CAPÍTULO 4 ∆

A lua cheia banhava a fortaleza Nightbane com sua luz prateada enquanto eu caminhava para o interior, com a garota desmaiada nos meus braços. Ela estava toda ensanguentada, e sua pele quente e nua parecia queimar contra a minha. Ela era leve, quase como se estivesse à beira de desaparecer, mas, ao mesmo tempo, havia uma força oculta ali.

Seus cabelos estavam emaranhados, caindo como uma cascata prateada sobre meu braço. Sua respiração era irregular, mas estava lá. Ela estava viva.

— Porra, Alfa. Você vai mesmo levar uma desconhecida para dentro da nossa fortaleza? — Caius disse, com os braços cruzados, o olhar incrédulo.

Axel assobiou, como se não acreditasse no que via. — Nunca pensei que veria o dia. Você, confiando em alguém que não conhece? Isso vai contra todas as suas regras, Alfa.

Ignorei os dois. Eles não entenderiam. Eu mal entendia. Mas algo naquela garota... algo me dizia que ela não era apenas mais uma.

Chegamos à fortaleza. As paredes altas de pedra pareciam ainda mais imponentes sob a luz da lua, e a garota nos meus braços parecia deslocada ali, como uma flor perdida em meio ao concreto.

Passei pelos portões, e os guardas me olharam com expressões confusas, mas ninguém ousou questionar. Não se questiona o Alfa. Não se questiona Draven Black.

Subi as escadas, levando-a para um dos quartos de hóspedes, um quarto que eu nunca usava, porque ninguém tinha o privilégio de entrar tão fundo no meu território. Caius e Axel me seguiram, ainda incrédulos.

Caius

Axel

Deitei-a com cuidado na cama, mas firmeza. Sua cabeça pousou no travesseiro, e eu observei por um momento, estudando cada detalhe. Seu rosto era delicado, mas marcado por arranhões e hematomas. Mesmo assim, ela era... linda. Tinha algo nela que fazia meu lobo, Reven, rugir em minha mente.

"Que delícia," Reven disse, sua voz grave e quase debochada. "Tão frágil, mas tão... linda. Quero marcar essa aqui."

"Nem pensar," rebati, irritado. "Se controle, Reven. Não sabemos nada sobre ela, e não esqueça os riscos."

"Não importa," ele rosnou. "Ela é nossa."

Rolei os olhos mentalmente, ignorando aquele idiota. Meu lobo sempre foi impulsivo, perigoso. E dessa vez, ele parecia ainda mais ansioso. Algo nela o tinha deixado inquieto. E, se eu fosse honesto, eu sentia a mesma coisa.

— Lyss, — chamei um dos guardas que esperava do lado de fora. — Traga Lyss aqui. Agora.

Axel arqueou uma sobrancelha. — Lyss? Então é sério. Está chamando a melhor curandeira da matilha? O que tem nessa garota que fez você quebrar todas as suas regras?

— Apenas faça o que eu mando, Axel, ou vou calar sua boca à força, — rosnei, minha paciência já curta.

Axel deu de ombros, mas sorriu de forma provocativa. Ele sabia como me irritar, mas também sabia quando parar.

Lyss chegou minutos depois. A jovem curandeira era tudo o que eu esperava de alguém da matilha Nightbane: dedicada, focada, e competente. Ela ainda não havia recebido seu lobo, mas seu talento para curar era inegável.

Lyss

Ela se aproximou da cama, examinando a garota com olhos atentos. — Está ferida, mas vai sobreviver. Vou precisar de um pouco de tempo para limpar os cortes e estabilizar as condições dela. Tragam roupas limpas.

— Faça o que for preciso, — respondi. Me afastei, encostando na parede enquanto observava.

Axel se aproximou de Lyss, tentando puxar assunto, como sempre fazia. Ele estava apaixonado por ela, isso era óbvio, mas a garota parecia alheia a isso.

Caius olhou para a garota desmaiada e depois para mim. — Quem você acha que ela é, Draven? De que matilha?

— Não sei, — admiti, os olhos fixos nela. — Mas vou descobrir.

— Pode ser uma loba solitária, — Caius sugeriu. — Ou... pode ser da Matilha Sombria. Ela tem características que combinam.

Axel bufou. — Isso não significa nada. Já vi lobos com características parecidas em outras matilhas. Não vamos tirar conclusões precipitadas.

Eu me retirei antes que a discussão pudesse continuar. A verdade era que não sabia o que pensar. E isso me irritava. Eu era um Alfa, Caramba. Não deveria me deixar abalar por uma desconhecida. Mas havia algo nela... algo que me puxava, que me fazia sentir como se a deusa tivesse jogado uma peça.

Mais tarde, em meus aposentos, me joguei na cama, mas o sono não veio. Fechei os olhos, mas a imagem dela caindo do penhasco, diretamente nos meus braços, continuava a me assombrar.

"E se a deusa a enviou para nós?" Reven perguntou novamente. "E se ela for nossa nova companheira?"

"Não crie expectativas," murmurei de volta. "Você sabe o que aconteceu da última vez, Reven. Lyanna. Ela morreu por nossa causa. Por minha causa. Isso não vai acontecer de novo."

Reven rosnou, mas não respondeu. Ele sabia que eu estava certo, mesmo que odiasse admitir.

Deitei-me ali, o olhar perdido no teto, tentando ignorar a sensação crescente de que minha vida estava prestes a mudar. E não havia nada que eu pudesse fazer para evitar.

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