O Confronto.

O coração de Isadora disparou ao ver Henrique parado do lado de fora da casa de Ana. A tensão no ar era palpável, e um frio percorreu sua espinha. Ela se virou para Ana, que tinha uma expressão de preocupação e determinação.

— O que ele está fazendo aqui? — sussurrou Isadora, a voz trêmula.

— Não sei, mas precisamos nos preparar — respondeu Ana, seu olhar firme. — Vamos ficar calmas e pensar no que fazer.

As duas se afastaram da janela, tentando não chamar a atenção. Isadora sentia a adrenalina correr por suas veias enquanto tentava organizar seus pensamentos. O que Henrique queria? Ele estava ali para confrontá-la ou apenas para intimidá-la?

Ana pegou o celular e começou a discar para a polícia, mas Isadora a interrompeu.

— Não! Não quero que isso se torne uma situação ainda mais complicada — disse Isadora, lembrando-se do que o advogado havia mencionado sobre evitar conflitos diretos.

— Mas ele pode ser perigoso! — insistiu Ana, preocupada.

Isadora respirou fundo, tentando controlar a ansiedade. Ela sabia que precisava enfrentar Henrique de alguma forma, mas não queria que a situação se tornasse violenta ou descontrolada.

— Vamos tentar falar com ele primeiro. Se ele se tornar agressivo, podemos chamar a polícia — sugeriu Isadora, sua voz decidida.

Ana hesitou por um momento, mas finalmente concordou.

— Está bem. Mas vamos ficar juntas e ter cuidado — disse Ana, seu tom sério.

As duas se dirigiram até a porta da frente. Com o coração na garganta, Isadora abriu a porta lentamente e encarou Henrique. Ele estava parado na entrada do jardim, seu olhar intenso e determinado.

— Isadora! — chamou ele, sua voz carregada de emoção. — Precisamos conversar!

A expressão dele misturava preocupação e raiva, e Isadora sentiu um nó se formar em seu estômago.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou ela com firmeza.

Henrique deu um passo à frente, sua presença imponente preenchendo o espaço entre eles.

— Eu vim te buscar. Você não pode simplesmente desaparecer assim! Você é minha esposa! — disse ele, sua voz elevada.

Isadora sentiu uma onda de indignação percorrer seu corpo.

— Eu não sou mais sua esposa no sentido em que você pensa! Eu sou uma pessoa com vontade própria! — retrucou ela, tentando manter a calma.

Henrique franziu a testa, claramente frustrado.

— Você não entende as consequências das suas ações! Eu me preocupo com você! Você está se colocando em perigo! — ele disse, gesticulando com as mãos.

Isadora olhou para Ana ao seu lado e viu que ela estava pronta para intervir caso as coisas esquentassem. Mas Isadora precisava mostrar a Henrique que ela não tinha mais medo dele.

— Eu estou me protegendo! Você não pode controlar minha vida para sempre! Eu estou aqui porque escolhi ser livre! — declarou ela com firmeza.

Henrique respirou fundo, como se tentasse conter a raiva.

— Livre? Você acha que está livre? Está apenas fugindo da realidade! Você precisa de mim! Sem mim você não consegue nada! — gritou ele, sua voz ecoando pelo jardim.

Isadora sentiu o coração apertar ao ouvir aquelas palavras. Era exatamente isso que ela temia: a ideia de que Henrique pudesse ter razão em algum nível. Mas rapidamente lembrou-se de tudo o que havia enfrentado e das decisões que tomou para proteger a si mesma.

— Eu posso conseguir sozinha! E eu vou conseguir! — respondeu ela com determinação renovada.

Henrique olhou para ela por um momento, como se estivesse avaliando suas palavras. Havia um conflito em seu olhar; parte dele parecia realmente preocupado com ela, mas outra parte estava cheia de possessividade e controle.

— Você não sabe o que está dizendo! Isso é uma loucura! Você está jogando tudo fora — disse ele em um tom mais calmo agora, mas ainda cheio de frustração.

Isadora percebeu que essa conversa poderia ser uma oportunidade para deixar claro o que realmente sentia.

— Não estou jogando nada fora; estou buscando minha própria vida. Não posso mais viver sob suas regras ou expectativas. Preciso ser eu mesma — afirmou ela com sinceridade.

Henrique pareceu hesitar por um momento, como se estivesse lutando contra seus próprios sentimentos. Mas logo sua expressão endureceu novamente.

— Se você continuar assim, vai se arrepender. Eu farei o que for preciso para te trazer de volta — ameaçou ele, sua voz fria e calculista.

Aquelas palavras cortaram Isadora como uma lâmina afiada. Ela sabia que Henrique era capaz de agir de forma extrema quando se sentia ameaçado. No entanto, ao invés de recuar diante da intimidação dele, algo dentro dela se acendeu ainda mais forte.

— Se você realmente se preocupa comigo, então deve respeitar minhas escolhas e meu desejo por liberdade — disse Isadora com firmeza.

Henrique ficou em silêncio por um momento longo demais para o conforto de Isadora. Finalmente, ele deu um passo atrás e olhou nos olhos dela com uma mistura de dor e raiva.

— Então é assim que vai ser? Você vai me deixar? — perguntou ele em um tom quase quebrado.

Isadora sentiu o coração apertar ao ver aquela vulnerabilidade nele. Era difícil ver alguém que havia amado em um estado tão confuso e ferido. Mas ela sabia que precisava permanecer firme em sua decisão.

— Sim... eu preciso ir embora agora — respondeu ela suavemente, mas com determinação clara em sua voz.

Henrique pareceu desabar naquele momento; sua expressão passou da raiva para desespero.

— Você não precisa fazer isso... Podemos resolver isso juntos! Por favor... não vá! — implorou ele, quase suplicante.

Mas Isadora já havia tomado sua decisão. Ela olhou nos olhos dele pela última vez antes de fechar a porta lentamente entre eles. A sensação de estar finalmente tomando controle sobre sua vida inundou seu corpo com uma onda de alívio e empoderamento.

Ana estava ao lado dela quando finalmente fechou a porta completamente.

— Você foi incrível! Estou tão orgulhosa de você! — disse Ana com entusiasmo genuíno.

Isadora respirou fundo enquanto as emoções começavam a transbordar dentro dela. Embora houvesse uma sensação de vitória naquele momento, também havia tristeza pela dor que Henrique estava passando e pela relação quebrada entre eles.

Mas agora era hora de focar no futuro e nas decisões importantes que ainda precisavam ser tomadas para garantir sua segurança e liberdade emocional.

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