Liam observou o chão e notou três penas caídas dos Brix de luz, tão delicadas e brilhantes que pareciam pulsar com uma energia própria. Ele se abaixou, pegando-as com cuidado, como se fossem relíquias preciosas, e virou-se para Maylem.
-Você pode usar seus poderes para colocar essas penas em um colar?- ele perguntou.
Maylem sorriu, curiosa, mas sem entender o propósito. -Claro.- Com um leve movimento de suas mãos, ela conjurou pequenos galhos que se entrelaçaram delicadamente ao redor das penas, formando um colar simples e bonito.
-O que você vai fazer com isso, Liam? perguntou Sofhax, observando-o atentamente, assim como Yellow, que o olhava com uma expressão intrigada.
Liam segurou o colar, respirou fundo e colocou a mão sobre as penas. -Se um dia eu desaparecer, vocês vão poder me encontrar através dessa pena,- disse ele em tom misterioso, colocando o colar no pescoço de cada uma das amigas.
Maylem ficou surpresa e, um pouco confusa, perguntou: -Então… qual é o seu poder, afinal?
Ele riu, tentando disfarçar sua incerteza. -Era só isso.
Yellow o encarou, fingindo estar desapontada, e brincou: -Ah, que chato, amigo! A gente pensou que você fosse fazer algo mais impressionante. Mostra outro poder, vai.
Liam olhou para os Brix de luz que flutuavam sobre as águas do lago próximo. Com uma expressão pensativa, ele murmurou: -Consigo entender o que eles estão dizendo.
As três amigas trocaram olhares, surpresas e um tanto confusas. Yellow riu, ainda duvidosa. -Ninguém consegue entender esses seres. Como você, do clã Laranjer, conseguiria?
Liam deu de ombros, sorrindo misteriosamente. -Um dia, vocês vão entender o que isso significa.
Elas o observavam, curiosas, tentando compreender o que Liam queria dizer, mas antes que pudessem perguntar mais, Yellow se virou e apontou para o castelo. -De qualquer forma, vamos! Vai ter o grande banquete, e já está anoitecendo. Venham, não podemos nos atrasar!
Liam acenou para elas, ainda com um sorriso enigmático. -Podem ir na frente. Eu vou em seguida.
Assim que as três seguiram em direção ao castelo, Liam sentiu um leve arrepio ao ouvir um som vindo de uma caverna próxima. Era um som suave, mas diferente, quase como um sussurro que o chamava. Ele olhou ao redor, certificando-se de que ninguém o observava, e se aproximou da entrada da caverna, sentindo uma curiosidade irresistível.
Liam entrou na caverna, guiado pelo som misterioso que o chamava. A escuridão o envolvia, mas ele continuou avançando, cada passo o levando mais fundo até que, no final do corredor sombrio, uma luz branca e brilhante começou a surgir, iluminando o caminho com um brilho quase mágico. Quando finalmente chegou à origem da luz, Liam viu algo inesperado: uma flauta antiga, incrustada na parede, emitindo uma suave pulsação de energia.
Movido por uma força que ele não conseguia explicar, ele estendeu a mão e puxou a flauta. No momento em que tocou o instrumento, seus olhos mudaram de cor para um roxo profundo, e uma nova visão tomou conta de sua mente. Ele se viu na pele de um garoto de cabelos brancos e olhos roxos, tocando a mesma flauta para os Brix de luz, que voavam ao seu redor em uma dança harmoniosa. O garoto na visão chamava as criaturas de "Melodias," e a conexão entre eles parecia antiga e profunda, como uma tradição esquecida.
De repente, Liam sentiu uma mão pousar em seu ombro, e soltou um grito de susto, girando rapidamente. Diante dele, estava Félix, com uma expressão curiosa e ligeiramente divertida.
-O que você está fazendo aqui, Liam?- Félix perguntou, com um toque de desdém. -Por que você está nesse lugar estranho… e ainda por cima com uma flauta na mão? Você é mesmo esquisito, sabia?
Liam, tentando se recompor, balbuciou: -Eu… ouvi um som vindo daqui. E você? O que está fazendo aqui?
Félix cruzou os braços, lançando-lhe um olhar perspicaz. -Vi as amigas da minha irmã voltando e você ficou sozinho no gramado, depois veio direto para cá. Achei estranho e vim verificar.
Liam desviou o olhar, sentindo uma mistura de vergonha e desconforto. -Vamos sair daqui, já está ficando tarde,- disse ele, tentando encerrar a conversa.
Mas Félix não estava disposto a deixar o assunto. -Você não vai me dizer o que veio fazer aqui, Liam?
Liam hesitou, mas antes que pudesse responder, os dois saíram da caverna e se depararam com uma cena surpreendente. No lago próximo, Blue estava dançando com graciosidade sobre a água, acompanhada por cisnes, seus movimentos tão leves que a superfície do lago permanecia imóvel. Ela parecia caminhar sobre os Brix de luz, que a cercavam com suavidade, quase como uma dança de boas-vindas.
