Jhox entrou na sala de aula como uma tempestade, seu olhar furioso fazendo os alunos se encolherem em seus assentos. Ele ignorou os olhares curiosos e temerosos ao seu redor, avançando diretamente até onde Liam estava sentado, tentando assistir à aula em paz. Ao perceber a aproximação de Jhox, Liam ergueu o olhar, confuso e cauteloso.
-O que você quer?- perguntou Liam, com uma voz trêmula.
Jhox não respondeu de imediato. Em vez disso, agarrou os cabelos de Liam com força e o puxou de sua cadeira, arrastando-o pelo meio da sala. Os alunos observavam em silêncio, alguns horrorizados, mas ninguém ousava intervir. Liam se debateu, tentando se soltar, e gritou por ajuda.
-Professora, por favor!- ele implorou, mas a professora apenas desviou o olhar, fingindo não ver. Era como se o medo da influência de Jhox e Félix tivesse paralisado qualquer possível apoio.
Enquanto arrastava Liam para fora da sala, Jhox sussurrou com voz venenosa, sem se preocupar em explicar: -Isso é tudo culpa sua, sabia? Cada maldito segundo disso... é por sua causa.-
Liam, tentando acompanhar o ritmo, balbuciou: -Mas… do que você tá falando?
Jhox apenas apertou o aperto em seus cabelos, sem dar resposta. No corredor, finalmente, Liam implorou: Por favor, me solta...
Jhox o largou abruptamente, mas apenas para começar um ataque ainda mais brutal. Sem hesitação, ele começou a chutar Liam com uma força implacável, cada golpe carregando sua raiva e ressentimento acumulados. A cada chute, ele repetia: -Sua culpa… Toda. Sua. Culpa.- A voz de Jhox era cheia de desprezo, como se apenas dizer essas palavras aliviasse sua fúria.
Liam tentava se proteger, mas o impacto dos chutes o fazia cambalear, ofegante de dor, o corpo já começando a mostrar os sinais da agressão. Cada palavra e cada golpe deixavam Liam mais confuso, sem entender o que poderia ter feito para desencadear tamanha violência.
Quando finalmente pareceu satisfeito, Jhox pegou Liam pelos braços, agora quase sem forças, e começou a arrastá-lo pelos corredores. A cada passo, o corpo de Liam raspava no chão frio, mas ele mal conseguia reagir, completamente debilitado pela dor. Jhox o puxou sem piedade, até finalmente chegarem à imponente porta da sala de Félix.
Liam, ainda ofegante e com o corpo latejando, sabia que a provação estava longe de acabar. E ao ver a expressão fria e calculista de Jhox, ele entendeu que qualquer explicação estava além de seu alcance. Naquele momento, tudo o que restava era a angústia do desconhecido e a certeza de que algo muito pior o aguardava na presença de Félix.
Jhox entrou na sala VIP, arrastando Liam como um peso morto. Liam mal conseguia manter-se em pé, os olhos semicerrados pela dor, gemendo a cada movimento enquanto era arrastado sem piedade. Ao chegar aos pés de Félix, Jhox o largou com desdém, deixando Liam cair pesadamente no chão, como se fosse uma simples carga indesejada.
-Você não queria que eu trouxesse ele?- Jhox disse, a voz carregada de sarcasmo e orgulho. -Pois bem, aqui está. Só que ele deu um pouco de trabalho… tive que colocá-lo no lugar dele.- Jhox cruzou os braços, o olhar de satisfação cruel fixo em Liam, que agora respirava com dificuldade, sem forças sequer para erguer o rosto.
Félix observou a cena com uma expressão fria e distante, mas algo dentro dele começou a mudar quando Liam, mesmo machucado e quase sem energia, conseguiu levantar o rosto e olhá-lo. E foi então que ele viu: os olhos de Liam pulsavam com um brilho roxo profundo, uma intensidade desconhecida, como um fogo silencioso que emanava diretamente de sua alma. A fúria e o sofrimento de Liam pareciam vivos, e Félix, sem entender como, sentiu essa raiva se apoderar de si, como se fosse uma chama que consumia sua própria vontade.
Num movimento inesperado, Félix se levantou lentamente, os olhos fixos em Liam, agora tomados por um desejo de proteção incontrolável. Ele se aproximou, os passos firmes e decididos, e com uma suavidade que ninguém imaginaria ser possível, pegou Liam nos braços, erguendo-o do chão com cuidado. Jhox observava a cena, a expressão de confusão e incredulidade crescendo em seu rosto.
Félix levou Liam até sua própria cadeira, onde o depositou com delicadeza, ajeitando-o com um cuidado quase possessivo. O rosto de Félix, antes frio e calculista, agora exibia uma determinação feroz, como se estivesse jurando silenciosamente proteger Liam a qualquer custo.
Jhox, ainda sem acreditar no que estava vendo, soltou uma risada nervosa, tentando compreender o que estava acontecendo. -Félix, o que você está fazendo? Por que está tratando esse… garoto assim?- A voz dele estava cheia de desprezo e incredulidade, incapaz de aceitar a mudança de atitude do primo.
Mas Félix não respondeu. Seus olhos, agora escurecidos pela raiva despertada em seu peito, se voltaram lentamente para Jhox, e, em um segundo, a calma desapareceu, dando lugar a uma fúria incontrolável. Sem aviso, Félix avançou sobre ele, o rosto contorcido em uma expressão de ódio que Jhox jamais vira antes. Félix o agarrou pelo colarinho e, com toda a força que possuía, desferiu o primeiro soco.
