Capítulo 17- Conflitos Conjugais

O choque percorreu o corpo de Rin como uma descarga elétrica, seus olhos se arregalaram, a incredulidade estampada em seu rosto. Ele se levantou do sofá num salto, como se molas tivessem impulsionado seus pés, e ficou parado, imóvel, enquanto o pedido de separação de Lia ressoava em seus ouvidos como trovões em um céu sereno. Seu olhar dançou pelo quarto, agora um palco de memórias que o assombravam, cada canto parecia sussurrar sobre os encontros secretos com Saori, sua amante.

As paredes pareciam fechar-se sobre ele, sufocando-o com o peso de seus segredos, e as mãos de Rin deslizaram pelos cabelos, em um gesto de frustração e desespero. A culpa e a ansiedade se entrelaçavam em um nó em seu estômago, cada vez mais apertado, e ele respirou fundo, buscando em vão um fio de calma em meio ao caos que se instalara em seu interior. Seus passos ecoavam pelo quarto, enquanto ele buscava uma saída para o labirinto de suas escolhas.

— Eu quero entender...– ele diz.

— não tem nada para entender, você sempre me traiu e sempre me fez chorar e eu descobrir que a Saori tá grávida de você — Lia fala com muita raiva.

— Ela me disse que foi até a sua confeitaria para falar sobre a gravidez, mas eu não sei o que dizer...eu quero muito que você possa me perdoar – Rin pega na mão de Lia.

Lia por sua vez puxa o braço de uma vez.

— não me toca, eu já estou decidida e não quero nada com você mais, pode ficar com tudo eu não quero nada seu...nada! – Lia vai para o quarto.

\****Boate Womb***\*

— Kenji meu caro amigo que bom que está aqui – Daniel abraça ele.

— Dan? Eu não sabia que você tinha vindo para o Japão, qual foi o motivo?– ele sorrir.

— iihhh tá com a cabeça na lua hein? Vim te ajudar nos negócios – Daniel rir.

— só você mesmo – Kenji sorrir e bebe um pouco de vinho.

— Então, você já foi falar com a Lia e se declarar pra ela ou tá com medo?

— Ah, não, não, não! — Kenji riu e balançou a cabeça. — Eu não estou com medo, é que... é que eu não sei se é o momento certo.

— O momento certo? — Daniel repetiu, erguendo uma sobrancelha. — Você já está esperando há anos, Kenji! É hora de tomar uma atitude.

— Eu sei, eu sei... — Kenji suspirou e olhou para o vinho em sua taça. — É que eu não sei o que fazer.

— Então você vai ficar na dúvida para sempre? — Daniel perguntou, rindo. — Você precisa correr o risco, Kenji. Além disso, eu acho que Lia sente algo por você, as fofocas rolam soltas por aí.

— que fofocas?– Kenji encara.

— parece que o casamento da Lia com o tal Rin Nakamura não tá dos melhores, isso significa que talvez você tenha chance de conquistá-la – conta Daniel.

— O quê? — Kenji arregalou os olhos, surpreso. — O casamento da Lia com o Rin está tendo problemas?

— Isso mesmo — Daniel confirmou, acenando com a cabeça. — Eu ouvi dizer que eles estão tendo problemas sérios. Além disso, parece que o Rin está envolvido em algum tipo de escândalo.

— Um escândalo? — Kenji repetiu, curioso. — O que aconteceu?

— Eu não sei todos os detalhes — Daniel admitiu —, mas parece que o Rin está envolvido em uma história de adultério. Alguém viu ele com outra mulher em um restaurante.

— Meu Deus... — Kenji balançou a cabeça, chocado. — Isso é terrível. A Lia não merece isso.

— Exatamente — Daniel concordou. — E é por isso que eu acho que você tem uma chance real de conquistá-la, Kenji. Você sempre foi um cara legal e honesto. A Lia precisa de alguém como você em sua vida.

— Então está me dizendo que a Lia foi traída pelo Rin? – comenta Kenji.

— isso mesmo! – Daniel bebe um gole do vinho.

Kenji dá um sorrisinho bobo:

— E esse sorrisinho aí?– Daniel olha para ele com um olhar malicioso.

— Ah, não é nada... — Kenji tentou disfarçar, mas não conseguiu esconder o sorriso.

— Não é nada? — Daniel repetiu, erguendo uma sobrancelha. — Você está pensando que finalmente tem uma chance com a Lia, não é?