Liam observou a cena e sentiu uma pontada de irritação. Uma onda de emoções tomou conta dele, e seus dedos apertaram a flauta com força. Sem que ele percebesse, suas emoções se transferiram para a melodia ancestral dos Brix de luz, agora influenciando os seres ao redor. Em resposta, os Brix de luz ao redor de Blue começaram a mudar de comportamento, ficando agitados e irritados. De repente, a água do lago, que antes estava calma, começou a se agitar com ondas que se erguiam ameaçadoramente. Vários Brix de luz surgiram, cercando Blue com uma energia quase hostil, seus movimentos rápidos e precisos, como se estivessem prontos para atacar.
Percebendo o perigo, Félix reagiu instintivamente. Ele deu um salto para frente, usando seu poder de fogo para proteger Blue. Chamas intensas emanavam de suas mãos, e ele lançou ataques contra os Brix de luz, que soltaram gritos de dor, como se suplicassem por socorro.
Liam assistia, paralisado, sentindo-se em conflito enquanto via os Brix de luz sofrerem. Ele percebeu que, de alguma forma, sua raiva havia desencadeado o ataque, e a culpa começou a tomar conta dele. Finalmente, ao ver a dor das criaturas, ele reuniu sua força interior e sussurrou um comando, mandando os Brix de luz recuarem e se dispersarem pelo céu.
Os outros alunos, ouvindo os gritos e vendo o tumulto, correram até o lago para ajudar Félix e Blue. O rei e os soldados chegaram logo depois, observando a situação com uma expressão de preocupação. Era a primeira vez que os Brix de luz atacavam alguém, e todos ficaram confusos e apreensivos com o que havia acabado de acontecer.
Liam, tomado por uma sensação esmagadora de culpa, afastou-se silenciosamente do grupo. Ele subiu uma colina próxima e, ao chegar ao topo, sentou-se, observando o horizonte enquanto a noite começava a cair. O céu escurecia aos poucos, e Liam sentiu o peso do que havia feito. Ele se culpava por ter causado sofrimento aos Brix de luz, seres que pareciam conectados a ele de alguma forma. Sozinho na colina, ele ficou em silêncio, deixando as emoções o envolverem, sentindo-se perdido e arrependido pelo que havia desencadeado.
No salão principal do castelo, o rei conversava com Félix e Blue, que ainda parecia assustada com o ataque inesperado dos Brix de luz. Félix estava furioso, acompanhado de seu primo e dos sete soldados, todos com expressões sérias e prontos para agir. A raiva de Félix era evidente, e ele insistia, com um olhar sombrio, que os Brix de luz deveriam ser eliminados para proteger o reino.
-O que aconteceu foi inaceitável,- disse Félix, sua voz carregada de fúria. -Esses seres não podem ser deixados livres para atacar a qualquer momento. Eles precisam ser controlados ou eliminados.
O rei, mantendo a calma, tentou explicar. -Os Brix de luz não são assim por natureza, Félix. Eles são pacíficos e trazem harmonia. Esse comportamento é incomum… algo os perturbou profundamente.
Antes que Félix pudesse responder, Maylem, Yellow e Sofhax entraram no salão, e Yellow foi a primeira a falar, com uma voz suave e cheia de admiração. -Papi,- disse ela, -a lua está mais brilhante do que nunca esta noite. Todo o céu parece mais iluminado.-
Nesse momento, um dos soldados entrou apressado no salão e fez uma reverência antes de falar: -Senhor, os Brix de luz estão se reunindo no alto da colina. É como se eles estivessem esperando por algo.
O rei, com um brilho de compreensão nos olhos, sorriu levemente e murmurou para si mesmo: -Então… o último Brix vai cantar a canção que os animais tanto esperam.-
Félix o interrompeu, ainda sem entender completamente. -O que você está dizendo? O que está acontecendo aqui?
O rei voltou-se para ele, os olhos cheios de uma sabedoria silenciosa. -Esse é um fenômeno raro, Félix. Um evento que poucos têm a chance de presenciar. Avise todos na cidade. Todos devem ver este momento, pois ele pode não ocorrer novamente.
Félix, relutante, mas intrigado, assentiu. A comitiva se moveu rapidamente até o alto do castelo, onde havia uma vista deslumbrante do céu aberto. De lá, podiam ver a colina onde os Brix de luz começavam a se reunir, suas formas cintilantes voando em círculos, criando uma dança hipnotizante sob a luz da lua.
Enquanto esperavam, Félix, ainda impaciente, olhou para o rei. -Esperar o quê, exatamente?
O rei apenas sorriu, enigmático. -Apenas observe, Félix. Você verá em breve.
Aos poucos, algo mágico começou a acontecer. Os colares de penas que Liam havia dado a Maylem, Yellow e Sofhax começaram a brilhar, suas luzes pulsando em um ritmo lento e crescente, como se fossem uma extensão do poder que emanava dos Brix de luz. As penas irradiavam uma luz suave que parecia conectar-se ao céu, aumentando em intensidade a cada segundo.
Todos no alto do castelo observavam em silêncio, enquanto o céu se enchia de um brilho místico, e uma melodia distante começava a ecoar ao longe, como um sussurro trazido pelo vento.
CONTINUA.....
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Atualizado até capítulo 66
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