CAPÍTULO 12 ∆

Lyss estava me guiando de volta à fortaleza quando um dos betas apareceu correndo, o rosto sério e preocupado.

— Lyss, precisamos de você. Um dos lobos foi gravemente ferido durante a patrulha.

Lyss parou, seu sorriso se desfez imediatamente enquanto ela assentia para o beta.

— Leve-me até ele.

Ela então se virou para mim, seus olhos preocupados.

— Forasteira, volte para o quarto. Não quero que você se envolva em nenhum problema, principalmente se o Alfa souber que você está vagando sozinha.

Assenti, forçando um sorriso para tranquilizá-la. — Tudo bem, voltarei direto para o quarto.

Mas, assim que Lyss desapareceu pelos corredores, meus pés me levaram por outro caminho. O cheiro de feno e o som abafado do celeiro me guiaram de volta a Zeus. Akira rosnou levemente em minha mente, sua voz cheia de advertência.

"Você realmente vai fazer isso, não é?"

"É claro que vou," respondi, minha determinação se solidificando a cada passo.

"Calyssa, você sabe o que está arriscando. Se alguém descobrir o que somos..."

"Eu sei, Akira, mas não posso deixar que ele seja sacrificado. Eu tenho que tentar."

Cheguei ao celeiro, meus olhos imediatamente buscando o grande cavalo deitado em um canto escuro. Zeus ergueu a cabeça quando me viu, seus olhos brilhando com dor e, ainda assim, com uma força silenciosa. Ele relinchou baixinho, como se estivesse implorando por ajuda.

Aproximei-me devagar, ajoelhando-me ao lado dele. Minha mão tocou suavemente sua crina enquanto eu observava os ferimentos profundos em seu flanco. Sangue seco cobria boa parte de seu pelo escuro.

— Ei, garoto. Está tudo bem. Eu vou te ajudar — sussurrei, minha voz suave como um sussurro de vento.

"Você sabe o que precisa fazer," Akira murmurou. Sua voz estava pesada, como se carregasse o peso de gerações em suas palavras.

Respirei fundo, procurei algo cortante pelo celeiro, até que avistei um objeto.

"Serve", sussurrou Akira.

As lembranças de minha família, de quem eu era, vieram como uma onda. O sangue dos Grey era único, uma herança. Uma maldição e uma bênção.

Pressionei a lâmina contra a palma da minha mão, cortando profundamente. O sangue vermelho rubro escorreu, quente e pulsante, como se carregasse o próprio poder em cada gota.

— Vai ficar tudo bem, Zeus, — sussurrei, espalhando meu sangue nos ferimentos dele.

O cavalo relinchou suavemente, seu corpo tremendo sob meu toque. Minhas mãos deslizavam pelo seu pelo, espalhando o sangue sobre as lacerações. À medida que o líquido tocava as feridas, algo começou a mudar. A carne parecia reagir, fechando-se lentamente, como se a própria vida estivesse sendo devolvida a ele.

"Isso é impressionante," Akira comentou, sua voz mais suave agora.

Continuei até que cada ferida estivesse tratada. Meu corpo tremia de exaustão, mas o olhar de Zeus, agora brilhando com força renovada, fez tudo valer a pena. Ele se levantou devagar, sacudindo a cabeça como se testasse seu corpo.

— Você é forte, garoto. Mais forte do que pensam — murmurei, sorrindo para ele.

Mas então, um arrepio percorreu minha espinha.

"Ele está aqui" Akira sussurrou.

Eu me virei rapidamente, o coração disparando.

— Então você é uma Grey.

A voz de Draven era baixa, mas carregava uma autoridade inabalável, como se o próprio espaço ao nosso redor se dobrasse à sua vontade. Meu corpo congelou, meu sangue gelou, e por um momento, eu não consegui respirar.

“Fomos descobertas,” Akira rosnou em minha mente, tensa, como se já se preparasse para lutar ou fugir.

Engoli em seco e me levantei devagar, virando-me para encará-lo. Ele estava ali, parado na entrada do celeiro, a luz do sol delineando suas feições sombrias e perigosas. Seus olhos brilhavam, fixos em mim, tão intensos que pareciam despir minha alma.

— Eu... Eu não sei do que você está falando — gaguejei, tentando soar convincente, mas minha voz saiu fraca.

Um sorriso predatório curvou os lábios de Draven, mas não era um sorriso caloroso. Era algo cruel, afiado como uma lâmina. Ele deu um passo à frente, e o som de suas botas contra o chão de madeira ecoou como trovões no silêncio do celeiro.

— Não sabe? — Ele inclinou a cabeça ligeiramente, como se estivesse analisando sua presa. — Não minta para mim, lobinha. Eu odeio mentiras. Você é uma Grey, não é? Você pertence a matilha sombria, a matilha que foi dizimada.

Meu coração martelava no peito. O peso de sua presença era esmagador, como se o próprio ar ao meu redor tivesse se tornado mais denso. Não consegui encontrar palavras, mas sabia que qualquer resposta errada poderia ser fatal.

