O Salão dos Sete Deuses era um lugar de proporções inimagináveis. Seus pilares pareciam tocar as estrelas, enquanto o teto reluzia com constelações que mudavam a cada segundo. No centro do salão, sete tronos majestosos estavam dispostos em um círculo. Todos estavam vazios, exceto por um – o trono do equilíbrio, onde o imponente deus Jikn estava sentado. Seu corpo era colossal, brilhando como a luz das galáxias, e sua presença fazia até o próprio espaço ao seu redor vibrar.
Jikn estava em completo silêncio, contemplando o vazio à sua frente, quando um brilho inesperado surgiu no meio do salão. Sofhax apareceu, com sua aura fervente e desafiadora, sua presença minúscula em comparação ao tamanho colossal do deus.
Jikn inclinou ligeiramente a cabeça, seu olhar penetrante caindo sobre a intrusa. Sua voz ecoou pelo salão, profunda e ensurdecedora, como o próprio som do universo se manifestando.
– Quem é você? – perguntou Jikn. – Quem lhe deu permissão para vir até o Salão dos Deuses?
Sofhax deu um sorriso debochado e olhou ao redor, como se estivesse desdenhando do ambiente grandioso. Ela deu alguns passos à frente, sua confiança inabalável mesmo diante de um deus.
– Finalmente consegui chegar aqui – disse ela, sua voz carregada de provocação. – E, sinceramente, nem foi tão difícil assim.
Jikn inclinou-se levemente em seu trono, a curiosidade misturada à irritação. Ele parecia analisar a garota, tentando entender como uma mera mortal ousava invadir o domínio sagrado.
– Como você conseguiu encontrar o Salão dos Deuses, garota insignificante? – Jikn perguntou, sua voz carregada de desdém.
Sofhax riu novamente, como se achasse a pergunta ridícula. Ela cruzou os braços, inclinando a cabeça para o lado.
– Insignificante? Não mais. Estou mais perto de ser como vocês do que você imagina. – Sua resposta era ousada, desafiadora.
Jikn riu, um som que parecia um trovão ressoando pelo salão.
– Você, se comparar a nós? – Ele apontou um dedo gigantesco na direção dela, sua expressão mostrando tanto diversão quanto desprezo. – Volte para o lugar de onde nunca deveria ter saído, antes que eu a destrua. Este é o domínio dos deuses, não de mortais arrogantes.
Mas Sofhax manteve-se firme. Seus olhos brilharam com uma determinação quase perigosa enquanto ela dava um passo adiante.
– Eu vou embora, mas só por enquanto – disse ela, sua voz ecoando com uma confiança que até Jikn parecia começar a notar. – Voltarei quando os outros deuses estiverem aqui reunidos. E, quando eu voltar, será para destruir todos vocês.
O salão ficou em silêncio por um momento, antes que Jikn soltasse uma gargalhada tão alta que fez o chão tremer. Ele se recostou em seu trono, os olhos brilhando com diversão.
– Tente, se puder – desafiou ele, sua voz carregada de superioridade.
Sofhax deu um último olhar desafiador antes de desaparecer, deixando apenas o eco de sua presença. Jikn permaneceu sentado, mas sua expressão agora carregava algo mais – uma ponta de curiosidade, misturada com cautela.
– Interessante... – murmurou ele para si mesmo, antes de voltar a contemplar o vazio do salão. – Talvez o equilíbrio esteja mais frágil do que eu imaginava.
O Salão dos Sete Deuses estava vazio, exceto por Jikn, o deus do equilíbrio, que permanecia sentado em seu trono colossal. Ele ainda ria levemente, a lembrança da ousadia de Sofhax ecoando em sua mente. Era raro algo o entreter, mas aquela garota havia despertado algo nele – curiosidade, e talvez um pouco de expectativa.
De repente, um brilho intenso tomou conta do salão. Sete raios de luz surgiram, preenchendo os tronos vazios ao redor de Jikn. Um por um, os deuses retornavam. O ar ao redor mudou, pesado com a presença de poderes divinos.
Jeko, o deus do amor, foi o primeiro a falar, sua voz doce, mas curiosa.
– Jikn, o que está acontecendo? Por que está rindo assim? Não vejo você assim há eras.
Jikn se inclinou em seu trono, os olhos brilhando com uma emoção rara.
– Finalmente – disse ele, com um tom de fascínio. – Alguém conseguiu chegar até aqui sem que nós ajudássemos.
Os outros deuses olharam para ele com expressões mistas de surpresa e ceticismo. Jeko inclinou a cabeça, intrigado.
– Quem foi essa pessoa? E de qual universo ela é?
Jikn sorriu, como se estivesse guardando um segredo delicioso.
– Ela é do universo 128 mil – respondeu ele, observando as reações ao redor.
O silêncio caiu sobre o salão por um momento, até que Wonk, o deus da criação, arqueou uma sobrancelha.
– O universo que nós abandonamos? – perguntou ele, sua voz carregada de dúvida. – Aquele lugar que decidimos deixar à mercê do destino?
Jikn assentiu lentamente, sua expressão indicando que havia mais do que ele estava revelando.
– Exatamente. Parece que, apesar de nosso abandono, eles estão finalmente desenvolvendo os poderes que sempre foram destinados a eles.
Jiis, o deus da sabedoria, franziu a testa, pensativo.
– Interessante... mas preocupante. Devemos ficar de olho em Maylem. Aquela garota está guardando uma magia colossal dentro dela. Algo que pode alterar o equilíbrio de tudo.
