O Caminho da Liberdade.

Os dias seguintes foram um turbilhão de emoções para Isadora. A decisão de buscar sua liberdade estava tomada, mas a incerteza sobre como concretizá-la a deixava inquieta. Enquanto caminhava pelo jardim, refletindo sobre suas opções, sentia que a coragem que havia encontrado estava prestes a ser testada.

Rafael se tornou seu confidente e apoio inabalável. Eles se encontravam sempre que podiam, trocando ideias e conversando sobre o futuro. A presença dele era um bálsamo para sua alma, e Isadora começou a perceber que seu coração pulsava com uma nova esperança.

Certa manhã, enquanto tomavam chá no jardim, Rafael olhou para Isadora com seriedade.

— Você já pensou em como vai enfrentar Henrique? Ele não vai simplesmente deixar você ir — disse ele, sua preocupação evidente.

Isadora suspirou, sabendo que ele estava certo. O pensamento de confrontar Henrique a deixava nervosa, mas também determinada.

— Eu sei que será difícil, mas não posso mais viver assim. Preciso ser eu mesma — respondeu ela com firmeza.

Rafael sorriu, admirando a determinação dela.

— Então vamos planejar isso juntos. Você não está sozinha — disse ele, pegando a mão dela e segurando-a com carinho.

Enquanto conversavam, Isadora começou a esboçar um plano. Primeiro, ela precisava de um lugar seguro para ficar. Seus pais estavam longe e não podiam ajudá-la naquele momento, mas havia uma amiga da faculdade que sempre oferecera abrigo em situações difíceis. Era hora de entrar em contato com ela.

— Vou ligar para Clara — anunciou Isadora, decidida. — Ela pode me ajudar.

Rafael assentiu, encorajando-a.

— Ótimo! E depois disso? O que mais você precisa fazer? — perguntou ele.

Isadora pensou por um momento.

— Preciso reunir algumas coisas minhas. Não posso deixar tudo para trás sem ao menos levar algumas lembranças — disse ela, seu olhar distante enquanto pensava em seus livros, fotos e pequenos objetos que representavam quem ela era antes do casamento.

A conversa fluiu naturalmente entre eles enquanto planejavam os próximos passos. A cada ideia compartilhada, Isadora sentia-se mais leve e confiante. Finalmente, havia um caminho à frente dela.

Naquela tarde, enquanto Rafael se despedia para atender a compromissos familiares, Isadora decidiu que era hora de ligar para Clara. Com o coração acelerado e as mãos trêmulas, pegou o celular e discou o número da amiga.

— Oi, Clara! É a Isadora! — disse ela assim que a amiga atendeu.

— Isadora! Que surpresa! Como você está? — respondeu Clara com entusiasmo.

Isadora hesitou por um momento antes de falar.

— Na verdade... eu preciso de ajuda. Estou passando por uma situação complicada e preciso de um lugar para ficar por um tempo — confessou ela.

A voz de Clara imediatamente mudou para um tom sério.

— Claro! O que está acontecendo? Você está bem?

Isadora respirou fundo e explicou brevemente sua situação. Clara ouviu atentamente e prometeu ajudá-la sem hesitar.

— Venha quando precisar! Minha casa é sua casa — disse Clara com sinceridade.

Com o coração mais leve após a conversa, Isadora começou a se sentir mais confiante sobre sua decisão. Agora tinha um plano: primeiro iria para a casa de Clara e depois pensaria nos próximos passos em relação a Henrique.

No entanto, enquanto se preparava para sair do jardim e voltar à mansão, uma sensação de apreensão tomou conta dela. E se Henrique descobrisse? E se ele tentasse impedi-la? A dúvida começou a corroer sua determinação.

Naquela noite, enquanto se preparava para dormir na mansão dos Alencar pela última vez, Isadora olhou ao redor do quarto luxuoso que havia sido seu cárcere por tanto tempo. As paredes estavam adornadas com quadros caros e o mobiliário era opulento, mas agora tudo parecia vazio e sem vida.

Ela se lembrou das promessas feitas a si mesma: liberdade, felicidade e autenticidade. Com isso em mente, decidiu que não poderia deixar o medo dominar suas ações. Era hora de seguir em frente.

Na manhã seguinte, Isadora acordou cedo e começou a arrumar suas coisas em segredo. Com cuidado, escolheu os itens mais significativos: algumas roupas favoritas, livros que sempre amou e fotos antigas que representavam momentos felizes de sua vida antes do casamento arranjado. Cada objeto escolhido era uma lembrança do que significava ser livre.

Enquanto organizava suas coisas em uma mala discreta, ouviu passos no corredor. Seu coração disparou ao pensar que Henrique poderia aparecer a qualquer momento. Com as mãos trêmulas, fechou rapidamente a mala e escondeu-a sob a cama.

Assim que as portas do quarto se abriram, Henrique entrou sem avisar. Ele parecia mais calmo do que nos últimos dias, mas ainda havia uma tensão palpável no ar.

— Bom dia — disse ele casualmente. — O que você está fazendo?

Isadora forçou um sorriso e tentou agir normalmente.

— Apenas arrumando algumas coisas — respondeu ela rapidamente.

Henrique observou-a por um momento antes de mudar de assunto.

— Hoje à noite teremos um jantar importante com investidores. Espero que esteja pronta para impressioná-los — disse ele com um tom autoritário.

Isadora sentiu um nó na garganta ao ouvir aquelas palavras. A pressão estava aumentando novamente; ele não estava disposto a deixá-la ir tão facilmente. Mas agora ela sabia o que queria: liberdade e autonomia sobre sua própria vida.

— Sim... claro — respondeu ela sem entusiasmo.

Assim que Henrique saiu do quarto novamente, Isadora respirou aliviada. Sabia que tinha pouco tempo até o jantar e precisava agir rapidamente antes que fosse tarde demais.

Com determinação renovada, pegou sua mala escondida e decidiu sair da mansão antes do jantar começar. Era agora ou nunca; não havia mais espaço para hesitação ou medo em seu coração.

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