— Talvez... — Kenji admitiu, rindo.

— Eu sabia! — Daniel gritou, batendo palmas. — Você sempre teve uma queda pela Lia. Agora é sua chance de conquistá-la!

— Calma, calma... — Kenji tentou acalmar Daniel. — Eu não vou fazer nada precipitado. Preciso pensar bem sobre isso.

— Ah, não seja tímido! — Daniel incentivou. — Você precisa ir atrás do que você quer. E o que você quer é a Lia, não é?

— Eu sou completamente apaixonado por ela.

— Aahh fiquei sabendo que amanhã vai ser o evento das suas artes em chocolate – Daniel retira um cigarro do bolso e depois um isqueiro.

— Ah sim! Eu fiz uma escultura para o avô do Rin Nakamura e umas outras coisas também.

— Tenho certeza que você vai encontrar a Lia...e olha nada de amarelar no evento.

\****MANSÃO NAKAMURA***\*

No jantar, Lia comia em silêncio, consumida pela decisão de se separar de Rin após o evento, ela estava determinada a se libertar da dor causada por suas traições e recomeçar sua vida. Rin observava Lia de soslaio, o barulho da colher batendo no prato era audível. Seus olhos seguiam cada movimento dela, tentando decifrar a frieza em seu rosto. Um silêncio desconfortável pairava sobre a mesa, enquanto ambos se perdiam em seus próprios pensamentos.

Lia, por sua vez, evitava o olhar de Rin, sentindo a raiva crescer em seu interior a cada garfada, a presença dele era um lembrete constante de suas traições, da dor que ele lhe causara, o jantar, que deveria ser um momento de paz, se tornara um fardo insuportável. A tensão entre eles era palpável, e o ar parecia pesado de emoções não expressas, Rin tentava quebrar o silêncio, mas as palavras pareciam ficar presas em sua garganta. Lia, por outro lado, parecia perdida em seus próprios pensamentos, seus olhos fixos em algum ponto distante.

— Rin, eu não quero mais continuar essa farsa. Eu quero o divórcio – disse Lia decidida.

— O que está acontecendo, Lia? Por que você está falando assim? – seu olhar era de suplica.

— Você sabe exatamente por que eu estou falando assim, Rin. Você me traiu, me mentiu e me magoou de todas as maneiras possíveis , eu já aguentei muito – Lia respondeu com raiva.

— Eu sei que eu errei, mas eu amo você, eu quero fazer as coisas certas desta vez – disse Rin, tentando se justificar.

— Ama? Você não sabe o que é amor, Rin. Amor é respeito, confiança e lealdade, e é claro, você não tem nada disso – Lia rebateu com desdém.

— Isso não é justo, Lia. Eu fiz tudo o que eu pude para fazer você feliz – disse Rin, com um tom de defesa.

— Ah, sim? E o que você fez exatamente? Você me traiu com aquela... – Ela respira fundo — me mentiu e me magoou. Isso é o que você chama de "fazer alguém feliz"? – Lia perguntou com ironia.

— Lia, eu sinto muito, eu sei que eu errei – disse Rin, com um tom de arrependimento.

— Eu não quero mais ouvir suas desculpas, Rin, Eu quero o divórcio, e eu vou consegui-lo, com ou sem a sua cooperação – Lia afirmou com firmeza.

— Lia....

— E além disso você sempre me humilhou, desde que casamos e agora decidiu mudar? – diz Lia com os olhos marejados.

— Lia, eu... eu não sabia que você se sentia assim – disse Rin, com um tom de surpresa e arrependimento.

— Você não sabia? – Lia repetiu, com uma risada amarga. – Você não sabia que me magoava com suas palavras, com suas ações? Você não sabia que me fazia sentir como uma mulher sem valor?

— Eu sinto muito, não queria magoá-la – disse Rin, com um tom de remorso.

— Você não queria me magoar? – Lia perguntou, com os olhos brilhando de lágrimas. – Então por que você fez tudo isso? Por que você me traiu, mentiu e me humilhou?

— Eu não sei, Lia. Eu não sei o que aconteceu comigo, eu perdi o controle, eu perdi a razão... Eu não queria ter sido forçado a casar com você...desculpa! – disse Rin, com um tom de desespero.

