BRIX
Ah, o clã Brix… poucos hoje se lembram deles, mas aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-los sabem que sua presença era como a de um sopro suave em uma manhã calma, uma leveza que poucos conseguiam explicar. Eles viviam numa harmonia quase mágica com os outros clãs. Não havia luta, não havia ambição – os Brix pareciam simplesmente estar lá, como uma constante silenciosa, sempre sorrindo, sempre pacíficos.
Dizem que todos eles possuíam cabelos brancos, tão alvos quanto a primeira neve do inverno, aquela que cai devagar e cobre o mundo com uma pureza intocada. Seus olhos eram de um roxo hipnotizante, como ametistas raras encontradas no fundo das montanhas, e brilhavam com uma bondade que parecia nunca se apagar.
Mas havia mais. Algo quase… sobrenatural. Ao contrário de qualquer outro clã, tanto homens quanto mulheres do clã Brix podiam gerar vida. Era uma tradição que unia a todos, uma igualdade que transcendeu séculos. Para os Brix, essa capacidade era uma bênção – um símbolo de unidade, algo sagrado e precioso. E eles viviam sem grandes luxos, mas com uma simplicidade e doçura que os tornavam admirados e respeitados por todos ao seu redor.
Claro que nem todos enxergavam isso com bons olhos. O clã Fomeger, sempre ambicioso e desconfiado, sentia-se incomodado com a serenidade dos Brix. Onde eles viam harmonia, os Fomeger viam fraqueza; onde outros viam bondade, eles enxergavam uma ameaça silenciosa. Aos poucos, a inveja cresceu como uma erva daninha em seus corações, sufocando qualquer traço de bondade que pudessem ter.
'Por que eles e não nós?', perguntavam entre si, como se o próprio universo lhes devesse a mesma paz que os Brix pareciam possuir naturalmente. E, então, em uma noite fria e sem estrelas, o clã Fomeger decidiu que chegara o momento de eliminar qualquer traço daquela serenidade que tanto os incomodava.
Eu estava lá quando aconteceu. Não me peça para contar todos os detalhes, porque ainda hoje eles me trazem arrepios. O clã Fomeger chegou silencioso, como sombras que se movem entre as árvores, e quando o primeiro grito ecoou na noite, já era tarde demais para qualquer um dos Brix. Eram pacíficos, não tinham defesas, armas ou sequer o desejo de revidar. Mas aquela noite… aquela noite eles foram consumidos pelo medo, algo que nunca haviam conhecido antes.
Os Fomeger, guiados pelo ódio, não pouparam ninguém. Não houve clemência, não houve perdão. Casa por casa, família por família, até que o último dos Brix caísse. Não sobrou uma alma sequer para contar a história. Era como se um vento frio tivesse passado e apagado qualquer traço de sua existência.
E desde aquela noite, o clã Brix vive apenas nas palavras de quem ainda ousa contar essa história.
“E foi assim que o clã Brix desapareceu. Não sobrou ninguém”, terminou o garoto, com uma expressão solene. Ele observou os rostos dos colegas, esperando que eles entendessem a grandiosidade e a tristeza da história que acabara de contar. Mas o que ouviu em resposta foi um murmúrio que cortou o silêncio:
-Para de contar mentira…-diz uma garota de cabelo marrom claro.
Alguns colegas soltaram risadas abafadas, sussurrando entre si. O garoto sentiu um leve desconforto, mas manteve o olhar firme. “É verdade! Tô dizendo a verdade!” insistiu, sua voz carregando a inocência de alguém que acredita em cada palavra.
Nesse momento, o narrador se concentra em Liam Payne, o novo aluno, que acabara de entrar pelo portão principal do maior colégio do país. Ele vinha de uma linhagem peculiar – o clã Laranjer, conhecido por suas características vibrantes. Liam tinha cabelos de um laranja intenso, que brilhavam sob a luz do sol, como se estivessem imersos na energia e na vitalidade de sua origem.
Ao passar pelo portão, Liam sentiu um impulso genuíno de felicidade. Ele deu alguns pulinhos, as mãos se elevando ao céu em um gesto espontâneo, irradiando sua alegria. Era uma atitude comum entre o clã Laranjer, um povo conhecido por sua natureza alegre e expressiva. Mas para muitos alunos que assistiam à cena, o comportamento de Liam parecia incomum, até estranho.
-Como alguém do clã dele veio parar nesse colégio?- murmurou um dos alunos, enquanto outros apenas observavam, olhos cheios de curiosidade e julgamento.
Liam, no entanto, não se deixava abalar. Ele possuía uma doçura e um carisma que irradiavam naturalmente, um sorriso fácil e um olhar acolhedor que contrastavam com a frieza que recebia ao seu redor. Ele sabia que não seria fácil, mas estava determinado a ser fiel a quem era, mesmo que estivesse longe de casa e rodeado de olhares que não o compreendiam.
A chegada de Liam ao colégio era o começo de uma nova história, um conto de coragem, aceitação e descobertas – e ele estava pronto para enfrentar tudo com a alegria que só o clã Laranjer possuía.
Liam, ainda radiante de alegria, olhou ao redor e sentiu seu coração pulsar mais forte. -Nossa... eu realmente estou estudando no colégio dos maiores clãs do mundo!-, pensou, com um sorriso discreto nos lábios. A realidade começava a se formar em sua mente, e ele sentia um misto de maravilhamento e apreensão.
