Capítulo 14 – O reencontro inesperado
Helena desceu do táxi ajeitando o vestido enquanto Débora pagava a corrida. O bar era sofisticado, com uma iluminação baixa e aconchegante, uma música suave que preenchia o ambiente e um aroma agradável de bebidas refinadas misturado a perfumes caros.
Ela respirou fundo, sentindo o frescor da noite tocar sua pele. Era sua primeira saída desde que tudo aconteceu.
— Não é qualquer bar, hein, Débora? — Helena comentou, observando a fachada elegante.
— Claro que não! Você acha que eu ia te trazer num lugar qualquer? — Débora sorriu. — Esse bar foi indicação de uma ex-colega da faculdade. Ela disse que é o melhor lugar da cidade pra beber e esquecer dos problemas.
— Então espero que esteja certo, porque eu quero esquecer muita coisa hoje.
As duas entraram e escolheram uma mesa mais reservada, longe do bar principal. O lugar era charmoso, com sofás confortáveis e um ambiente refinado, mas sem parecer esnobe.
Uma garçonete elegante logo se aproximou.
— O que vão querer?
Helena nem pensou duas vezes.
— Um uísque duplo.
Débora arregalou os olhos.
— Meu Deus, você não tá pra brincadeira.
Helena deu de ombros.
— Hoje eu só quero relaxar.
— Tá bom, bebum. Pra mim, um mojito.
Enquanto aguardavam as bebidas, começaram a observar as outras pessoas ao redor e, como nos velhos tempos, começaram a inventar histórias sobre elas.
— Olha aquele casal ali — Débora apontou discretamente para um homem de terno bem alinhado e uma mulher loira segurando um martíni. — Aposto que ele tá dizendo que tem um iate no Caribe e que já jantou com o Jeff Bezos.
Helena riu e pegou o copo que a garçonete havia trazido.
— E ela tá fingindo que acredita, só pra ver até onde ele vai com essa mentira.
As duas caíram na risada, sem notar que estavam sendo observadas.
Dois homens se aproximaram. Eles não eram feios, mas definitivamente não eram bonitos o suficiente para chamarem a atenção delas.
— Boa noite, moças. Podemos nos juntar a vocês? — um deles perguntou, puxando uma cadeira sem esperar resposta.
Helena e Débora trocaram olhares desconfortáveis.
— Ah, acho que estamos bem só nós duas — Débora respondeu educadamente.
O outro, o mais confiante, inclinou-se para Helena e sorriu, achando-se irresistível.
— Você tem um olhar muito intenso. Isso é perigoso pra um cara como eu.
Helena piscou algumas vezes, tentando absorver tamanha cafonice.
Débora engasgou com o drink e tossiu, segurando o riso.
— Nossa — Helena finalmente disse, levantando a sobrancelha. — Essa foi… bem ruim.
O homem riu sem graça, mas insistiu.
— Ah, vamos lá, só estamos tentando ser gentis.
Helena já estava prestes a responder quando sentiu uma presença atrás dela.
O perfume amadeirado foi a primeira coisa que notou. Depois, a sombra alta que cobriu parte da mesa.
Uma voz grave e firme ecoou atrás dela:
— Os dois já entenderam que a resposta é não, certo?
Os caras hesitaram por um momento antes de recuar.
Helena sentiu um arrepio na espinha e virou-se lentamente para ver quem tinha falado.
E seu coração falhou uma batida.
Diante dela, com um olhar divertido e intenso, estava o homem misterioso com quem ela passou uma noite ardente semanas atrás.
O mesmo homem com quem ela trocou beijos quentes sem nem saber o nome.
O mesmo que ela esbarrou no estacionamento da empresa dias depois e fingiu que não conhecia.
Os olhos dele brilharam com uma mistura de diversão e algo mais perigoso, como se tivesse reconhecido a mesma surpresa no rosto de Helena.
Ele inclinou a cabeça e sorriu, um sorriso carregado de malícia e provocação.
— Olha só… O mundo é pequeno, não é?
Helena sentiu o estômago revirar.
Ele se aproximou um pouco mais, abaixando-se para falar perto do ouvido dela, sua voz rouca e carregada de sarcasmo.
— Eu sabia que já tinha visto esse olhar antes. Só não imaginei que fosse encontrar você aqui… de novo tentando fugir.
Ela ergueu o queixo, mantendo a compostura.
— E eu sabia que já tinha ouvido uma voz tão convencida antes — respondeu, cruzando os braços.
Ele riu baixinho e puxou uma cadeira, sentando-se sem pedir permissão, como se pertencesse àquele momento.
Débora olhou de Helena para o homem, claramente se divertindo com a tensão no ar.
— Tá, eu perdi alguma coisa aqui?
Helena suspirou e pegou seu copo.
— Digamos que… já nos esbarramos antes.
O homem sorriu de lado e estendeu a mão para Débora.
— Já que estamos nos apresentando, me chamo Gabriel.
O nome caiu sobre Helena como um trovão.
Gabriel.
Finalmente, o nome do homem que ela tentou esquecer, mas que insistia em reaparecer na sua vida.
Débora apertou a mão dele, sorrindo maliciosamente.
— Bom, Gabriel, parece que você já conhece minha amiga. Mas tenho certeza de que tem mais história aí do que ela quer contar.
Ele olhou para Helena com um brilho provocador nos olhos.
— Ah, com certeza tem.
Helena revirou os olhos.
— Não tem nada demais. Foi só um… contratempo.
Gabriel riu, inclinando-se na direção dela.
— Chamamos de "contratempo" agora? Porque, pelo que eu me lembro, não foi nada pequeno.
Débora bateu a mão na mesa, gargalhando.
— Eu gosto desse cara!
Helena suspirou e bebeu um grande gole de uísque.
— Eu já não tenho problemas suficientes?
Gabriel sorriu e observou-a atentamente, como se estivesse estudando suas reações.
— Então, Helena, me diga… você sempre bebe uísque duplo quando quer esquecer alguém?
Ela estreitou os olhos para ele.
— Eu bebo uísque duplo quando quero esquecer qualquer coisa irritante. Como, por exemplo, um certo homem convencido que insiste em reaparecer na minha vida.
Gabriel colocou uma mão sobre o peito, fingindo-se ofendido.
— Eu? Convencido? Helena, isso dói.
Débora quase chorava de rir.
— Meu Deus, eu vou amar ver onde isso vai dar.
Gabriel apenas sorriu, como se já soubesse exatamente onde tudo aquilo levaria.
E, no fundo, Helena temia que ele estivesse certo.
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Atualizado até capítulo 108
Comments
Any Carvalho
mulher no bar bebendo aff
2025-04-04
4
Custodia Correa
mulher pode ir aonde quiser, não sei pq a leitora disse mulher no bar aff ,acho que foi recalque kkk
2025-04-12
1
MariaZelia Rodrigues
mulher num bar bebendo duas amigas eu amooo
2025-04-09
1