CAPÍTULO 7 ∆

A noite ainda era densa, as sombras das chamas nas tochas dançavam nas paredes de pedra do meu quarto quando a porta foi aberta com um baque surdo. Axel entrou apressado, sua respiração ofegante e seu rosto rígido. Ele hesitou na soleira, o corpo tenso como se soubesse que carregava uma notícia que preferia não dar.

— Fale, Axel, — ordenei, a voz baixa, mas repleta de ameaça.

Ele engoliu em seco, os olhos evitando os meus. — A... forasteira, Alfa. Fomos ao quarto dela para a troca de guardas, mas... ela não estava lá.

Por um momento, o silêncio foi absoluto, pesado como chumbo. O mundo parecia ter parado, e apenas o som do sangue rugindo em meus ouvidos permanecia.

— Como assim, não estava lá? — minha voz cortou o ar como uma lâmina, Axel recuou instintivamente, como se cada palavra fosse um golpe físico.

— Não sabemos como, Draven, mas... a janela estava destrancada. Ela deve ter escapado por ali. — Ele parecia lutar para manter o tom firme, mas o medo em sua voz era evidente. — Uma carroça deixou a fortaleza esta noite, pouco antes de notarmos sua ausência. É provável que ela tenha se escondido nela.

Minhas garras emergiram, rasgando a madeira do braço da poltrona ao meu lado. Ela fugiu. Aquela lobinha atrevida tinha ousado me desafiar, escapando bem debaixo do meu nariz.

— Então ela usou uma carroça, provavelmente. — As palavras saíram como veneno. — Vocês não têm certeza?

O beta abaixou a cabeça, incapaz de sustentar meu olhar. — É nossa melhor suposição, Draven.

Antes que eu pudesse responder, Caius entrou no aposento. Seu rosto estava mais controlado, mas ainda assim carregava a tensão de alguém que sabia que a situação era delicada. Ele olhou brevemente para Axel e depois para mim, seus olhos fixos, mas sem o medo que os outros demonstravam.

— Draven, ela é apenas uma forasteira. Talvez devêssemos deixá-la ir. Seja lá quem ou o que ela é, ela parece mais interessada em fugir do que em nos ameaçar.

Meu rosnado preencheu o quarto, ecoando pelas paredes como um trovão. Caius permaneceu imóvel, mas era evidente que ele sabia que tinha pisado em território perigoso.

— Deixá-la ir? — repeti, minha voz carregada de um desprezo gélido. — Você acha que vou permitir que alguém escape da minha fortaleza, e eu simplesmente a deixe ir embora?

Caius abriu a boca para responder, mas eu já tinha me levantado, meus olhos fixos nele como lâminas prontas para cortar. — Não importa o que ela é ou quem ela finge ser. Ela está em nossas terras, ela desafiou nossas regras, e ela será encontrada.

Eu senti o cheiro dela. Ainda que fraco, ainda que misturado ao frio da noite e ao ar pesado da fortaleza, ele estava lá. Aquele cheiro estava impregnado em minha mente, e isso me irritava tanto quanto a fuga dela.

Reven rugiu dentro de mim, feroz e faminto. “Você sabe que isso não é só sobre regras, Draven. Você quer ela. Admita.”

“Cale-se,” retruquei mentalmente, o controle ameaçando escapar. “Eu só quero garantir que ela saiba quem é o alfa aqui.”

Reven riu em minha mente, uma risada profunda e predatória. “Se é isso que você precisa dizer a si mesmo, faremos do seu jeito.”

— Mobilizem todos os betas. Quero cada um deles caçando. Não deixem nenhuma trilha passar despercebida. — Minha voz era firme, carregada de determinação. — E reforcem a segurança na fortaleza. Nenhuma outra falha será tolerada.

— Sim, Alfa, — responderam quase em uníssono, saindo às pressas para cumprir minhas ordens.

Sem perder tempo, caminhei até o terraço externo. A noite era fria, o vento cortava como lâminas invisíveis, mas nada disso importava. Respirei fundo, fechando os olhos, permitindo que o cheiro dela tomasse conta dos meus sentidos. Lá estava ele, fraco, quase imperceptível, mas presente.

— Ela não vai longe, — murmurei, minhas palavras transformando-se em vapor no ar gelado.

Quando abri os olhos novamente, eles não eram mais os de um homem. Eram os olhos de Reven.

Meus ossos estalaram, minha pele queimou, e minha forma humana deu lugar ao monstro. Meu lobo emergiu em toda sua glória. Pelos cinzentos como a fumaça de uma tempestade, presas negras e venenosas reluzindo à luz da lua, e olhos ardendo com um brilho feroz e inconfundível. Reven rugiu para a noite, e aquele som fez os betas que se reuniam no pátio tremerem.

Sem hesitar, disparei para a floresta, o chão sob minhas patas rugindo com cada passo. Os outros lobos seguiram logo atrás, suas respirações pesadas e passos rápidos ecoando na noite.

“Aquela lobinha não pode fugir de nós,” Reven rosnou em minha mente, cada palavra carregada de sede de caça. “Ela nos pertence, Draven. Ela não sabe disso ainda, mas pertence.”

Enquanto corria pela escuridão da floresta, o cheiro dela ficando mais forte a cada passo, percebia que ela não era apenas uma fugitiva. Ela era algo que eu não conseguia explicar, algo que despertava instintos tão antigos quanto o sangue que corria em minhas veias.

E, seja lá o que fosse, eu iria trazê-la de volta.

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Comments

Lyllie J.

Lyllie J.

Querida autora, acabei a saga Castelli e estou aqui já prendendo da respiração com esse livro!

2025-04-18

0

Isabel Cristina

Isabel Cristina

vamos alfa, admita ela meche com vc

2025-03-24

3

Karla Barbosa Marinho

Karla Barbosa Marinho

este já foi abatido

2025-04-04

0

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