O Jogo de Poder.

As luzes do bar piscavam como se estivessem em sintonia com a turbulência interna de Rafael. A atmosfera estava carregada de tensão, e o murmúrio dos clientes se tornara um som distante, quase abafado, enquanto ele se concentrava na figura à sua frente. Carlos "o Sorriso" era tudo o que ele desprezava: um manipulador, um criminoso que se escondia atrás de um sorriso cínico e uma fachada de respeito. Mas naquela noite, Rafael não estava ali para conversar sobre negócios; ele estava ali para fazer justiça.

“Você realmente acha que pode entrar aqui e me intimidar, delegado?” Carlos disse, inclinando-se para frente, seu sorriso se alargando. “A lei é uma piada, e você sabe disso. Você não passa de um peão em um jogo muito maior.”

Rafael sentiu a raiva fervilhar dentro dele, mas manteve a calma. “E você, Carlos? Você se vê como um rei em seu pequeno reino de corrupção? O que você não percebe é que este jogo, como você diz, está prestes a mudar. Eu não sou um peão. Sou o jogador.”

A garrafa de uísque na mesa entre eles era um símbolo de tudo o que estava em jogo. Para Rafael, cada gota daquela bebida representava vidas destruídas, sonhos esmagados e uma cidade sufocada pela criminalidade. Ele precisava que Carlos entendesse isso, que sentisse o peso de suas palavras.

“Você não tem ideia do que está lidando,” Carlos respondeu, sua voz baixa e ameaçadora. “Eu tenho homens que fariam de você um exemplo, se você ousar cruzar essa linha.”

Rafael não se intimidou. Ele conhecia o poder que Carlos exercia, mas também sabia que, por trás de toda aquela bravata, havia um homem que temia perder o controle. “E você não percebe que está cercado? Não apenas por seus homens, mas pela sua própria arrogância. A cidade está mudando, e eu sou parte dessa mudança.”

O olhar de Carlos se tornou frio, como o aço. “Você realmente acredita que pode me derrubar? Eu sou imortal nesta cidade. Não importa o que você faça, sempre haverá um jeito de voltar.”

Rafael respirou fundo, sentindo a adrenalina percorrer seu corpo. Ele não estava ali apenas para ameaçar; ele tinha um plano. Com um gesto sutil, ele sinalizou para o bartender, que se aproximou.

“Traga uma bebida para o nosso amigo aqui,” Rafael disse, mantendo o olhar fixo em Carlos. “Um brinde ao que está por vir.”

O bartender, confuso, trouxe um copo cheio de uísque e deixou-o sobre a mesa. Carlos pegou o copo, olhando para Rafael com desdém. “Você acha que pode me comprar com um drink? Isso é tudo o que você tem?”

“Não, Carlos,” Rafael respondeu, sua voz firme. “Isso é um aviso. A próxima vez que você me encontrar, pode não haver uma bebida. Pode ser seu último brinde.”

Carlos ergueu o copo, um sorriso torto nos lábios. “Saúde, então. Que venha o que tiver que vir.”

Rafael observou enquanto Carlos tomava um grande gole, sabendo que a conversa estava se aproximando do clímax. As palavras trocadas entre eles eram como espadas, cada uma mais afiada que a anterior. Mas Rafael sabia que precisava ser cuidadoso; a próxima jogada poderia determinar o futuro não apenas dele, mas de toda a cidade.

“Eu não estou aqui apenas para conversar,” Rafael disse, sua voz agora mais intensa. “Eu vim para te dar uma chance. Saia da cidade, desapareça, e você pode viver. Continue aqui, e eu prometo que não serei o único a querer sua cabeça.”

Carlos gargalhou, um som cru e desdenhoso que ecoou pelo bar. “Você está me ameaçando com o quê? Com a lei? Você não tem poder. Eu sou o poder. Você é apenas um homem solitário em uma luta perdida.”

