CAPÍTULO 18 ∆

Eu mal tive tempo de recuperar o fôlego do treino com Lyss antes de sentir aquele arrepio subir pela minha espinha. Ele estava lá. Draven. Não precisei olhar para saber; o cheiro dele, a presença dele, era como uma corrente elétrica no ar, me cercando, me cutucando.

— Terminando já? — A voz dele veio carregada de provocação, baixa e perigosa.

Eu me virei, encontrando aquele olhar intenso me queimando. Ele parecia relaxado, mas a forma como seus ombros estavam ligeiramente tensionados dizia outra coisa.

— Sim, já treinamos o suficiente por hoje — respondi, tentando parecer indiferente.

— Discordo. — Ele deu um passo à frente, os olhos brilhando com algo que não consegui decifrar. — Que tal um treino comigo?

Meu coração acelerou. Akira estava inquieta, rosnando em aprovação no fundo da minha mente.

"Ele está nos desafiando... Você deveria aceitar. Veja como ele nos olha. Eu quero brincar com o lobo dele."

"Akira, fique quieta!"

— Não acho que seja necessário — murmurei, mas minha voz saiu hesitante, o que só ampliou o sorriso presunçoso dele.

— Não está com medo, está? — Ele inclinou a cabeça, como um predador estudando sua presa.

— De você? Nem em um milhão de anos.

Ele riu, um som rouco e profundo que fez meu estômago dar voltas. — Então prove.

Lyss me deu um olhar antes de sair do campo, deixando-me sozinha com ele. Assim que ela desapareceu, a tensão entre nós se tornou quase palpável.

Draven atacou sem aviso, rápido como um raio, e eu mal consegui desviar. Ele não estava apenas testando minhas habilidades; estava me pressionando, me provocando. Cada golpe, cada movimento, era um lembrete de que ele era muito mais experiente do que eu.

— Você está hesitando, lobinha. Isso é perigoso. — A voz dele era um sussurro áspero enquanto ele se aproximava.

— Estou só aquecendo.

— É mesmo? Porque parece que está se segurando por outro motivo.

Meu sangue ferveu com a insinuação, e me joguei para cima dele com tudo o que tinha, tentando desarmá-lo. Mas era como lutar contra uma muralha. Num instante, ele desviou e me jogou no chão com uma facilidade irritante.

Eu caí de costas, e antes que pudesse me levantar, ele estava em cima de mim, as mãos segurando meus pulsos contra a terra. O peso do corpo dele era avassalador, e a proximidade... infernos, a proximidade era enlouquecedora.

— Você precisa ser mais rápida — ele disse, os olhos cravados nos meus. — Ou vai acabar exatamente assim toda vez.

— Me solta, Draven. — Minha voz saiu mais trêmula do que eu gostaria.

— Por quê? — Ele inclinou o rosto para mais perto, até que eu pudesse sentir a respiração dele roçar minha pele. — Está desconfortável?

Akira estava praticamente uivando de excitação em minha mente.

— Você é irritante — murmurei, tentando mascarar o efeito que ele tinha em mim.

— E você é fascinante. — O tom dele mudou, mais baixo, mais rouco. Ele olhou diretamente nos meus olhos, a intensidade me queimando. — Desde o momento em que te beijei, não consegui parar de pensar em como você é teimosa. E em como quero te beijar de novo.

Minha garganta secou. — Você não vai.

Ele sorriu, um sorriso torto e perigosamente sedutor. — Não vou?

Ele se inclinou mais, e por um momento achei que ele realmente fosse me beijar. Meu corpo reagiu antes da minha mente, minha respiração irregular e meu coração descompassado. Eu odiava como ele tinha esse poder sobre mim.

— Me solta — insisti, minha voz falhando ligeiramente.

— Não até você admitir.

— Admitir o quê?

— Que está tão presa nisso quanto eu.

Antes que pudesse responder, usei todas as minhas forças para me livrar, empurrando-o para longe e me levantando rapidamente. Ele deixou, com um sorriso satisfeito, como se tivesse conseguido exatamente o que queria.

— Isso não é um jogo, Draven.

— Não, não é. Mas, se fosse, eu estaria ganhando.

Ele se afastou com aquela maldita arrogância, e tudo o que restou foi a sensação do toque dele ainda queimando minha pele. Akira, por outro lado, não parecia nada satisfeita.

"Você deveria tê-lo deixado ganhar."

"Cala a boca, Akira!"

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Minutos depois

Ainda sentia o calor da pele de Draven na minha, o peso daquelas palavras ecoando na minha mente. Cada passo que eu dava em direção ao meu quarto parecia pesado, como se as emoções dele ainda me acompanhassem.

"Ele nos provoca porque quer que caiamos. E vamos cair, eventualmente," Akira sussurrou, sua voz sedutora e quase satisfeita.

"Isso não vai acontecer," retruquei mentalmente, mas era difícil negar o que eu mesma estava começando a sentir.

Ao virar o corredor, lá estava ela: Maelys, encostada na porta do meu quarto como se fosse dona do lugar.

Bufei, irritada. — Parece que hoje a Deusa realmente quer testar minha paciência.

"Essa cadela de novo," Akira rosnou, um aviso sutil de que ela estava pronta para qualquer coisa.

— O que foi agora, Maelys? — perguntei, tentando parecer entediada, mas meu sangue já começava a ferver.

Ela se afastou da porta, dando um passo à frente. — Quero saber o que está acontecendo entre você e o Alfa.

Revirei os olhos. — Nada que te diz respeito.

— Não banque a sonsa, forasteira. Está claro como a luz do dia que ele tem um interesse... peculiar em você.

— Peculiar? — Soltei uma risada seca. — Parece que você anda mais preocupada comigo do que deveria.

Ela estreitou os olhos, e aquele sorriso venenoso voltou. — Vou deixar uma coisa bem clara pra você: a partir de hoje, serei a pedra no seu caminho. Eu vou tirar você desta matilha, custe o que custar. Você vai se arrepender de ter cruzado o meu caminho.

Me aproximei lentamente, sem desviar o olhar. Akira rugia em aprovação dentro de mim, quase pedindo para tomar controle.

— Ouça bem, Maelys, porque não vou repetir. — Minha voz saiu baixa, mas firme, carregada de um perigo que ela claramente não esperava. — Se você acha que pode me intimidar com essas ameaças patéticas, sugiro que pense de novo. Não sou como você. Não preciso de intrigas ou artimanhas para conquistar meu lugar.

Dei mais um passo, parando perto o suficiente para que ela sentisse a intensidade do meu olhar.

— Você quer ser uma pedra no meu caminho? Faça isso. Mas saiba que pedras podem ser esmagadas. E eu já estou começando a perder a paciência com você.

O sorriso dela hesitou por um segundo antes de voltar com força total, mas eu sabia que tinha tocado um nervo.

— Vamos ver quem ri por último, forasteira.

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