— FALE! — Ele gritou de repente, acompanhado de um rosnado feroz, sua voz ecoando como um trovão, o som me atingindo com força.

Recuei um passo instintivamente, mas me forcei a parar. Ergui o queixo, tentando esconder o medo que borbulhava dentro de mim.

— E se eu for? — desafiei, minha voz mais firme do que eu esperava. — Vai fazer o quê? Vai me entregar aos meus inimigos? Vai me matar?

Por um momento, o silêncio reinou entre nós. Ele deu outro passo, se aproximando lentamente. Sua expressão era um misto de fúria contida e algo mais... algo que eu não conseguia decifrar. Quando ele parou diante de mim, sua altura e proximidade me faziam sentir pequena, mas eu não recuei.

— E se eu fizer? — Sua voz saiu baixa, um sussurro carregado de perigo, mas havia algo mais ali, algo mais profundo, escondido nas entrelinhas.

Antes que eu pudesse responder, sua mão subiu para o meu rosto. Seus dedos eram firmes, mas surpreendentemente gentis enquanto traçavam a linha do meu maxilar. Meu coração disparou, e eu odiei o quanto meu corpo reagiu ao seu toque.

Ele inclinou a cabeça, seus olhos cravados nos meus, como se estivesse procurando algo que nem eu sabia que existia.

— Eu vou matar todos aqueles que machucaram você.

As palavras foram ditas com tanta intensidade que me atingiram como um soco. Meu corpo ficou imóvel, e minha respiração ficou presa.

— O... o quê? — sussurrei, sem acreditar no que tinha acabado de ouvir.

“Ele disse isso mesmo?” Akira murmurou em minha mente, tão incrédula quanto eu.

Draven se aproximou ainda mais, seu nariz quase roçando o meu. O calor que emanava dele era quase sufocante, e sua proximidade fazia meu corpo inteiro ficar tenso, cada célula alerta.

— Eu disse que vou matar todos eles, — ele repetiu, sua voz baixa, mas implacável, como uma promessa gravada em pedra. — Cada um que ousou tocar em você, que ousou fazer você sofrer.

Sua boca estava tão próxima da minha que sua respiração quente acariciava meus lábios. Minha mente estava em um turbilhão, uma parte de mim querendo recuar, enquanto outra parte, a que eu não queria reconhecer, desejava ficar exatamente onde estava.

“Calyssa... ele é...” Akira começou, mas parou, como se estivesse sem palavras.

“Eu sei,” pensei de volta, confusa.

Draven pegou minha mão ensanguentada, seus dedos firmes ao redor dos meus. Ele ergueu a mão para inspecionar o corte, e seus olhos brilharam com algo que parecia uma mistura de curiosidade e... desejo?

— Você não deveria desperdiçar algo tão valioso assim — disse ele, sua voz suave agora, mas carregada de uma intensidade que fazia minha pele arrepiar.

Meu coração estava tão acelerado que eu podia ouvir o sangue pulsando nos meus ouvidos. Por um breve momento, algo estranho passou pela minha mente. Ele realmente é bem... atraente.

— Bom, você precisa de um banho. — Sua voz mudou de tom, tornando-se mais casual, mas seus olhos ainda estavam fixos em mim, avaliando cada reação minha. — Hoje haverá um baile na matilha. Você poderá participar também.

Ele começou a se virar, mas, antes que pudesse sair, minha voz o chamou.

— Draven.

Ele parou, os ombros tensos, mas não se virou imediatamente.

— Por que está fazendo isso? — perguntei, minha voz mais baixa, quase hesitante.

Ele ficou em silêncio por um momento, como se estivesse ponderando sua resposta. Quando finalmente se virou para mim, seu olhar parecia atravessar meu coração.

— Porque você tem mais valor para esta matilha do que para os nossos inimigos. — Suas palavras eram carregadas de um significado que eu não conseguia decifrar totalmente.

E então ele se foi, deixando-me sozinha com minhas perguntas e uma mistura caótica de emoções.

“Calyssa, você acha que ele está falando a verdade?” Akira perguntou, sua voz cautelosa.

“Não sei,” admiti, minha mente ainda presa na intensidade daquele momento. Mas, enquanto olhava para o corte em minha mão, uma nova preocupação surgiu.

E se ele estivesse me mantendo aqui por causa do meu sangue?

Meu sangue, a fonte de poder e destruição. E se ele fosse como os outros? E se, no fim das contas, eu fosse apenas uma arma para ele?

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Comments

Maria Izabel

Maria Izabel

Porque que a Akira não revelou que eles são companheiros que lobas mais desconfiada 🤔🧐♥️

2025-03-02

1

Fátima Ramos

Fátima Ramos

Essa loba não ajuda em nada a callisa, é muito desconfiada e dá conselhos nada bons

2025-02-28

1

Andressa Silva

Andressa Silva

mesmo que calissa não sinta o vínculo, mas Akira deveria por ser a loba dela

2025-03-03

0

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