Enquanto seus olhos percorriam o ambiente, ele notou a variedade de cores entre os alunos. Havia cabelos de tons inusitados, cada um revelando a identidade e o poder único de um clã distinto. Era como se estivesse em meio a um arco-íris vivo, onde cada cor carregava uma história, uma linhagem, uma força.
Mas então, uma dúvida surgiu. -Por que não tem ninguém do clã Laranjer?-O pensamento ecoou em sua mente, despertando uma leve inquietação. -Será que… eu sou o primeiro?- Era uma ideia excitante e um pouco assustadora. Ele imaginava se estaria à altura das expectativas, se conseguiria mostrar ao mundo o valor do seu clã, o clã Laranjer, conhecido pela alegria contagiante e pela energia vibrante.
De repente, ele percebeu que todos os olhares estavam voltados para ele. Alunos de vários clãs o encaravam com expressões curiosas, alguns até com um toque de ceticismo. Liam sentiu o peso daqueles olhares, mas, ao invés de se intimidar, respirou fundo e deixou que sua confiança florescesse.
Era novo naquele ambiente, mas isso não significava que deixaria de ser quem era. Ele sorriu de leve, endireitou a postura e continuou caminhando com a cabeça erguida, determinado a mostrar ao mundo o espírito inabalável do clã Laranjer.
Liam subiu as escadas com passos leves, ainda tomado pela euforia de estar finalmente no colégio dos grandes clãs. Mas logo percebeu que os olhares continuavam fixos nele, intensos e cheios de julgamento. Ao chegar ao topo da escadaria, ele se virou, observando os rostos curiosos e sussurrantes que o encaravam lá embaixo.
De repente, uma voz se destacou no meio do murmúrio, com um tom de deboche: -Esse aí tá ferrado! Quebrou uma lei dos clãs!- Riram, e Liam franziu as sobrancelhas, sentindo uma pontada de dúvida. -Será que é mesmo um Laranjer?-, alguém respondeu, rindo, enquanto outro completava: -É claro que é! Olha o cabelo dele!-
O alvoroço continuava. -Mas é estranho… os Laranjer sabem todas as regras da hierarquia dos clãs de trás para frente, e esse aí quebrou logo a primeira! Ninguém pode começar nada sem a permissão do clã Fomeger. Ele tá morto!.
As palavras caíram sobre Liam como um balde de água fria. Ele mal havia chegado e já parecia ter infringido uma regra que nem sabia que existia. Enquanto assimilava a informação, sentiu uma onda de tensão percorrer seu corpo. Lentamente, voltou-se para a enorme porta à sua frente e estendeu a mão para a maçaneta, tentando disfarçar o nervosismo.
Mas, antes que pudesse tocar na maçaneta, alguém surgiu do nada, bloqueando seu caminho. Era uma figura imponente, de olhar severo e postura rígida. A presença daquela pessoa trouxe um silêncio imediato ao redor, como se todos soubessem que o momento era crítico.
Liam ficou paralisado ao encarar o rapaz à sua frente. Ele era imponente, com um ar ameaçador que exalava confiança e uma presença tenebrosa. Os olhos de Félix, intensos como brasas, o fitaram com desdém enquanto ele se aproximava. O silêncio ao redor era quase palpável, e Liam sentiu o peso do momento.
-Quem é você?- perguntou Félix, sua voz firme e carregada de autoridade. Liam, tentando conter o nervosismo, respondeu com voz trêmula, -Eu... eu sou Liam.-
Félix franziu o cenho, e seu rosto assumiu uma expressão de desgosto. -Liam?- ele repetiu, quase como um grito. -O que você tá fazendo aqui em cima? Era pra você estar lá embaixo, com os outros!- Sua voz ecoou pelo corredor, fazendo Liam dar um passo involuntário para trás.
Com um gesto brusco, Félix tirou a mão do bolso, o olhar firme e ameaçador. Por um momento, Liam pensou que seria golpeado, e seu corpo se enrijeceu em antecipação. Mas então, uma voz interrompeu o momento, gritando atrás de Félix.
-Félix!- A voz fez com que Félix se virasse, sua expressão suavizando por um segundo. Ele então percebeu algo nos olhos de Liam – um breve lampejo de cor roxa. Seus olhos estreitaram-se, como se visse algo impossível.
Antes que pudesse reagir, uma mão pousou no ombro de Félix. -Calma, primo,- disse o recém-chegado, a voz cheia de autoridade. Félix respirou fundo e, voltando-se novamente para Liam, murmurou com frieza: -Vá lá para baixo… e fique bem longe de onde eu possa te ver.-
Sentindo o peso de cada olhar ao seu redor, Liam engoliu em seco e assentiu. Desceu as escadas com passos rápidos, os olhares dos outros alunos cravados nele. Encontrou um canto entre a multidão e se escondeu, tentando acalmar o coração acelerado enquanto as palavras e a presença de Félix ainda ecoavam em sua mente.
***Continua***.....
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Hyunlix
Eu estou amando até agr, muito interessante.
E o nome do personagem ser "Félix" é muito legal
2024-11-18
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