Capítulo 17 - O Retorno das Sombras
A neblina densa envolvia o campo de batalha, transformando o terreno em um pesadelo nebuloso. Dante sentia a presença das criaturas antes mesmo de vê-las. A energia sombria no ar parecia pulsar, uma batida rítmica que ecoava em sua mente. O Fragmento Sombrio flutuava ao lado dele, irradiando uma luz tênue, mas suficiente para iluminar seu caminho. O ar estava pesado com o cheiro de terra molhada e sangue seco. O lugar onde se encontrava era um antigo campo de batalha, onde guerreiros e monstros haviam se enfrentado há muito tempo. As ruínas ao seu redor, cobertas por musgo e escuridão, contavam histórias de uma guerra esquecida.
— Você está preparado para o que está por vir? — A voz de Lyra, a maga cínica que o acompanhava, interrompeu seus pensamentos.
Dante não respondeu de imediato. Ele observava as sombras se movendo nas paredes de pedra, como se as ruínas respirassem com uma vida própria. As palavras de Lyra ecoaram em sua mente, mas ele já sabia a resposta. Não havia preparação para o que estava prestes a enfrentar. O poder do Fragmento Sombrio dentro dele crescia, e com ele, o peso da responsabilidade e o risco de perder a própria humanidade. Mas ele não tinha escolha.
— Estamos aqui para terminar o que começamos — disse Dante finalmente, sua voz baixa, mas firme.
Ele apertou a empunhadura de sua espada, sentindo o calor da energia negra pulsando nela. A lâmina agora não era mais apenas uma arma. Era uma extensão de sua própria alma, moldada pela escuridão que ele estava aprendendo a controlar.
Lyra se aproximou, seus olhos vermelhos brilhando com uma mistura de desconfiança e respeito.
— Você está mudando, Dante. Esse poder... — ela hesitou, como se ponderasse se deveria dizer o que realmente pensava. — Está corrompendo você.
Ele se virou para ela, um olhar penetrante em seu rosto. Não estava em busca de aprovação, nem queria conselhos. Sabia o que estava acontecendo, sabia que sua essência estava sendo moldada pelas sombras que tomavam conta de sua alma. Mas o poder era sedutor, e agora que estava tão perto de encontrar as respostas que procurava, ele não podia recuar.
— Eu sei o que estou fazendo, Lyra — respondeu ele, a voz mais suave, mas carregada de determinação. — Mas isso não vai me destruir. Não vou deixar que me destruam.
O campo de batalha ficou em silêncio, exceto pelo som do vento que soprava suavemente entre as ruínas. Dante sentiu uma vibração no ar, como se algo estivesse se aproximando. Ele levantou a espada, preparado para o que quer que surgisse das sombras. Lyra, ao seu lado, também se posicionou, conjurando uma esfera de fogo em sua mão, iluminando o ambiente com um brilho quente.
Então, o som veio. Um rugido profundo e gutural, seguido por uma série de passos pesados que faziam o chão tremer. Dante virou-se rapidamente, os olhos atentos, escaneando as sombras ao redor. De repente, uma figura monstruosa emergiu da escuridão. Sua pele era como rocha escura, e seus olhos brilhavam com uma intensidade feroz. O monstro tinha a forma de uma besta, mas seu tamanho e poder eram incomparáveis. Suas garras afiadas cortavam o ar enquanto ele avançava em direção a Dante e Lyra.
— Eu sabia que ele viria — disse Dante, seu tom sombrio, mas determinado. — A primeira das Sombras Eternas.
Lyra recuou, lançando um feitiço de proteção ao redor de ambos. Dante, no entanto, avançou. Seu corpo estava imerso na energia do Fragmento Sombrio, e ele sabia que não poderia hesitar. A luta que se aproximava seria sua mais difícil até agora.
— Fique atrás de mim — disse Dante, sem olhar para Lyra.
Ele avançou em direção ao monstro, a espada em sua mão brilhando com a energia negra que agora se mesclava com a força de sua própria vontade. O monstro rugiu, uma onda de pressão que quase fez Dante perder o equilíbrio, mas ele se manteve firme, deslizando para o lado para evitar a enorme pata do monstro que desceu com força.
A batalha começou com uma fúria desenfreada. O monstro atacava sem parar, mas Dante esquivava-se com agilidade, utilizando a velocidade aumentada pela energia sombria que corria em suas veias. Sua espada cortava o ar, criando rasgos de luz negra que iluminavam a cena com flashes curtos de poder. Cada golpe era mais forte que o anterior, e a cada movimento, Dante sentia a energia do Fragmento fluir mais livremente, mais forte.
— Cuidado! — gritou Lyra, jogando uma bola de fogo contra o monstro, que a desviou com um golpe de sua garra gigante. Mas isso foi o suficiente para Dante avançar, aproveitando a distração.
Ele se aproximou, seus músculos tensos com o esforço. A espada cortou a carne do monstro, e uma explosão de energia sombria invadiu o ar, fazendo a criatura recuar. Mas ela não estava derrotada. Sua pele rochosa se regenerava rapidamente, e com um rugido ensurdecedor, ela se lançou novamente para Dante.
— Está mais forte do que eu imaginava — disse Dante para si mesmo, se preparando para o próximo golpe. Ele sentiu o Fragmento vibrar dentro dele, como se estivesse reagindo à ameaça à sua frente.
O monstro avançou mais uma vez, mas dessa vez, Dante não se esquivou. Ele canalizou toda a sua energia sombria em um único ataque. A espada se iluminou com uma aura negra tão intensa que parecia engolir toda a luz ao redor. Com um grito, ele avançou para o monstro e, com um movimento preciso, fincou a lâmina em seu coração.
O monstro estremeceu e, com um último rugido de fúria, desmoronou no chão. Dante ficou ali, respirando pesadamente, observando enquanto a criatura se desintegrava lentamente, deixando para trás apenas cinzas e pó. Ele sentiu um leve tremor no chão, como se algo mais estivesse prestes a surgir.
— Foi... mais difícil do que eu esperava — disse Dante, limpando a lâmina da espada.
Lyra se aproximou, seus olhos estavam fixos nele, mas ela não disse nada. Havia algo diferente em Dante agora. Algo que ela não sabia como lidar.
O Fragmento Sombrio pulsou com força, e Dante sentiu uma onda de poder o invadir. O monstro havia sido derrotado, mas ele sabia que isso era apenas o começo. Algo maior estava vindo, algo que ele não estava preparado para enfrentar. Mas agora não havia volta.
— Vamos continuar. — Ele se virou, determinado a seguir adiante.
Lyra hesitou, mas seguiu atrás dele. O futuro deles estava nas sombras, mas não havia mais como fugir. Eles estavam em uma jornada sem fim, e Dante agora era mais do que um simples caçador. Ele era a chave para um novo destino, um destino que ele não poderia controlar.
Mas ele estava pronto. O abismo não o consumiria. Pelo contrário, ele se tornaria seu mestre.
Fim do capítulo 17.
Este capítulo representa um ponto de virada na jornada de Dante, onde ele começa a aceitar seu destino e as implicações do poder que carrega. A batalha simboliza sua luta interna com a corrupção e o controle da escuridão que ameaça consumir sua alma.
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Atualizado até capítulo 30
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