Eu corria como se minha vida dependesse disso, porque dependia. Minhas patas golpeavam o chão da floresta em um ritmo furioso, o som abafado pelo tapete de folhas úmidas. O ar gelado entrava em meus pulmões em rajadas rápidas, e cada músculo do meu corpo queimava com o esforço. Akira, estava no controle agora, cada fibra de nós focada em uma única coisa: sobreviver.
"Nós precisamos ir mais rápido," ela rosnou em minha mente. "Eles podem estar atrás de nós."
"Eu sei!" Respondi, minha respiração ofegante. "Mas estamos exaustas. Se continuarmos assim, não teremos forças para lutar caso precisemos."
Paramos brevemente, os músculos tensionados, os sentidos em alerta máximo. O cheiro da floresta era denso e carregado de umidade, mas algo mais estava lá. Algo podre, metálico... um cheiro que fazia meu estômago revirar.
"Você sentiu isso?" Perguntei.
"Não estamos sozinhas," Akira respondeu, sua voz grave, como um trovão distante. "Se prepare."
Eu me preparava para correr, mas o som dos galhos se quebrando e o cheiro putrefato me fizeram parar.
“Lobos negros,” Akira confirmou. “Malditos monstros.”
Eles emergiram da escuridão como sombras vivas. Grandes, grotescos, com pelos negros opacos e olhos amarelos que brilhavam com fome. Lobos amaldiçoados, banidos de qualquer alcateia, condenados a sobreviver devorando carne de outros lobos.
“Akira…”
“Não há para onde correr,” ela rosnou. “Vamos lutar.”
O primeiro lobo negro avançou com ferocidade, e Akira o recebeu de frente. Suas presas se cravaram no ombro da criatura enquanto ela girava, rasgando a carne pútrida com força. O lobo caiu, soltando um grunhido de dor.
“Mais dois à direita!” eu avisei, tentando manter a consciência enquanto Akira se movia com precisão mortal.
Outro saltou, tentando morder nosso flanco, mas Akira desviou e arrancou um pedaço da garganta do inimigo com um único golpe. O sangue espesso e negro jorrou no chão.
Mas eles eram muitos. Eles nos cercavam como um enxame faminto.
Um deles conseguiu nos derrubar. Suas garras cravaram em nosso dorso, e Akira rugiu de dor, tentando se desvencilhar.
“Não vamos morrer aqui!” ela rosnou, mordendo e arranhando com desespero.
Mas mais dois se lançaram sobre nós, e o peso deles era esmagador. Presas mordiam nossos ombros, e garras rasgavam nossa pele. A visão começou a escurecer, e pela primeira vez, Akira hesitou.
“Calyssa…” ela murmurou, a dor evidente em sua voz. “É o fim.”
A floresta estava em um silêncio cortante, exceto pelo som das patas dos lobos que corriam logo atrás de mim. Cada respiração era uma mistura de adrenalina e fúria. O cheiro dela estava cada vez mais forte, e junto dele vinha outra coisa, aquele fedor pútrido e metálico que me deixou em alerta. Reven rosnava em minha mente, inquieto, como se já soubesse o que estava por vir.
“Ela é nossa, Draven,” Reven murmurou, sua voz grave reverberando no meu peito.
“Então por que diabos ela está fugindo? Por que ela não sente isso também?” retruquei, minha frustração evidente. Mas não era hora para questionamentos. Se os lobos negros estavam aqui, as coisas iam ficar feias.
O cheiro dela se misturava ao ar, e então eu ouvi. Um coração disparado, fraco, mas inconfundível. Aquela lobinha atrevida estava perto. Mas não estava sozinha.
Avancei pela escuridão, os outros lobos atrás de mim, quando os vi. As sombras grotescas dos lobos negros cercavam algo, alguém.
Reven rugiu dentro de mim, furioso. “Proteja-a.”
Sem pensar, saltei na direção deles. Minha mandíbula cravou no pescoço do primeiro lobo negro que vi, o gosto metálico e repulsivo invadindo minha boca. Girei meu corpo, lançando-o contra uma árvore com tanta força que ouvi seus ossos estalarem.
— Saiam de perto dela! — rosnei, minha voz entrecortada pela fúria e pela transformação.
Dois lobos avançaram ao mesmo tempo. Minhas presas negras, cheias de veneno, rasgaram a garganta de um deles, enquanto minhas garras abriram o flanco do outro. Os grunhidos de dor deles eram música para meus ouvidos.
