Entre o Passado e o Presente

Capítulo 18 – Entre o Passado e o Presente

A tarde com Gabriel foi surpreendentemente tranquila. Depois do café da manhã, eles passaram horas jogados no sofá, assistindo a qualquer coisa na TV, trocando provocações e brincadeiras. Gabriel sempre encontrava um jeito de fazer Helena rir, fosse com comentários sarcásticos ou com suas expressões exageradas.

— Então você está desempregada agora… — disse ele, pegando um pedaço de pipoca e jogando na boca. — Isso significa que posso te sequestrar para aventuras aleatórias a qualquer momento?

Helena arqueou uma sobrancelha.

— Depende da aventura.

— Aventura surpresa. Sem spoilers.

Ela riu e jogou uma almofada nele.

— Com você, isso pode significar qualquer coisa.

Ele piscou para ela.

— Exatamente.

O dia seguiu leve, sem preocupações. Foi a primeira vez em muito tempo que Helena se sentiu assim, sem o peso do passado ou das frustrações recentes.

Mas, quando a noite começou a cair, algo mudou.

Gabriel pegou o celular e, ao ler uma mensagem, seu rosto ficou sério.

Helena percebeu a mudança imediatamente.

— O que foi?

Ele bloqueou o celular e o guardou no bolso antes de se virar para ela com um sorriso sedutor.

— Nada com que você precise se preocupar.

— Isso não responde minha pergunta — disse ela, cruzando os braços.

Gabriel apenas inclinou a cabeça, observando-a por um momento. Depois, sem dar mais explicações, segurou o rosto de Helena com as mãos e lhe deu um beijo intenso.

O toque dele a deixou sem fôlego por um instante, e quando ela percebeu, Gabriel já estava se afastando.

— Eu preciso ir — disse ele, ainda com aquele sorriso misterioso.

— Gabriel… — Helena começou, mas ele já estava pegando a jaqueta e indo em direção à porta.

— Nos vemos depois, princesa.

E então ele se foi.

Helena ficou parada na sala, sentindo um misto de confusão e irritação.

— Que diabos foi isso? — murmurou para si mesma.

Ela olhou ao redor. Pela primeira vez em muito tempo, sua casa parecia extremamente vazia. O silêncio era quase incômodo.

Suspirando, pegou o celular e decidiu mandar uma mensagem para Débora.

Helena: Ei, está ocupada?

Poucos segundos depois, Débora respondeu.

Débora: Claro que não! Aliás, preciso te contar uma coisa!

Helena sorriu. Pelo menos isso a distrairia.

Helena: Manda!

Débora: RODRIGO É PERFEITO!!! 😍😍😍

Helena riu.

Helena: Ah, então a noite foi boa?

Débora: Foi incrível! Ele é divertido, charmoso e, meu Deus, Helena… o beijo dele… 🔥🔥🔥

Helena revirou os olhos, mas riu da empolgação da amiga.

Helena: Parece que alguém está apaixonada.

Débora: Estou? Acho que sim! Mas me conta… 😏 E você? Como foi depois que eu saí?

Helena hesitou por um momento, mordendo o lábio.

Helena: Ah, nada demais…

Débora: NADA DEMAIS? 🤨 Helena, não me faça ir até aí te obrigar a falar!

Helena bufou. Sabia que não escaparia dessa.

Helena: Tá bom, tá bom. A gente… dormiu juntos.

Houve uma pausa antes da resposta de Débora.

Débora: SABIAAAAAAAA! 🎉🎉🎉

Débora: E aí, foi bom? Foi maravilhoso? O cara manda bem? Conta tudo!

Helena sentiu o rosto esquentar.

Helena: Meu Deus, Débora!

Débora: Isso foi um sim? 👀

Helena soltou um suspiro, rindo.

Helena: Foi… incrível.

Débora: EU SABIA! Ele tem toda aquela vibe de “eu sei exatamente o que estou fazendo”.

Helena revirou os olhos, mas não pôde deixar de concordar mentalmente.

Débora: E agora? Vão se ver de novo?

Helena: Não sei… Ele acabou de sair com um ar misterioso depois de receber uma mensagem estranha.

Débora: Uhhh, mistério! Você acha que ele é um espião? Um mafioso?

Helena: Débora, por favor!

Débora: Ei, nunca se sabe!

As duas riram e continuaram conversando por mais alguns minutos, até que Débora disse que precisava dormir cedo porque tinha trabalho no dia seguinte.

Débora: A propósito, já decidiu o que vai fazer?

Helena: Vou passar amanhã na empresa para pegar minhas coisas e assinar uns documentos. Depois, começo a procurar outro emprego.

Débora: Se precisar de ajuda, me avisa!

Helena: Obrigada

Elas se despediram, e Helena colocou o celular de lado.

No dia seguinte, Helena chegou à empresa onde trabalhou por tanto tempo. Respirou fundo antes de entrar. Não queria encontrar ninguém, mas sabia que isso era inevitável.

Ela foi direto até sua antiga mesa, pegando os poucos pertences que ainda restavam ali.

Foi quando ouviu uma voz conhecida.

— Helena?

Ela se virou e viu Guilherme parado ali, parecendo hesitante. E, claro, Isabella estava ao lado dele.

Helena cruzou os braços e olhou diretamente para Guilherme, ignorando completamente Isabella.

— O que foi?

Guilherme pareceu desconfortável.

— Eu… queria falar com você.

Isabella tentou se intrometer.

— Helena, eu…

Helena a ignorou completamente, mantendo o olhar fixo em Guilherme.

— Fale logo. Tenho coisas a fazer.

Guilherme passou a mão pelo cabelo, nervoso.

— Eu queria… pedir desculpa. Sei que não muda nada, mas…

Helena riu, sem humor.

— Você acha que um pedido de desculpa conserta tudo?

— Não, eu só…

Ela ergueu a mão, interrompendo-o.

— Guilherme, sinceramente? Eu não me importo mais. Você e Isabella se merecem.

Isabella ficou vermelha e abriu a boca para falar, mas Helena simplesmente pegou suas coisas e saiu.

Não valia a pena perder tempo com eles.

Enquanto saía da empresa, sentiu um peso sendo retirado de seus ombros. Ela estava finalmente deixando tudo para trás.

Agora, só restava descobrir o que viria a seguir.

E, no fundo, uma parte dela sabia que Gabriel teria algo a ver com isso.

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