Mascara

Capítulo 11

Helena se entregou à música, sentindo cada batida ecoar em seu peito. Movia-se com leveza, deixando-se levar pela melodia enquanto tentava afastar os pensamentos sobre Guilherme e Isabella. Mas a tranquilidade durou pouco.

De repente, percebeu que os dois haviam voltado a se aproximar. Eles estavam ali, a poucos metros, mas não dirigiram a palavra a ela. Ainda assim, sua presença era um incômodo inevitável. Foi então que Helena ouviu Guilherme tentando impedir Isabella de se aproximar dela.

— Isabella, deixa isso pra lá — insistia Guilherme, segurando-a pelo braço.

As colegas de Helena, que acompanhavam atentamente a cena, começaram a cochichar entre si.

— Olha isso… Isabella sempre força a barra quando quer se justificar — comentou Laura, revirando os olhos.

— Sim, ela sempre faz esse teatrinho — concordou Camila, cruzando os braços.

Sofia, a mais destemida do grupo, bufou impaciente e decidiu agir. Com passos firmes, ela foi direto até Isabella e Guilherme, encarando-os sem hesitação.

— Isabella, você está aqui porque escutou que teríamos esse encontro, não é? — questionou Sofia, sem rodeios.

Isabella arregalou os olhos, assumindo uma expressão de falsa surpresa.

— O quê? Claro que não! Eu só vim me divertir — defendeu-se, tentando soar inocente.

— Não se faça de sonsa! Você nos viu aqui e quis vir atrás da Helena — disparou Sofia.

Guilherme rapidamente entrou na conversa, colocando-se entre as duas.

— Sofia, para com isso. Não tem necessidade de criar confusão — disse ele, lançando um olhar de reprovação.

— Confusão? — Sofia riu, debochada. — Engraçado você falar isso, Guilherme. A confusão começou no momento em que você decidiu trair sua noiva com a melhor amiga dela!

As amigas de Sofia começaram a se preocupar com a intensidade da discussão. Temendo que Sofia acabasse se exaltando e até mesmo sendo demitida por algum escândalo que chegasse até a empresa, Camila e Laura puxaram Sofia para longe.

— Vem, Sofia, deixa esses dois pra lá — sussurrou Laura, tentando acalmá-la.

Mas Isabella não parecia disposta a recuar. Ao contrário, ela aproveitou a oportunidade para tentar arrastar Helena para dentro da discussão.

— Helena, você precisa parar de agir como se fosse a única vítima aqui! — exclamou Isabella, a voz carregada de emoção. — Nós éramos amigas… Você nunca vai me perdoar?

A paciência de Helena chegou ao limite. Ela respirou fundo e, com o olhar firme, finalmente disse tudo o que estava entalado há dias.

— Isabella, você destruiu a nossa amizade. Você escolheu trair minha confiança da pior maneira possível. E Guilherme… — ela virou-se para o ex-noivo, que observava em silêncio — Você não passa de um covarde. Vocês se merecem. Mas parem de tentar me envolver nessa bagunça porque, sinceramente, eu não me importo mais!

Isabella ficou visivelmente pálida. O choque e a culpa pareciam finalmente pesar sobre ela. Seus olhos piscaram algumas vezes, como se tentasse processar as palavras de Helena. Então, sem aviso, seu corpo perdeu a firmeza e, de repente, ela desmaiou ali, diante de todos.

Helena revirou os olhos e cruzou os braços, descrente.

— Ah, pronto… Até quando esse teatro vai durar? — murmurou, sem paciência.

Mas quando Guilherme se ajoelhou rapidamente ao lado de Isabella e começou a segurá-la com preocupação, a expressão de Helena mudou.

— Isabella? Isabella, fala comigo! — Guilherme chamou, dando leves tapinhas no rosto dela.

Helena sentiu um calafrio. A respiração da ex-amiga parecia irregular, e sua pele estava pálida demais. Foi então que percebeu que aquilo não era encenação. Isabella realmente havia desmaiado.

— Mas o que está acontecendo? — perguntou Laura, aproximando-se.

— Ela deve ter passado mal de verdade — murmurou Camila.

Helena se sentiu um pouco culpada por ter duvidado da gravidade da situação. Aproximou-se hesitante, observando Guilherme segurar Isabella com cuidado.

— Ela precisa de ar… Temos que levá-la para um lugar mais tranquilo — disse Guilherme, tentando controlar a situação.

Sofia cruzou os braços e observou a cena com desconfiança, mas não disse nada. As amigas de Helena ajudaram Guilherme a levar Isabella até um canto mais reservado da boate.

Helena respirou fundo, sentindo um turbilhão de emoções. Não gostava mais de Isabella, não sentia mais nenhum afeto por ela, mas vê-la ali, tão vulnerável, mexia com seu coração. Não conseguia evitar se perguntar o que poderia ter causado aquele desmaio súbito.

O clima na boate havia mudado completamente. A música continuava alta, mas para Helena, tudo parecia ter ficado em segundo plano. Sentia um aperto no peito e uma inquietação crescente.

Guilherme ainda estava ao lado de Isabella, segurando sua mão e tentando reanimá-la. A situação era desconfortável, mas agora, mais do que nunca, Helena precisava decidir se ignoraria completamente aquilo ou se sua compaixão ainda existia, apesar de tudo o que havia acontecido entre elas.

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