O salão da Matilha estava uma loucura. Gente demais, problemas demais. Parece que cada vez que resolvo um incêndio, aparece outro. Sentado no trono, eu ouvia os betas despejarem suas lamúrias: mais ração para os cavalos, reforço nos muros, um clã menor reclamando de fronteiras. Meu rosto? Impassível. Por dentro? Um inferno.
"Você está mesmo sentado aí, ouvindo essas porcarias, enquanto ela está sozinha no quarto?" Reven apareceu na minha mente como sempre, a voz rouca cheia de impaciência.
"Faz parte da nossa responsabilidade," eu rebati, mas ele riu.
"Responsabilidade? Parece mais uma desculpa para fugir dela. Você sente o cheiro, Draven. Cada vez que o cheiro dela entra por nossas narinas, nosso sangue ferve, e você não faz nada."
Eu travei o maxilar. Ele tinha razão, mas não podia saber disso. Precisávamos ser pacientes, ou isso a afastaria ainda mais, mas Reven é impulsivo e impaciente, e para ser sincero, eu também não sou bom em esperar.
Um beta começou a falar de reforços para as torres. Concordei com um aceno e mandei Axel resolver. Meu lobo continuava lá, murmurando na minha cabeça.
"Olha, vou ser direto. Deixa eu assumir. Só uma vez. Eu pego ela e..."
"Cala a porra da boca, Reven!" Minha paciência estava no limite. "Você já matou nossa última companheira por causa da sua impulsividade, controle-se."
"Ela é diferente," Reven rosnou, mas eu o ignorei.
Depois de horas resolvendo problemas, me levantei, os músculos tensos. — Axel, organize os preparativos para o baile. E quero tudo perfeito.
— Você aí — chamei uma ômega que segurava um rolo de tecido prateado. Ela congelou, seus olhos arregalados. — Quero que encontre o melhor vestido que puder. Algo digno. E entregue à forasteira.
Ela assentiu rapidamente, mal conseguindo responder antes de sair às pressas.
"Ah, sim. Um vestido vai resolver tudo. Que ideia brilhante." Disse Reven
Eu o ignorei, subindo para meus aposentos. Quando finalmente fechei a porta, o silêncio me atingiu como uma pancada. Mas não era o suficiente para calar a voz desse lobo impaciente.
"Você vai explodir antes de fazer algo. E quando isso acontecer, vai ser tarde demais."
"Dá para ficar quieto?!" murmurei, massageando as têmporas.
Tempo depois
Meu quarto parecia mais apertado a cada segundo. Andava de um lado para o outro, tentando não enlouquecer.
"Você vai para o baile?" Akira perguntou, a voz dela ecoando na minha cabeça.
"Baile? Nem pensar." Cruzei os braços. "Prefiro me trancar aqui do que ser o centro das fofocas dessa gente."
"Que medo de enfrentar o mundo, hein?" Akira provocou, mas antes que eu pudesse retrucar, a porta do quarto abriu com um estrondo.
— Maelys? — Olhei surpresa para a figura dela, parada na entrada com um sorriso falso e algo nas mãos.
— O Alfa mandou entregar isso, — ela disse, jogando um vestido no chão. Um vestido lindo... ou pelo menos teria sido, se não estivesse rasgado.
— Eu fiz uns ajustes para combinar mais com você.— Ela sorriu com desdém. — E, ah, considere isso um aviso: fique no seu lugar e longe do Draven.
Ela saiu, mas o veneno ficou no ar.
Bufei, sentando na cama. "E agora essa louca resolveu cismar comigo..."
"Ela destruiu o vestido. Que infantil," Akira comentou.
Olhei para o vestido no chão, sentindo o sangue ferver. Aquele baile não era pra mim, mas de repente, me deu vontade de mudar isso.
"Quer saber? Eu vou nesse baile."
"E como? Com um vestido destruído?"
"Você me conhece, Akira. Eu sempre dou um jeito."
Peguei o vestido e comecei a rasgar mais, ajustando os danos de forma criativa. Aos poucos, o que antes era um ato de provocação virou algo ousado. Algo que me representava.
"Vamos ver se Maelys está pronta pra isso." Sorri para o reflexo no espelho. Ela queria me colocar no chão? Azar o dela.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Karla Barbosa Marinho
isso garota acaba com a marra dessa safada
2025-04-05
0
Elizabete dos Santos Barros Alves
Amando, só acho que o Alfa deveria saber dessa audácia dela.
2025-03-13
7
Ely Ana Canto
👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
2025-04-11
0