— Você perdeu o controle? – Lia repetiu, com uma voz fria. – Você perdeu o controle?e sabe que eu pedir?.... eu perdi a minha dignidade, perdi a minha autoestima, eu perdi a minha felicidade...só pra estar ao seu lado...

Lia não termina o jantar e sai da cozinha, deixa Rin sozinho com seus pensamentos, vai para o banheiro, fecha a porta e se tranca lá dentro. Em seguida, ela abre a torneira da banheira e deixa a água quente encher o recipiente, quando a banheira está cheia, ela se despe e entra na água quente. Ela se senta na banheira, abraça os joelhos e fecha os olhos, tentando relaxar e esquecer a dor e a raiva que sente, a água quente envolve seu corpo, ajudando a aliviar a tensão muscular.

Então ela respira fundo, sentindo a calma e a tranquilidade invadirem seu corpo, ela fica lá deitada, perdida em seus pensamentos, tentando encontrar forças para enfrentar o que está por vir. O som da água quente e o silêncio do banheiro criam uma atmosfera de paz e serenidade, que ajuda Lia a se sentir mais calma e centrada, ela permanece na banheira por um longo tempo, saboreando a quietude e a solidão.

— Rin...– diz ela com uma voz mais calma.

— ...– barulho de nariz fungando.

— Não se faça de vítima, depois do evento a gente tem que dar início ao nosso divórcio... E outra coisa a Saori precisa de você, já que ela tá grávida de um filho teu.

Rin se vira rapidamente, seus olhos completamente vermelhos e sua respiração pesada.

— E quem garante que aquele filho é meu? — pergunta Rin, com uma voz trêmula.

— Vocês mantinham um caso... claro que é seu! — responde Lia, com uma voz firme.

— Isso não prova nada! — rebate Rin, com uma voz mais alta.

— Ah, não? Então por que você estava tão nervoso quando eu descobri sobre o caso? Por que você me pediu para perdoá-lo? — pergunta Lia, com uma voz sarcástica.

— Eu... eu estava com medo de perder você! — responde Rin, com uma voz suplicante.

— me perder? Você já havia me perdido muito antes de eu descobrir sobre o caso. Você me perdeu quando você decidiu me trair. — diz Lia, com uma voz fria.

— Lia, por favor... — tenta interromper Rin, mas Lia não deixa.

— Não, você não vai me interromper! Você vai ouvir tudo o que eu tenho a dizer! — diz Lia, com uma voz firme.

— Você e Saori, vocês mantinham um caso, não é? Eu sabia sempre soube — pergunta Lia, com uma voz sarcástica.

— Lia, eu... — tenta responder Rin, mas Lia não deixa.

— Não, não me diga que você estava apenas "consolando" ela, ou que vocês eram apenas "amigos". Eu sei a verdade! — diz Lia, com uma voz cheia de raiva.

— Rin...você a engravidou e agora você vai ter que assumir as consequências! — diz Lia, com uma voz firme.

— Eu não sei o que dizer...

— Pois não fale nada...boa noite!

Assim que ela termina de conversar com ele, Lia se deita na cama e fecha os olhos, tentando esquecer daquela conversa que tiveram. Ela sente um peso no peito, uma mistura de emoções que a deixam confusa e exausta. Ela respira fundo, tentando acalmar sua mente e relaxar seu corpo. Mas, apesar de seus esforços, as palavras de Rin ecoam em sua mente, fazendo-a se sentir cada vez mais ansiosa e insegura. Ela sente que está presa em um pesadelo do qual não consegue acordar.

Lia sente uma pontada de dor ao lembrar que o casamento entre ela e Rin nunca foi baseado no amor verdadeiro, eles haviam se casado por questões financeiras, uma união conveniente para ambas as famílias. Desde o início, Rin nunca havia escondido sua falta de interesse por Lia, tratando-a com desdém e indiferença. No entanto, Lia sempre havia sido doce e paciente com ele, tentando fazer com que o casamento funcionasse.

Mas tudo mudou quando Lia descobriu a traição de Rin, mas a dor e a raiva que sentiu foram como um golpe devastador, ela não era mais a mesma mulher doce e paciente, agora ela era uma mulher ferida e traída. Lia pensa em todos os momentos que compartilharam e se sente traída por todas as vezes que iam para a cama e quando Rin simplesmente dizia que ela era inútil quando faziam sexo com ele. Ela está decidida a recuperar todo o tempo que perdeu e a encontrar a felicidade novamente, sem deixar que Rin a defina.

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