eu te amor

Félix estava parado na entrada do refeitório, os olhos fixos em Liam, enquanto uma tempestade se formava em sua mente e coração. Algo incontrolável começava a crescer dentro dele, algo que ele nunca sentira antes. Era como se uma força invisível estivesse enraizando Liam em seus pensamentos, pulsando cada vez mais forte, cada vez mais intensa, como um sussurro constante que ele não conseguia silenciar.

Ele tentou desviar o olhar, mas os olhos de Liam pareciam prendê-lo, puxando-o para uma profundidade desconhecida. Uma onda de pensamentos e sensações o invadiu, deixando-o perturbado e sem fôlego. -Isso não é possível,- ele pensou, tentando afastar o tumulto em sua mente. -Por que estou pensando nele assim? Ele não é nada para mim… Ele não pode ser nada para mim.

Félix apertou as mãos em punho, respirando fundo, forçando-se a virar e caminhar para longe. Mas mesmo enquanto se afastava, sentia a presença de Liam dentro de si, crescendo, preenchendo todos os cantos de seu coração e mente como uma sombra que ele não conseguia evitar. Era como se, a cada passo que tentava dar para longe, Liam se tornasse mais presente, mais inescapável. Ele estava furioso consigo mesmo, incapaz de controlar esses sentimentos que surgiam como uma maré avassaladora.

Enquanto andava pelo corredor, perdido em sua própria confusão, ele foi abordado por Blue, sua namorada, a quem ele sempre considerou uma âncora em sua vida. Ela era forte, segura, alguém que ele respeitava e confiava. Seu clã, o clã do Mar, era o segundo mais poderoso do mundo, e Blue trazia consigo a calma e a profundidade do oceano.

-Félix, você está bem?- perguntou ela, os olhos azuis brilhando com preocupação. Ela sabia ler Félix como ninguém, mas desta vez, nem ela parecia capaz de entender o que estava se passando em sua mente.

Félix sentiu o coração bater mais rápido, e a imagem de Liam continuava a surgir em sua mente, os olhos laranja, o sorriso tímido. A frustração o consumia, e ele desejava desesperadamente afastar aquelas imagens, aqueles sentimentos que o faziam questionar tudo o que conhecia. Ele olhou para Blue, buscando uma saída, uma forma de reafirmar para si mesmo quem ele era.

Num impulso de desespero, ele puxou Blue para perto e a beijou ali, no corredor, em frente aos seus primos e aos soldados. Era um beijo intenso, quase desesperado, como se ele estivesse tentando apagar a marca de Liam que parecia tatuada em seu coração. Ele precisava se convencer de que Blue era a única pessoa que importava, de que nada mais podia perturbá-lo.

Mas enquanto ele a beijava, aquela sombra persistente de Liam continuava a rondar sua mente, como uma presença que se recusava a desaparecer. Félix sentia a raiva crescer dentro de si, não de Liam, mas de sua própria incapacidade de apagar esses sentimentos que o consumiam. Era como se algo dentro dele estivesse quebrando, uma barreira que ele havia erguido para proteger seu coração, agora desmoronando diante do que sentia por Liam.

Ao fim do beijo, Félix abriu os olhos e encontrou o olhar de Blue, que sorria, satisfeita, sem saber do turbilhão interno dele. Ele se forçou a sorrir de volta, mas por dentro estava se despedaçando. Sabia que, por mais que tentasse, não podia controlar o crescimento daquele sentimento. E, embora quisesse odiar Liam por isso, só conseguia odiar a si mesmo por ser incapaz de resistir.

Sem mais uma palavra, ele se afastou de Blue, murmurando que precisava de ar, deixando para trás a expressão confusa dela e os olhares curiosos dos soldados. E enquanto caminhava pelo corredor, sentia-se cada vez mais preso, cada vez mais enredado no sentimento incontrolável que Liam despertava em seu coração.

Liam saiu do refeitório com passos rápidos, o coração batendo descompassado, como se ele estivesse fugindo de algo que não conseguia entender. Cada passo ecoava em sua mente, misturado com a confusão de pensamentos e emoções que pareciam fora de controle. Uma onda de calor subia pelo seu corpo, pulsando intensamente, e ele não sabia se estava assustado ou tomado por uma sensação que jamais experimentara antes.

Enquanto caminhava pelos corredores vazios, a imagem de Félix invadia sua mente, teimosa e inescapável. Ele podia ver o rosto de Félix claramente em sua mente, os olhos intensos e o olhar penetrante, como se o observasse mesmo de longe. "Por que ele?" Liam pensava, tentando racionalizar o que estava sentindo, mas as palavras e a lógica escapavam. Tudo o que restava era uma mistura de curiosidade, atração e algo mais profundo, algo que o chamava.