Um por um, arranquei os lobos de cima dela, sentindo o veneno fazer efeito nas suas carnes podres. Não demorou para que a maioria estivesse caída ou fugindo, mas eu não parei. Nenhum deles sairia dali vivo.
Quando o último caiu, virei-me para ela. Ainda no chão, a loba tinha os pelos prateados sujos de sangue, os olhos arregalados e confusos. Uma mistura de alívio e medo passava pelo olhar dela.
“Aqui está, a lobinha fugitiva,” Reven provocou, o tom divertido contrastando com o momento.
Aproximando-me dela, deixei escapar um rosnado baixo. Ela tentou se afastar, mas eu a prendi contra o chão com uma pata enorme, aproximando meu rosto lupino do dela.
— Você acha que pode fugir de mim? — rugi, minha voz soando mais como um trovão.
Sua loba tentou argumentar, mas sua voz saiu fraca. — Eu... eu só quero ir embora. Não quero causar problemas, Alfa.
“Reven,” meu lobo disse, firme, marcando seu nome na mente dela.
Meu olhar não vacilava enquanto ela me encarava, confusa e hesitante.
— Você já causou problemas, lobinha. Desde o momento que resolveu cair daquele penhasco. Agora... agora é tarde demais. — Minha voz estava carregada de algo mais profundo, algo que nem eu queria nomear.
“Você pertence a mim agora,” Reven completou, e senti minha própria hesitação.
“Por que você disse isso?” perguntei a ele, minha mente dividida.
“Porque é verdade,” ele respondeu com simplicidade, antes de voltar a atenção para ela.
Ela tentou se mexer de novo, mas eu não a deixei.
— Pare de se debater. Você não vai a lugar nenhum.
Finalmente, recuei e voltei à forma humana, os ossos estalando e a dor se espalhando pelo meu corpo. Limpei o sangue do rosto com um movimento brusco e encarei-a.
— Volte à sua forma. Agora. — Minha voz era uma ordem, inconfundível.
Ela olhou ao redor, os olhos fixos nos outros lobos que a cercavam. Relutante, ela voltou à forma humana. E, por um momento, eu perdi o fôlego.
O corpo... Aquele corpo... a pele dela estava marcada de arranhões, mas seus olhos ainda brilhavam com determinação. “Que merda,” pensei, sentindo Reven rir em aprovação.
“Que delicinha,” ele murmurou, e eu o silenciei com um grunhido interno.
Quando me aproximei, ela deu um passo para trás.
— Não chegue perto! — a voz dela tinha força, mas o medo ainda estava lá.
— Não tem mais para onde ir, lobinha. — Estendi a mão para ela, mas quando tentei segurá-la, ela correu.
— Porra, é sério? — murmurei, e em segundos já estava atrás dela. Avancei, segurando-a pela cintura e jogando-a sobre meu ombro como se fosse um saco de farinha.
— Me solta! Eu posso andar sozinha! — Ela se debatia com força, mas eu não cedia.
— Ah, cala a boca. Você correu. Agora vai de carona. — Dei um tapinha leve na perna dela, o que só a deixou mais irritada.
Os betas pararam para assistir, tentando esconder os sorrisos.
— Querem me ajudar ou vão ficar aí rindo como idiotas? — rosnei, lançando um olhar mortal na direção deles.
— Não, Alfa, estamos só... avaliando a situação, — Axel respondeu, disfarçando o riso.
Deixei escapar um suspiro pesado e segui em frente, ignorando os resmungos dela e os olhares divertidos dos outros. Ela podia lutar o quanto quisesse, mas não tinha escapatória. Não dessa vez. Ela era minha responsabilidade agora. Minha.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Renascida das cinzas
Deveria estar segura, deitada em uma cama... mas NÃO. Precisava fugir para o nada. Ia pra onde? Sabe que esses lobos estão por aí? Era só fingir demência... dizer que não sabe, não lembra pro resto da vida. Qalquer coisa, seria apalavra deles contra a sua, e ponto. Quem iria provar o contrário?
2025-03-15
8
Ingrid Marliese Tiepner
Tomara que Draven chegue a tempo de salvá-la mais uma vez....
2025-04-04
0
Andressa Silva
admite que tá caidinho pela a loba kkkkk
2025-03-03
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