Capítulo 14: O Estandarte Sombrio
A lua estava oculta por uma espessa camada de nuvens, e o campo diante de Dante parecia uma extensão interminável de desolação. As árvores, retorcidas e negras, se erguiam como sentinelas mudas, testemunhas de um mundo que havia sucumbido à corrupção do cometa. Ele havia seguido até ali, guiado por uma força que mal compreendia, mas não tinha escolha. O Fragmento Sombrio, aquela relíquia proibida, pulsava com um poder imenso dentro dele, e sabia que aquilo não era apenas uma benção — era um estandarte, um símbolo de algo muito maior.
— Não sei por que ainda estamos indo atrás disso, Dante. — A voz de Luna, sua aliada, cortou o silêncio, trazendo-o de volta à realidade. A maga estava atrás dele, os olhos escuros fixos no horizonte. — Eu sei que você sente isso. Eu sinto também. Mas há algo errado. Algo muito errado.
Dante parou de repente. As palavras de Luna pesavam em sua mente, mas ele não podia admitir. Não ainda. Ele sabia que havia algo mais em jogo, algo que ele ainda não conseguira entender completamente. O Fragmento estava lhe dizendo para continuar, para buscar o que estava além, o que ninguém mais poderia alcançar.
— Não podemos parar agora, Luna. — Ele respondeu, a voz rouca, carregada de uma determinação que ele próprio mal reconhecia. — Algo está chamando. Eu… Eu preciso ver o que é.
Luna suspirou, aparentemente derrotada, mas não questionou mais. Ela sempre soubera que ele era obcecado pela busca. A jornada havia começado como uma simples missão para destruir uma base de Sombras Eternas, mas agora havia se transformado em algo muito maior. Algo que poderia definir o destino de todos.
À medida que caminhavam, o terreno começava a mudar. O ar ficava mais denso, mais pesado. O poder do Fragmento se intensificava, como se a própria terra reagisse à sua presença. O som de passos era abafado pela neblina espessa que se espalhava, quase como se quisesse engolir tudo ao redor.
Então, como se fosse um reflexo do que sentiam, uma rachadura apareceu no chão à frente deles, se abrindo lentamente como uma boca de um monstro faminto.
— Dante… — Luna tentou alertá-lo, mas foi tarde demais.
Com um estrondo ensurdecedor, a rachadura se expandiu rapidamente, e uma criatura monstruosa, formada por pura escuridão, surgiu diante deles. Seus olhos brilhavam como brasas, e sua forma serpenteava pelo ar, uma amalgama de sombras que se contorciam. O monstro não tinha forma definida, mas Dante podia sentir o poder emanando dele. Era uma das Sombras Eternas, mas algo estava diferente. Ela parecia mais forte, mais inteligente.
Dante levantou a espada com um movimento fluido, como se já soubesse o que fazer. O Fragmento em seu peito pulsou, e o ar ao redor dele se distorceu, moldando-se à sua vontade. Ele sentia as correntes de energia sombria fluindo através dele, misturando-se com o poder de sua espada. Era uma fusão perigosa, mas necessária.
— Afaste-se, Luna! — ele gritou.
A maga não hesitou. Ela recuou para o lado, conjurando um feitiço de defesa, mas o monstro não parecia interessado nela. Ele avançou, os tentáculos de sombra se estendendo em direção a Dante com uma velocidade assustadora.
— Você não vai me parar. — Dante rosnou, e com um movimento preciso, cortou um dos tentáculos que se aproximavam.
A lâmina de sua espada vibrou com uma energia escura, cortando a matéria das Sombras Eternas como se fosse nada. O monstro recuou, rugindo de dor, mas Dante não deu tempo para ele se reorganizar. Com uma corrida rápida, ele saltou para frente, desferindo um golpe vertical que cortou o corpo da criatura ao meio.
Mas, para sua surpresa, o monstro não caiu. Ele se recombinou rapidamente, as sombras se juntando novamente. Era como se a criatura não fosse feita de carne, mas de puro vácuo, uma essência de escuridão que não podia ser destruída de maneira convencional.
— Essa coisa… — Luna murmurou, seus olhos brilhando com magia, tentando entender a natureza da besta. — Ela se regenera. Não vai ser fácil derrotá-la.
Dante não respondeu, focado em seu inimigo. O Fragmento pulsava dentro dele, e a voz distante que ele começava a ouvir tornou-se mais clara. “Use o poder. Não tenha medo dele. Torne-se o estandarte.”
Ele fechou os olhos por um instante, sentindo o fluxo da energia sombria dentro de seu corpo. Ele não sabia como, mas sabia o que precisava fazer. A espada em sua mão brilhou com uma luz negra intensa, e ele a ergueu mais uma vez. Agora, ele estava no controle. Não mais uma marionete da corrupção. Não mais um mero Incarnado. Ele era algo mais, algo além.
Com um rugido feroz, ele cortou o ar, e um raio de pura escuridão disparou de sua lâmina, atingindo o monstro diretamente no coração. Mas a energia não o destruiu. Em vez disso, a criatura foi consumida pela mesma escuridão que a formava, seu corpo se desintegrando como se fosse feito de poeira. Dante sentiu o impacto da vitória, mas não havia satisfação em seu coração. Algo ainda o chamava.
— Isso… Isso não é o fim. — Dante murmurou, olhando para onde o monstro havia desaparecido.
Luna se aproximou com cautela, os olhos ainda atentos a qualquer sinal de perigo. — O que você quer dizer com isso?
— O Fragmento… ele está me guiando. — Dante olhou para o objeto que pulsava em seu peito, o poder crescendo cada vez mais forte. — E eu sei que há algo mais. Algo maior. Algo que vai além de tudo o que imaginamos.
Luna franziu a testa. — Então, você acha que estamos apenas começando?
Ele assentiu, a resposta em seu olhar tão clara quanto o céu antes da tempestade.
— Sim. Estamos apenas começando.
A medida que as palavras saíam de sua boca, uma luz intensa irrompeu do chão à frente deles. A terra tremeu, e uma imensa figura se ergueu diante de Dante, envolvendo-os em uma aura de escuridão que mais parecia um horizonte distante.
Era o estandarte.
Ele finalmente tinha chegado.
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Atualizado até capítulo 30
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