Ele se apressou até o banheiro masculino e entrou, fechando a porta atrás de si, tentando controlar a respiração. Sentia o peito subir e descer rapidamente, os pensamentos dominados pela imagem de Félix. Era como se algo dentro de si estivesse despertando, algo que ele não sabia como lidar. Encostou-se contra a parede, fechando os olhos e tentando focar em outra coisa, qualquer coisa, mas a presença de Félix continuava a cercá-lo, como uma sombra quente e poderosa.

Liam sentia-se dividido entre o desejo de entender o que estava acontecendo e o medo de se perder naquela sensação. Era como se, de alguma forma, Félix estivesse lá com ele, uma presença palpável e irresistível em sua mente. Ele queria afastar esses pensamentos, mas eles continuavam a voltar com mais intensidade, preenchendo cada parte de sua mente e coração.

As horas se passaram em um turbilhão de emoções, e, ao abrir os olhos, Liam percebeu que havia experimentado algo profundo e transformador.

Liam saiu do banheiro, ainda tentando se recompor, quando viu Yellow correndo pelos corredores em sua direção. Assim que o avistou, ela gritou, chamando-o com um entusiasmo inquieto.

-Liam! Vem ver! Outra coisa bizarra está acontecendo!- Ela o pegou pelo braço, puxando-o com uma empolgação quase infantil. -Você não vai acreditar nisso!

Sem resistir, Liam foi arrastado até o gramado do colégio, onde uma multidão de alunos já estava reunida, todos de olhos arregalados, observando algo surreal no céu. Pétalas de neve caíam suavemente, mas essas não eram pétalas comuns. Eram feitas de uma substância cristalina, brilhando intensamente sob a luz do sol, como pequenos cristais encantados que flutuavam ao descer. Cada pétala emitia uma luz suave, com um brilho quase etéreo, e ao cair, deixava um rastro de pequenos pontos de luz, como penas de algum ser celestial.

O campo inteiro parecia estar envolto em uma aura mágica, e os murmúrios de admiração e surpresa se espalhavam entre os alunos. Todos estavam imersos naquele espetáculo raro e maravilhoso, incapazes de desviar o olhar.

-Eu disse a vocês!- exclamou um garoto próximo, com a voz carregada de excitação. -O clã Brix realmente existiu, e eles eram o mais poderoso de todos!

Uma garota ao lado dele respondeu, o rosto cheio de espanto. -Então… as lendas eram reais?

O murmúrio dos alunos começou a crescer, com cada um discutindo as histórias e mistérios sobre o clã Brix. Liam ouvia tudo, sentindo uma mistura de curiosidade e apreensão ao ver o fenômeno e ouvir os comentários sobre seu clã. Embora ele próprio não soubesse muito, algo dentro dele parecia reconhecer aquelas pétalas, como uma memória antiga despertando.

Ele olhou em volta, sentindo um arrepio na espinha, uma sensação estranha de estar sendo observado. E então, ao erguer o olhar, viu Félix, parado atrás de um vidro no prédio do colégio, observando-o intensamente. Ao lado de Félix, estava uma garota de cabelos azuis — Blue, sua namorada. Mas naquele momento, era como se nada além do olhar de Félix importasse.

O peito de Liam começou a queimar novamente, uma chama familiar e irresistível. Seu coração disparou ao cruzar olhares com Félix, e por um instante, todo o caos ao redor desapareceu, deixando apenas a conexão entre eles.

Mas, de repente, um suspiro de admiração irrompeu entre os alunos. Liam desviou o olhar e viu algo ainda mais impressionante: as pétalas de neve estavam se reunindo, flutuando como que guiadas por uma força invisível, até tomarem a forma de um alce majestoso, branco como a neve, com olhos de um roxo profundo e hipnotizante. O alce olhou diretamente para Liam, com um olhar de sabedoria e reconhecimento, como se soubesse exatamente quem ele era.

Liam ficou paralisado, o coração acelerado e os olhos presos na criatura. O alce se curvou ligeiramente, em um gesto que parecia uma saudação silenciosa, quase reverente. Porém, com a multidão de alunos ao redor, ninguém mais pareceu notar o significado daquele momento, pois todos estavam encantados apenas pela beleza do fenômeno.

Após alguns segundos, o alce de neve desapareceu, dispersando-se em um vento suave, e as pétalas cintilantes foram levadas com ele, deixando o campo do colégio em um silêncio impressionante, enquanto todos tentavam processar o que haviam acabado de testemunhar.

Liam, ainda atordoado, olhou de volta para o vidro onde estava Félix, mas ele e Blue já haviam sumido. A sensação de que algo grande estava prestes a acontecer continuava a latejar em seu peito, uma certeza silenciosa de que aquele era apenas o começo de algo que ele ainda não compreendia completamente.

CONTINUA....

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