Capítulo 17 – Uma Manhã Inesperada
O sol entrava timidamente pelas frestas da cortina, aquecendo levemente o quarto. Helena se mexeu na cama, os lençóis bagunçados ao seu redor, um leve resquício da noite anterior ainda pairando em sua mente. Quando abriu os olhos, sentiu o corpo ainda um pouco cansado, mas a primeira coisa que percebeu foi que estava sozinha.
Ela virou a cabeça para o lado, procurando Gabriel, mas o espaço ao seu lado estava vazio.
— Nada mais justo — murmurou, com um pequeno sorriso no rosto.
Gabriel provavelmente faria o mesmo igual ela havia feito. Ela suspirou e se sentou na cama, bagunçando os próprios cabelos. Por mais que soubesse que não deveria se importar, uma pequena parte dela sentiu um incômodo com aquela despedida silenciosa.
— Bom, pelo menos foi uma boa noite — disse para si mesma, tentando afastar qualquer sentimento bobo.
Com preguiça, levantou-se e seguiu até a cozinha. O aroma de café recém-passado flutuava no ar, e ela estranhou. Tinha certeza de que não havia feito café na noite anterior.
Ao virar o corredor e entrar na cozinha, parou bruscamente.
Lá estava Gabriel, encostado no balcão, vestindo apenas uma cueca preta, com uma xícara de café na mão. Ele olhou para ela e sorriu de canto, como se sua presença ali fosse a coisa mais natural do mundo.
— Bom dia, Bela Adormecida — brincou, levando a xícara aos lábios.
Helena piscou algumas vezes, tentando absorver a cena.
— Você… ainda está aqui?
— É o que parece. — Ele ergueu a sobrancelha, divertido. — Esperava que eu fugisse de madrugada?
— Bom… — Ela cruzou os braços e o analisou. — Sim.
Gabriel riu e se afastou do balcão, aproximando-se dela com um olhar travesso.
— Eu sei que sou irresistível, mas achei que você estaria cansada demais para sentir minha falta tão cedo.
Helena revirou os olhos e tentou ignorar o fato de que seu olhar insistia em descer para o peito definido dele.
— Você sempre acorda assim, se achando o último biscoito do pacote?
— Só quando a noite anterior confirma isso — provocou ele.
Helena bufou e desviou o olhar.
— Tá bom, convencido. Mas o que você ainda está fazendo aqui?
Gabriel apoiou-se no balcão e sorriu.
— Fiz café da manhã para nós.
Ela piscou, surpresa.
— Sério?
Ele apontou para a mesa, onde havia torradas, ovos mexidos e frutas dispostas cuidadosamente.
— Sei que não pareço, mas sou um homem de muitos talentos — disse, piscando para ela.
Helena balançou a cabeça, mas não conseguiu esconder o sorriso.
— E como você conseguiu essas coisas?
— Dei uma olhada na sua geladeira e fiz o que pude com o que encontrei. — Ele ergueu a xícara. — Além disso, café era essencial depois da nossa noite intensa.
Ela corou levemente, mas disfarçou pegando uma torrada.
— Você é cheio de surpresas, hein?
— Só quando vale a pena — respondeu ele, observando-a atentamente.
Helena sentiu seu coração acelerar um pouco, mas decidiu mudar de assunto.
— Mas e essa cueca aí? Você não ia embora?
Gabriel riu.
— Eu ia… mas tive um pequeno problema.
— Que tipo de problema?
Ele coçou a nuca, parecendo levemente envergonhado pela primeira vez.
— Minha roupa estava suja. Precisava dar um jeito nela antes de sair.
Helena estreitou os olhos.
— Você usou minha máquina de lavar sem me avisar?
Ele ergueu as mãos em rendição.
— Confesso, fui ousado. Mas precisava. Espero que não se importe.
Ela riu e deu de ombros.
— Tudo bem, eu teria deixado de qualquer jeito.
Gabriel sorriu satisfeito.
— Então estamos quites.
Helena pegou sua xícara de café e tomou um gole antes de se virar para ele.
— Mas já que você está só de cueca, vou pegar algo para você vestir.
Ela seguiu até o quarto, abriu o guarda-roupa e começou a procurar algo que servisse. No meio da busca, seus dedos tocaram um tecido familiar. Quando puxou a peça, percebeu que era uma camisa de Guilherme, seu ex-noivo.
