Sedutor e Perigoso

Capítulo 6

Helena engoliu em seco antes de se virar, preparando-se para mais uma dor de cabeça naquele dia. No entanto, assim que seus olhos encontraram o dono da voz masculina, seu coração deu um salto inesperado.

Era ele.

O mesmo homem com quem havia passado a noite após descobrir a traição de Guilherme. O mesmo desconhecido misterioso e irresistível que a fez esquecer, nem que por algumas horas, a dor e a humilhação que sentia naquela noite fatídica.

Os olhos dele brilharam com um misto de surpresa e diversão ao reconhecê-la.

— Bem, se não é a minha bela companheira de bebedeira — disse ele, cruzando os braços e inclinando levemente a cabeça. — Você anda colecionando problemas ou é só coincidência?

Helena piscou algumas vezes, tentando encontrar palavras. O constrangimento subiu como um calor pelo seu rosto. Como era possível que o destino tivesse esse senso de humor cruel? Entre tantas pessoas no mundo, por que justo ele tinha que ser o dono do carro?

— O carro é seu? — perguntou, ignorando a provocação dele.

O homem arqueou uma sobrancelha, um sorriso brincando em seus lábios.

— Isso é o que você acha? — respondeu de forma enigmática, sem confirmar nem negar.

Helena suspirou, percebendo que ele não lhe daria uma resposta direta tão facilmente. Resolveu se concentrar no problema imediato.

— Ok… quanto vai custar o conserto? Vou acionar meu seguro. Posso pegar seu contato? — perguntou, tentando manter a compostura.

Ele sorriu de lado, um brilho travesso nos olhos.

— E se, ao invés disso, você me der o seu contato? Eu ligo para você depois para resolvermos isso com calma. — Sua voz era grave, envolvente, carregada de uma sedução natural.

Helena hesitou por um instante. Havia algo na forma como ele falava, na maneira como a olhava, que a fazia perder o foco. Era como se estivesse jogando um jogo em que só ele conhecia as regras.

— Eu só quero resolver isso o quanto antes — disse ela, tentando soar impassível.

— E eu também. Mas talvez você prefira que eu ligue para você em um momento mais oportuno. Quem sabe tarde da noite? — Ele sorriu de forma provocadora, os olhos escuros brilhando com malícia.

Ela revirou os olhos, tentando ignorar o arrepio que percorreu sua espinha. Pegou seu celular e digitou rapidamente seu número na tela que ele ofereceu.

— Pronto. Agora me avise sobre os danos, por favor — disse, tentando manter o tom profissional, mesmo sentindo o toque sutil dos dedos dele ao pegar o telefone de volta.

Ele guardou o telefone no bolso e deu um passo para trás, avaliando-a com um olhar intenso antes de sorrir de forma maliciosa.

— Você sabia que bater o carro pode ser um sintoma de distração? Talvez seja porque está pensando em mim — disse, com um tom provocador.

Helena sentiu seu rosto esquentar. Ela abriu a boca para retrucar, mas nenhuma resposta espirituosa veio. Ao invés disso, virou-se apressada e entrou em seu carro, sentindo o coração disparado.

Antes de dar a partida, viu pelo retrovisor que ele ainda estava ali, observando-a com aquele mesmo sorriso perigoso nos lábios. O jeito confiante e a postura relaxada dele pareciam indicar que ele sabia exatamente o efeito que causava nela.

Ela segurou firme no volante, tentando afastar as lembranças daquela noite. Era inacreditável que estivesse naquela situação. Ela só queria resolver um acidente de trânsito, não reviver momentos que deveriam ter sido esquecidos.

Mas era impossível não lembrar.

Lembrou-se da forma como ele a segurou naquela noite, como a fez rir mesmo quando ela achava que nunca mais conseguiria. Lembrou-se do gosto do whisky nos lábios dele, da intensidade dos beijos, da forma como seu corpo respondeu ao toque dele.

Engoliu em seco e sacudiu a cabeça, como se pudesse afastar aquelas memórias inconvenientes. Não era hora para isso. Não era hora para sentir nada além de cansaço e frustração.

Pisou no acelerador e saiu rapidamente do estacionamento, tentando ignorar o fato de que, pela primeira vez em muito tempo, sentia algo além de mágoa.