– E não são só ela e Liam – acrescentou Iv, o deus do espaço-tempo. – Felix também é um problema. O que ele representa é perigoso para o equilíbrio de qualquer universo.
– E Yellow? – disse Iv, olhando para Jikn. – Você esquece que ela pode ir para qualquer lugar do mundo com apenas um pensamento? Logo ela poderá atravessar para outros universos. Ela é uma ameaça que pode mudar as regras do jogo.
Jikn sorriu, mas não era um sorriso comum. Era um sorriso de antecipação.
– Não é deles que estou falando – disse ele. – A pessoa que chegou até aqui foi Sofhax.
O salão caiu em silêncio novamente, os deuses trocando olhares de surpresa.
– Sofhax? – disse Jeko, confuso. – A filha do imperador de Fomeger? Como ela conseguiu chegar até aqui?
Jikn inclinou-se em seu trono, os olhos brilhando com diversão.
– Não importa como. O fato é que ela conseguiu. E eu estou ansioso para vê-los evoluírem até o nosso nível. Quando isso acontecer, finalmente teremos o que desejamos há tanto tempo...
Wonk, que permanecera em silêncio, cruzou os braços e murmurou.
– Uma luta digna de deuses.
Jikn riu novamente, olhando para o vazio.
– Exatamente. Que o jogo comece.
Capítulo 12: O Encontro com a Rainha do Clã Verd
Maylem pousou suavemente no solo do reino Verd, suas asas verdes brilhando intensamente sob a luz do céu. Por onde passava, a natureza parecia florescer em resposta à sua presença: flores surgiam instantaneamente, árvores envelhecidas renovavam-se e os pássaros cantavam melodias que ecoavam por todo o reino. As pessoas observavam em silêncio, maravilhadas e confusas, enquanto a jovem princesa caminhava com firmeza em direção ao castelo.
– Como ela tem asas? – murmurou um dos anciões, incrédulo. – Isso é apenas uma lenda...
Ao chegar ao castelo, a luz que emanava de Maylem preenchia os corredores, iluminando até os cantos mais sombrios. Guardas e servos faziam reverências enquanto ela passava, incapazes de desviar os olhos de sua presença celestial. Ela seguiu diretamente para os aposentos da rainha, sua mãe, determinada a obter respostas.
Assim que entrou na sala principal, a rainha, uma figura imponente e serena, estava sentada em um trono feito de galhos entrelaçados e flores vivas. Sua presença exalava sabedoria e força, com cabelos longos que pareciam feitos das próprias folhas das árvores.
– Maylem... – disse a rainha, sua voz suave, mas carregada de surpresa. – Você voltou... e com asas. O que está acontecendo com você, minha filha?
Maylem parou por um momento, observando sua mãe. Era a primeira vez que ela sentia a intensidade de sua própria transformação. Com um suspiro profundo, ela respondeu:
– Mãe, eu preciso saber a verdade. Algo dentro de mim mudou. Eu sinto a natureza ao meu redor de uma forma que nunca senti antes. Por que isso está acontecendo comigo? O que há de errado comigo?
A rainha levantou-se de seu trono, caminhando lentamente até Maylem. Ela colocou as mãos sobre os ombros da filha e olhou profundamente em seus olhos.
– Não há nada de errado com você, minha querida – disse ela. – Você está despertando para o seu verdadeiro destino. As asas que você carrega são um presente da natureza. Elas são a prova de que você foi escolhida para um propósito maior. Mas com esse poder, Maylem, vêm responsabilidades que você ainda não compreende.
Maylem franziu a testa, confusa.
– Propósito maior? Que propósito? E por que só agora isso está acontecendo?
A rainha suspirou, como se o peso das palavras que estava prestes a dizer fosse quase insuportável.
– Há muito tempo, nossa linhagem foi abençoada pelos deuses da natureza. Nós somos os guardiões do equilíbrio, Maylem. Mas essa conexão foi perdida por gerações... até agora. Você é a primeira em séculos a recuperar essa ligação. E o mundo precisa de você, agora mais do que nunca.
Maylem sentiu um nó se formar em sua garganta. Ela se afastou um pouco, tentando processar o que acabara de ouvir.
– Mãe... o mundo está em caos. Eu vi o clã Fomeger se preparar para a guerra. Vi os Brix renascerem e sentia o poder dentro de mim crescer a cada dia. Mas... eu tenho medo. Eu não sei o que fazer.
A rainha sorriu levemente e segurou o rosto de Maylem com delicadeza.
– O medo é natural, minha filha. Ele nos lembra que somos humanos. Mas você não está sozinha. O clã Verd estará ao seu lado. E mais importante, a natureza, com toda a sua força, caminha com você.
Maylem assentiu, suas asas tremulando levemente com o movimento.
– Então eu farei o que for necessário – disse ela com firmeza. – Mas, mãe, preciso de sua ajuda. Há muito que ainda não sei, e o tempo está contra nós.
A rainha acenou, os olhos cheios de determinação.
– Então venha comigo, Maylem. Há segredos que você precisa aprender, e eu te ensinarei tudo o que posso. Juntas, restauraremos a conexão perdida de nosso clã com a natureza.
Enquanto elas saíam da sala, as luzes ao redor do castelo pareciam brilhar ainda mais intensamente. A rainha sabia que o caminho seria difícil, mas via em sua filha algo que não existia há gerações: esperança.
CONTINUA.....
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Atualizado até capítulo 66
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