O aperto em seu peito foi imediato.
Fazia meses que não via aquelas roupas, mas ainda assim, a lembrança bateu forte. Todos os momentos que viveu com ele, o amor, a traição… tudo veio como uma onda.
Ela engoliu em seco e respirou fundo.
— Deixa disso, Helena. Passado é passado.
Decidida, pegou a camisa e uma calça e voltou para a cozinha.
— Aqui, pode usar isso.
Gabriel pegou as roupas e arqueou a sobrancelha.
— Hmm, uma camisa de grife. Seu gosto para roupas masculinas é impressionante.
Helena hesitou por um segundo antes de responder.
— Era do meu ex-noivo. Ele deixou algumas coisas para trás quando saiu daqui.
Gabriel ficou em silêncio por um momento, analisando a peça em suas mãos. Depois, olhou para ela com um sorriso travesso.
— Bom gosto ele tem… mas um péssimo hábito de deixar coisas boas para trás.
Seu olhar se intensificou ao dizer isso, e Helena sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
— Péssima piada — disse ela, cruzando os braços.
Gabriel riu e levantou as mãos.
— Ok, ok, desculpa. Sem piadas com ex.
Depois de se vestir, ele voltou a sentar-se à mesa com Helena. A conversa fluiu leve, cheia de provocações e risadas. O tempo passou rápido, e quando ela se deu conta, já estavam largados no sofá.
Gabriel olhou para ela e franziu a testa.
— Você não vai para o trabalho hoje?
Helena suspirou e afundou-se no sofá.
— me demitir.
Ele piscou algumas vezes.
— O quê?
— É, meu ex era chefe do meu setor, e a sua amante minha ex melhor amiga era minha colega de mesa...não dava pra mim.
Gabriel analisou-a por um momento, então sorriu de lado.
— Achava que Débora era a sua melhor amiga, Mas bom, pelo menos agora pode aproveitar a vida um pouco.
— Ah, claro — disse ela, sarcástica. — Porque contas para pagar são detalhes, né?
Ele deu um sorriso misterioso.
— Sempre há alternativas.
Helena estreitou os olhos.
— E você? Não tem trabalho?
Gabriel sorriu e se inclinou um pouco para ela.
— Você quer saber o que eu faço?
— Sim, porque até agora só percebi que você tem muito tempo livre e aparece sempre que quer.
Ele deu um sorriso enigmático.
— Digamos que meu trabalho não é do tipo tradicional.
— Isso não responde nada, Gabriel.
Ele riu e deu de ombros.
— Eu gosto de manter um certo mistério.
Helena bufou.
— Você nunca fala nada .
Gabriel soltou uma risada baixa e, antes que ela pudesse reagir, puxou-a para mais perto.
— Depende… O que exatamente você quer que eu fale sério?
Helena sentiu a respiração dele próxima demais, e seu coração disparou.
— Você me deixa louca — murmurou.
Ele sorriu, satisfeito.
— E você me deixa fascinado.
E então ele a beijou.
O beijo começou suave, mas rapidamente se intensificou. Gabriel segurou seu rosto com delicadeza, aprofundando o contato, e Helena sentiu cada parte de seu corpo responder ao toque dele.
Ela deslizou os dedos pelo cabelo dele, puxando-o um pouco mais para perto, sem querer quebrar aquele momento.
Quando finalmente se afastaram, Gabriel a observou com um sorriso satisfeito.
— Acho que você gosta um pouco da minha loucura.
Helena rolou os olhos, mas riu.
— Talvez um pouco.
Ele piscou para ela.
— Então… que tal passarmos o dia juntos?
Ela hesitou por um segundo, mas depois sorriu.
— Acho que gosto dessa ideia.
E assim, sem planos e sem preocupações, os dois decidiram aproveitar aquele dia da maneira mais espontânea possível.
Talvez, pela primeira vez em muito tempo, Helena estivesse finalmente se permitindo ser feliz novamente.
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Atualizado até capítulo 108
Comments
Marli Batista
Vai lá mulher seja feliz
2025-04-07
1
Dione Lopes
Vá Ser feliz
2025-03-04
3