Assim que a porta do quarto se fechou atrás de mim, encostei-me contra ela. Minhas mãos tremiam. Meu peito subia e descia em desespero enquanto tentava organizar os pensamentos caóticos que dominavam minha mente. Toquei os lábios, ainda formigando do beijo feroz de Draven.
" Por que ele fez isso? " murmurei para mim mesma, sentindo o gosto dele ainda presente, queimando como uma marca invisível.
Akira, sempre atenta, emergiu em minha mente. Sua voz não era de crítica, mas de algo mais profundo, algo que me deixou ainda mais inquieta.
"É tão estranho, Calyssa... Eu senti algo. Você também sentiu, não sentiu?" A voz dela carregava um misto de curiosidade e ansiedade, como se não soubesse lidar com o que estava acontecendo.
Balancei a cabeça, tentando me concentrar, mas as palavras saíram fragmentadas, como se eu tentasse convencer a mim mesma. "Eles estão mexendo com nossas emoções, Akira. Isso não é real. É perigoso. Precisamos tomar cuidado."
"Mexendo com nossas emoções?" Akira questionou, sua voz levemente zombeteira, mas havia algo mais profundo ali. "Isso é o que você realmente pensa, ou o que você quer acreditar? Porque, depois daquele beijo, senti algo... diferente. Eu não queria parar, Calyssa."
As palavras dela eram como um golpe. Dei um passo para longe da porta, meu corpo rígido, tentando conter o pânico que subia pela minha garganta.
"Akira, escute-me." Minha voz tremeu, mas mantive o tom firme. " Você precisa se controlar. Não podemos ceder a eles. Você não pode ceder ao lobo dele. Isso... isso pode nos destruir. Não esqueça o que nosso último companheiro fez, ele nos machucou, nos rejeitou."
Houve um silêncio, mas senti Akira se mexer dentro de mim, inquieta.
"Eu sei." — A voz dela era baixa, carregada de dor. "Mas... isso não muda o que estou sentindo agora. Eu senti algo quando ele se aproximou. Quando ele nos tocou. Não consigo explicar, mas algo em mim está... mudando.
Essas palavras fizeram meu coração afundar. Encostei-me na cama, os joelhos fracos demais para me manter de pé. Era uma luta interna, uma batalha entre razão e instinto. Eu sabia que Akira estava sendo consumida por algo que eu não conseguia controlar. E se ela cedesse... eu sabia que não conseguiria segurá-la por muito tempo.
...----------------...
Na manhã seguinte, fui acordada por batidas suaves na porta.
— Forasteira, está na hora da primeira refeição.
A voz era de uma ômega jovem, talvez no final da adolescência. Levantei-me devagar, ainda sentindo o peso da noite anterior. Depois de um banho rápido, vesti-me e fui até o salão principal.
A mesa era longa, repleta de frutas frescas, pães e outras comidas simples. Peguei algumas frutas e sentei-me em silêncio. O murmúrio de vozes da matilha ecoava pelo ambiente, mas eu mantive a cabeça baixa, tentando ignorar os olhares curiosos que sentia em minha direção.
Depois de comer, decidi sair para caminhar. O ar fresco da manhã parecia aliviar um pouco o peso em meu peito. Foi então que ouvi uma voz familiar.
— Forasteira! Que bom te ver!
Era Lyss. Ela caminhava na minha direção com um sorriso caloroso no rosto.
— Lyss, bom dia. — Respondi, tentando parecer mais leve do que me sentia.
Ela começou a andar ao meu lado, as mãos cruzadas atrás do corpo. — Ouvi dizer que você e o alfa estão... bem próximos.
Minha cabeça girou em direção a ela, e meu rosto corou imediatamente. — O quê? Isso é ridículo.
Lyss deu de ombros, claramente se divertindo. — Não sei... é o que todos estão dizendo.
— Eles estão errados. — Minha voz saiu firme, mas o rubor em meu rosto me traía. — O alfa e eu não estamos... próximos. Ele é só... — Busquei as palavras certas. — Ele é só intenso demais.
Lyss arqueou uma sobrancelha, o sorriso cheio de malícia. — Intenso, é? Que interessante.
Suspirei, exasperada. — Eu não deveria ter falado isso.
Ela riu, mudando de assunto com naturalidade. — Você realmente não lembra de nada sobre quem era?
Parei de andar, hesitando. Lyss percebeu minha reação imediatamente.
— Ah, então era mentira. — Ela cruzou os braços, mas seu tom não era de acusação, apenas curiosidade.
Suspirei, passando a mão pelo cabelo. — Eu menti porque precisava me proteger. Eu não sabia se podia confiar em vocês.
— E agora? — Ela me olhou, os olhos brilhando de expectativa.
Demorei um momento antes de responder. — Meu nome é Calyssa.
Lyss abriu um sorriso genuíno. — Finalmente. Fico feliz que tenha confiado em mim.
Sorri de volta, mais aliviada do que esperava. Continuamos caminhando, e a conversa fluiu naturalmente.
— E sua loba? — Lyss perguntou, curiosa. — Como é ter um lobo?
Sorri, pensando em Akira. — É como ter uma parte de você que está sempre presente. Ela sente o que eu sinto, mas também é independente. Às vezes, brigamos. Às vezes rimos. Às vezes, ela me dá conselhos que eu não quero ouvir. Mas... ela é minha força.
Lyss parecia fascinada. — Deve ser incrível.
— E a sua loba? — perguntei.
Ela suspirou, desviando o olhar. — Ainda não recebi minha loba.
— Talvez treinar ajude a acelerar o processo. — Sugeri. — Posso te ajudar, se quiser.
Os olhos dela se iluminaram. — Você faria isso?
— Claro. — Respondi com um sorriso. — É o mínimo que posso fazer.
E, enquanto continuávamos a caminhar, algo dentro de mim finalmente começou a se acalmar. Pelo menos por enquanto. Eu sabia que a verdadeira tempestade ainda estava por vir.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Valcicleia Ribeiro
também li todo os livros da família Castelli. São histórias maravilhosas.
2025-03-30
1
Andressa Silva
😙😙😙😙😙
2025-03-03
0
Cintia Maria Lemos Tavares
Autora deveras vc é singular, li suas obras da família Castelli e outras obras vc é uma grata surpresa sua obra sobre lobos é muito boa sou viciada na temática parabéns pela maravilhosa inspiração.
2025-02-23
14