Capítulo 5: O Preço da Ascensão
A névoa densa envolvia o campo de batalha como um manto macabro. Dante, com sua espada jagada empunhada, observava o fragmento de cometa flutuando à sua frente, sua superfície iridescente refletindo a luz tênue da lua. O poder dentro dele era como um furacão esperando para ser libertado, mas ele sabia que cada uso de sua energia sombria tinha um preço.
— Não se aproxime, Dante — gritou uma voz familiar ao longe.
Era Aira, uma das poucas pessoas em quem ele ainda confiava. Ela avançava, seu manto escuro ondulando como se estivesse sendo puxado por um vento invisível. Os olhos dela estavam cheios de uma preocupação evidente, mas havia também uma sombra de medo.
Dante permaneceu imóvel, sem olhar para ela. Sua expressão estava imperturbável, mas por dentro, ele sentia o peso da batalha à sua frente. Os monstros que se aproximavam não eram comuns. Cada um deles emanava uma aura sombria, o que significava que estavam sendo controlados por uma força muito mais poderosa.
— Dante, você não pode continuar assim — Aira disse, dando um passo à frente, sua voz tingida de desespero. — A energia que você absorveu está corrompendo sua alma. Você não pode mais controlar isso!
Ele deu uma risada amarga. Sua mão, apertando a espada, tremia levemente.
— O que você sugere, Aira? Que eu me entregue à morte? Que eu continue sendo um caçador de segunda classe enquanto o mundo é consumido pela escuridão? — sua voz carregava uma raiva reprimida, mas também uma tristeza profunda. — Eu não tenho escolha. Todos ao meu redor estão morrendo. E quem mais poderia impedir isso, senão eu?
Aira olhou para ele, suas mãos levantadas como se tentando tocar sua alma, mas hesitou. Ela sabia o quão perigoso ele se tornara. Não era mais o homem fraco e desprezado que ela conhecera; ele estava se tornando algo mais… algo perigoso.
— Você não entende, Dante — disse ela, com a voz vacilante. — Esse poder vai te consumir. Eu já vi isso acontecer antes. O Fragmento Sombrio é um veneno. Se você continuar assim, você se tornará como eles… um monstro.
Dante finalmente virou-se para ela, seus olhos iluminados pela aura sombria que emanava do fragmento flutuante. Sua expressão estava vazia, mas os olhos eram penetrantes, como se tudo ao redor dele estivesse desmoronando. Ele sentia a corrupção tomar conta dele, mas também uma força avassaladora. Um desejo de vingança, de proteção, de… redenção.
— Eu sei o que posso me tornar, Aira — ele disse, sua voz mais baixa agora, como se ele estivesse falando consigo mesmo. — Mas não posso parar. Não enquanto eles ainda estiverem lá fora, ameaçando todos nós. Não enquanto a humanidade ainda tiver uma chance de lutar.
Aira olhou para o céu nublado, como se tentando encontrar alguma resposta nos céus escuros. Ela sabia que estava perdendo Dante. Mas o que mais ela poderia fazer? Ele estava além de suas palavras agora. O fragmento tinha tomado conta de sua alma. Ele se tornara mais forte, mas a um custo imensurável.
— Então você já tomou sua decisão — Aira disse, finalmente abaixando os braços e se afastando. Seus olhos estavam úmidos, mas ela não poderia impedir o que estava por vir. — Se você não voltar atrás, Dante, será o fim para nós dois.
Dante não respondeu. Ele já sabia o que precisava fazer. Ele olhou novamente para os monstros que se aproximavam, sentindo a crescente necessidade de lutar. Mas havia algo em seus olhos agora — uma incerteza, uma dúvida. Ele queria lutar, mas uma parte dele queria resistir ao poder. Era como se ele estivesse em uma guerra interna, lutando contra a escuridão que ameaçava engolir tudo.
— Então, vamos acabar com isso — disse Dante, sua voz carregada de determinação, mas também de algo mais. Algo que ele não conseguia definir.
Aira se afastou, seu manto escuro flutuando atrás dela enquanto ela desaparecia na escuridão. Dante ficou sozinho no campo de batalha, os monstros agora à sua vista. Eles eram vastos e monstruosos, com garras afiadas e olhos que brilhavam como brasas. Ele podia sentir a energia deles, corrompida pela mesma força que agora dominava sua própria essência.
Ele respirou fundo, sentindo o poder sombriamente familiar se espalhando por seu corpo. A aura negra ao seu redor se intensificou, e o fragmento acima de sua cabeça começou a brilhar com uma intensidade crescente.
— Véu do Abismo! — Dante gritou, e uma onda de escuridão pura irrompeu ao seu redor, engolindo os monstros mais próximos em um turbilhão de sombras e violência. Sua espada, agora completamente envolta em energia escura, cortava através dos inimigos com uma facilidade assustadora.
Os monstros, que antes pareciam ser uma ameaça imensa, estavam sendo lentamente obliterados pela força que Dante agora comandava. Cada golpe que ele desferia trazia consigo uma explosão de energia negra, como se o próprio abismo estivesse sendo liberado através de sua lâmina.
Mas a cada ataque, o preço de sua corrupção se tornava mais evidente. Ele sentia seu corpo pesar, como se cada uso do poder fosse um pedaço de sua humanidade sendo arrancado. Seus músculos estavam em chamas, e sua mente começava a se perder. O que ele estava fazendo?
— Eu não posso… parar — ele murmurou, sua voz falhando. A dor era quase insuportável. O poder que ele controlava não era apenas uma bênção. Era uma maldição.
Mas ele sabia que não havia volta. Não enquanto os monstros continuassem surgindo, não enquanto a escuridão ameaçasse engolir o mundo.
No fundo, ele sabia o que precisava fazer. Ele tinha que destruir tudo para salvar o que restava.
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Atualizado até capítulo 30
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