Mas Rafael não estava sozinho. Ele tinha aliados, informações, e uma determinação que crescia a cada dia. “Acha mesmo que é só isso? Não sabe que eu tenho provas contra você? Provas que podem acabar com sua carreira e sua vida?”

O semblante de Carlos escureceu. “Provas? Você está falando de documentos? De testemunhas? Eu tenho controle sobre todos eles. Você não sabe com quem está lidando.”

“Eu sei muito bem,” Rafael respondeu, seus olhos se estreitando. “E é por isso que você deve temer. O que você construiu pode desmoronar em um instante. Você não é imortal, Carlos. E eu não sou um peão.”

A tensão aumentava à medida que os dois homens se encaravam, o bar em silêncio absoluto, como se o resto do mundo tivesse desaparecido. A adrenalina pulsava, e Rafael sabia que estava em um ponto de não retorno.

Carlos, percebendo que as coisas estavam saindo de seu controle, decidiu mudar sua abordagem. “Muito bem, delegado. Vamos jogar seu jogo. O que você quer? Dinheiro? Poder? Você pode ter tudo isso. Apenas não me faça perder o que construí.”

Rafael sentiu um frio na espinha. Era a primeira vez que Carlos mostrava um vislumbre de vulnerabilidade. “Eu não quero nada disso, Carlos. Quero que você pague pelas suas ações. Que você sinta o peso do que fez.”

“E se eu me recusar?” Carlos desafiou, a arrogância voltando a brilhar em seus olhos.

“Então terá que lidar com as consequências,” Rafael respondeu, sua voz mais firme. “E não será apenas eu que estará atrás de você. A cidade está cansada de você e dos seus métodos. O vento está mudando.”

Carlos se recostou na cadeira, analisando Rafael, como um caçador observando sua presa. “Então, o que você propõe exatamente?”

Rafael hesitou, pesando suas palavras. “Uma reunião. Um encontro com seus contatos. Você vai me ajudar a derrubar sua própria rede. E em troca, eu posso garantir que você sairá ileso.”

“Isso é um jogo arriscado, delegado. Você realmente acha que pode me manipular?”

“E você realmente acha que não posso? Você está cercado por mentiras, Carlos. E eu sou a única verdade que você não pode ignorar.”

O olhar de Carlos se endureceu, mas por um breve momento, Rafael viu uma faísca de dúvida. A semente da incerteza havia sido plantada, e agora ele precisava regá-la.

“Você tem uma semana,” Carlos disse finalmente, sua voz baixa. “Uma semana para provar que você não é apenas um homem solitário. Se você falhar, a próxima vez que nos encontrarmos não haverá bebida nem conversa. Haverá apenas um túmulo.”

Rafael assentiu, sentindo um misto de alívio e ansiedade. “Uma semana. E então, Carlos, você verá que a verdadeira justiça é implacável.”

Ele se virou para sair, o peso da decisão ainda pesado em seus ombros. O caminho que escolhera estava repleto de perigos, mas sabia que estava fazendo a coisa certa. A cidade precisava de um novo começo, e ele estava determinado a ser o agente dessa mudança.

Ao sair do bar, a chuva começou a cair, lavando as ruas de São Vitor. Cada gota parecia limpar a sujeira acumulada, e enquanto Rafael caminhava sob a tempestade, ele sentiu uma nova determinação crescer dentro dele. A batalha estava apenas começando, e ele estava pronto para enfrentar qualquer desafio que surgisse em seu caminho.

Mas em meio a essa determinação, uma sombra se projetava sobre ele. Carlos talvez fosse mais perigoso do que ele imaginara. E, na escuridão, o que Rafael não sabia era que seus próprios demônios estavam prestes a se tornar ainda mais reais, ameaçando não apenas sua missão, mas sua sanidade e sua vida.

O jogo de poder entre eles havia começado, mas as regras ainda estavam sendo escritas. E em uma cidade onde a linha entre o bem e o mal era tênue, Rafael Mendes estava prestes a descobrir que a verdadeira justiça muitas vezes exige um preço muito alto.

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