o Guardião do abismo

Capítulo 20: O Coração do Abismo

Dante sentia o peso da responsabilidade crescer a cada passo que dava. O som do metal contra as pedras frias da caverna ecoava, como um lembrete constante de sua missão. O fragmento sombrio que ele carregava em seu peito pulsava com força, como se tivesse vida própria, querendo se libertar. À medida que avançava pelos corredores escuros da antiga fortaleza, uma sensação de inquietação tomou conta de seu corpo. A energia sombria ao seu redor parecia sufocante, um presságio de que ele estava prestes a enfrentar algo além de qualquer batalha que já tivesse travado.

— Aqui estamos — murmurou Dante para si mesmo, seus olhos fixos na imensa porta de pedra à sua frente.

As inscrições antigas que cobriam a superfície da porta brilhavam fracamente com uma luz vermelha, como se reconhecessem sua presença. Ele sabia que além daquela porta estava o coração do abismo, o centro da corrupção que havia devorado tantos antes dele. Muitos haviam tentado enfrentar o mal que ali residia, mas poucos retornaram, e aqueles que o fizeram estavam irreconhecíveis, transformados pela própria escuridão.

Dante parou diante da porta e olhou para o fragmento em seu peito. Ele sentia o poder pulsando dentro de si, uma força tão grande e perigosa que quase o desestabilizava. Se fosse usado de maneira errada, poderia significar o fim de tudo, não só para ele, mas para o mundo inteiro. Mas ele não tinha escolha. Aquela era a última chance de erradicar o mal que se espalhava pelo mundo, de uma vez por todas.

Ele estendeu a mão, e a porta respondeu ao toque, se abrindo lentamente, como se convidasse-o a entrar.

— O que você espera, Dante? — disse uma voz familiar que ecoou nas profundezas da sua mente. A voz de Vera, a maga cínica que havia se tornado sua aliada. Ela sempre estava ali, em sua mente, questionando suas decisões.

— Eu não tenho escolha. — Dante respondeu em voz baixa, seus olhos agora fixos no caminho diante de si. A escuridão dentro da sala parecia engolir tudo ao redor.

À medida que ele atravessava a porta, a atmosfera mudava. O ar ficava mais denso, quase elétrico, e um frio sobrenatural o envolvia. Seus passos ressoavam nas paredes, mas logo desapareceram na imensidão da sala à sua frente.

A sala era gigantesca, com paredes que pareciam se estender para o infinito. No centro, uma enorme formação de cristal negro emanava uma luz pulsante, como se fosse o coração pulsante de um deus esquecido. Dante sabia que aquilo era a chave. O fragmento sombrio em seu peito se contorcia com um poder crescente, reagindo à presença da formação de cristal.

— O que é isso? — sussurrou Dante, seus olhos fixos na estrutura que parecia estar viva.

Uma risada ecoou na sala, baixa e arrepiante. Dante se virou com rapidez, mas não havia ninguém ali.

— Você finalmente chegou, Dante Vale — disse a voz, mais clara agora, reverberando nas paredes da sala.

A risada cessou, e então uma figura surgiu das sombras. Era uma figura encapuzada, seus olhos brilhando com uma luz vermelha intensa. O poder emanando dele era esmagador, algo que Dante nunca havia sentido antes.

— Quem é você? — Dante perguntou, seus olhos se estreitando.

— Eu sou o que você procura, e ao mesmo tempo, sou o que você teme. — A figura deu um passo à frente, e a energia na sala parecia se distorcer. — Eu sou o abismo, e o abismo é parte de você. Você carrega minha essência, Dante. E por isso, chegou até aqui.

Dante sentiu o fragmento em seu peito reagir, vibrando com intensidade. O poder da figura era incomparável, mas ao mesmo tempo, havia algo familiar na presença dele. Dante sentiu uma conexão instantânea com a figura, como se estivesse diante de uma versão distorcida de si mesmo.

— Você não é um inimigo... — Dante disse, embora sua voz tremesse. Ele entendia agora. A figura diante dele não era alguém fora de seu controle, mas sim, parte de sua própria essência. Ele havia sido consumido pela corrupção, mas ainda havia uma parte de si mesmo que se recusava a sucumbir.

A figura sorriu, mas a expressão era triste, quase como se ela lamentasse o destino de Dante.

— Sim, você compreende. O fragmento sombrio dentro de você é apenas uma parte de mim, mas ele se alimenta de você. A cada dia, a cada batalha que você vence, você se aproxima de mim, e um pouco mais de sua humanidade se perde.

Dante deu um passo à frente, seus olhos agora ardendo com determinação. O poder da figura ainda o esmagava, mas ele não iria desistir.

— Eu não sou você — disse Dante, a voz firme. — Eu sou Dante Vale, e sou mais do que a escuridão que você representa. Vou destruir você. Não importa o custo.

A figura balançou a cabeça lentamente.

— Isso é o que todos dizem, até perceberem que não podem escapar do próprio destino. Mas você não está preparado, Dante. O abismo é infinito, e sua luta é fútil.

O ar ao redor de Dante começou a se comprimir, e a energia sombria aumentou. Ele sentia seu corpo sendo puxado para o centro da sala, como se a escuridão estivesse tentando consumi-lo.

— Eu não sou o único a decidir isso — respondeu Dante. Ele fechou os olhos por um momento, concentrando-se. A energia do fragmento sombrio se fundia com sua própria, e ele a dominava, canalizando-a em um poder formidável. A luz púrpura de sua espada brilhou com intensidade.

— Eu vou lutar até o fim! — gritou Dante, correndo em direção à figura, a espada levantada.

A batalha foi feroz, um confronto de energias opostas. Cada golpe de Dante era um golpe contra a própria escuridão, uma luta contra sua própria corrupção. O poder da figura tentava retirá-lo do caminho, mas Dante resistiu, não apenas com força física, mas com sua própria vontade de vencer.

Por momentos, parecia que a figura ia prevalecer. Mas Dante não desistiria. Ele não era mais o fraco caçador de antes. Ele havia crescido, evoluído, e agora carregava o fragmento sombrio com um novo propósito.

Com um grito, Dante investiu com tudo o que tinha, a espada cortando o ar com uma explosão de luz. A figura diante dele recuou, mas não foi o suficiente para detê-lo.

No instante seguinte, o poder do fragmento se chocou com o cristal negro no centro da sala, criando uma onda de energia que fez toda a fortaleza tremer. Dante caiu de joelhos, exausto, mas sabia que havia dado o primeiro passo para a vitória. Ele tinha destruído o núcleo do abismo, mas o preço a ser pago ainda estava por vir.

O abismo não havia sido derrotado completamente, mas agora ele sabia que não estava mais sozinho. Ele havia enfrentado a escuridão e sobrevivera, e agora, mais do que nunca, ele estava determinado a destruir o mal de dentro para fora.

O futuro ainda era incerto, mas Dante Vale estava pronto para a próxima batalha.

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