banheiro limpar isso.

— Eu vou com você — disse Débora.

As duas entraram no banheiro feminino, e Helena molhou um papel-toalha para tentar limpar a mancha.

— Sério, foi sem querer — repetiu Débora.

— Eu sei — respondeu Helena, sorrindo.

Quando estavam prestes a sair, ouviram vozes do lado de fora.

— Você nunca responde minhas mensagens, Isabella!

Helena e Débora se entreolharam e, por instinto, ficaram em silêncio, espiando pela fresta da porta.

Isabella estava encostada na parede, os braços cruzados, encarando um rapaz loiro, alto, de olhos castanhos. Seu rosto estava tenso, como se não quisesse estar ali.

— Eu já disse que não tenho tempo para isso — respondeu Isabella, impaciente.

O rapaz franziu o cenho, seu maxilar travado.

— Não tem tempo? Mas tem tempo para exibir esse seu noivado ridículo?

Isabella estreitou os olhos, seu nariz levemente franzido, como se estivesse perdendo a paciência.

— Guilherme é meu noivo. Ele pode me dar o que eu preciso.

O rapaz riu sem humor.

— Então é isso? Você realmente acha que pode me apagar da sua vida assim?

Isabella desviou o olhar, mas manteve a expressão firme.

— Já conversamos sobre isso. Não quero mais saber desse assunto.

O rapaz cerrou os punhos e deu um passo à frente, sua voz carregada de frustração.

— Você quer que eu simplesmente finja que nada aconteceu? Você acha que eu vou aceitar isso calado?

Isabella o olhou nos olhos, e por um breve momento, algo parecido com nervosismo passou pelo seu rosto.

— Eu sugiro que você faça isso, sim.

O rapaz respirou fundo, seu olhar ficando ainda mais sério.

— Se você não me der uma resposta, eu vou contar tudo.

Nesse exato momento, Débora, completamente chocada, deu um passo para trás e esbarrou em um balde de limpeza dentro do banheiro, derrubando-o com um barulho alto.

Os dois lá fora pararam de falar imediatamente.

Helena arregalou os olhos e sussurrou:

— Débora!

As vozes do lado de fora ficaram em silêncio por um momento, depois os passos se afastaram rapidamente. Isabella e o rapaz tinham ido embora.

Débora levou as mãos à boca.

— Meu Deus!

Helena suspirou, esfregando as têmporas.

— Que droga foi essa?

As duas saíram do banheiro, ainda tentando processar o que tinham acabado de ouvir.

Débora piscou várias vezes.

— Você entendeu o que acabou de acontecer?

— Sim — respondeu Helena, pensativa.