O impacto fez Jhox cambalear, mas Félix não deu tempo para ele se recompor. Outro soco. E outro. A cada golpe, Félix repetia, como se fosse um mantra, sua voz tomada pela possessividade: -Ele é meu… ninguém toca nele… ele é meu!
Jhox tentava resistir, levantando os braços para se proteger, mas a força dos socos de Félix o esmagava. As tentativas de defesa de Jhox foram ficando cada vez mais fracas, e o sangue já manchava seu rosto, os lábios cortados e a respiração entrecortada. Félix parecia possuído, incapaz de parar, como se a própria raiva de Liam tivesse sido transferida para ele.
A cada golpe, Félix reafirmava a posse sobre Liam, sua voz ecoando na sala, cheia de intensidade: -Ele é meu! Ninguém faz nada com ele! Ele é meu!
Finalmente, com Jhox já sem forças, o corpo amolecido e os olhos desfocados, Félix parou, os punhos ensanguentados e os ombros subindo e descendo com sua respiração pesada. Ele recuou lentamente, como se despertando de um transe, e olhou para Liam, agora caído em sua cadeira, os olhos semicerrados de exaustão e dor.
Félix olhou para suas mãos, tremendo ao ver o sangue que as cobria, uma visão que o fez despertar do estado de fúria. Sua respiração estava pesada, irregular, e seus olhos fixavam-se nas manchas vermelhas como se fossem um lembrete de algo que ele não conseguia compreender. -Puta merda… que diabos aconteceu aqui?- sussurrou, mas a frase saiu em um idioma ancestral, o idioma da sua família, uma língua carregada de significados sombrios que poucos ousavam falar em voz alta.
Ele piscou, tentando reorganizar os pensamentos, mas a confusão só aumentava. A violência que havia explodido de dentro dele era incontrolável, uma chama intensa que nunca antes experimentara. Olhando para o primo caído no chão, ensanguentado e quase inconsciente, Félix sentiu uma mistura de frustração e raiva. Mas a raiva não era dirigida a Jhox; era algo mais profundo, algo que o deixava no limite da sanidade.
E então, um pensamento sombrio se formou em sua mente, algo que ele nunca havia permitido que entrasse em seu coração até aquele momento. -O clã Laranjer…- murmurou, com os dentes cerrados, ainda na língua de sua família. -Se esse garoto fez algo comigo, se ele ousou manipular minha mente... eu juro que acabarei com o clã Laranjer inteiro.
Sem pensar duas vezes, ele largou Jhox no chão por um momento e caminhou diretamente até Liam, que ainda estava na cadeira, ofegante e sem forças. Os olhos de Liam se ergueram para encontrá-lo, mas o olhar que encontrou era frio, ameaçador, e cheio de uma determinação mortal.
Félix se abaixou até ficar na altura de Liam, os olhos dele ardendo com uma intensidade que parecia capaz de queimar. Ele agarrou o queixo de Liam com força, puxando seu rosto para mais perto, sem qualquer compaixão.
-O que você fez comigo?- Félix rosnou, a voz grave e carregada de uma raiva contida. -O que você e o seu clã Laranjer fizeram para mim? Diga agora, antes que eu decida destruir todos vocês.- Cada palavra era dita com um ódio afiado, como se ameaçasse não apenas Liam, mas toda a sua linhagem.
Liam, ainda sem entender o que havia desencadeado tamanha fúria, olhou para Félix, tentando balbuciar uma resposta, mas o medo e a dor o deixavam paralisado. Ele sentia o aperto de Félix em seu rosto, os dedos dele pressionando com uma intensidade que quase cortava sua pele, como se cada movimento estivesse carregado com a promessa de uma vingança cruel.
Vendo que Liam não respondia, Félix o soltou bruscamente, fazendo sua cabeça cair para trás na cadeira. Ele se virou, ainda com os punhos trêmulos, e voltou para onde Jhox estava desmaiado no chão. Pegando o primo pelos braços, lançou um último olhar para Liam, cheio de ameaça, antes de arrastar Jhox em direção à enfermaria.
As últimas palavras de Félix, ecoando na língua de sua família, ficaram no ar como uma sentença, um juramento sombrio que prometia consequências devastadoras. Ele saía, mas deixava para trás a certeza de que aquilo estava longe de terminar – e que o clã Laranjer, junto com Liam, pagaria caro por aquele momento inexplicável.
Liam estava perdido na dor e no cansaço, seu corpo exausto e sua mente atordoada pelas recentes agressões. Mas então, como um sopro de outro mundo, algo começou a tomar forma em sua mente – uma lembrança estranha, que ele sabia não pertencer a ele. A imagem surgiu lentamente, envolta em névoa, mas logo se tornou clara, vívida, como se ele estivesse lá, testemunhando uma visão antiga e secreta.
Ele viu mulheres reunidas ao redor de um rio prateado, sob a luz suave da lua. Elas não eram mulheres comuns. Suas figuras irradiavam uma beleza sobrenatural, quase etérea, seus cabelos brancos como a neve brilhando como fios de estrelas, e seus olhos, de um roxo profundo, resplandeciam com a intensidade do crepúsculo. As mulheres cantavam em uma língua desconhecida, uma melodia antiga e poderosa que ressoava no ar, como o pulsar de uma força viva.
Ao centro das mulheres, uma delas se destacava, uma presença forte e serena. Ela estava grávida, as mãos repousando sobre o ventre com um toque protetor e carinhoso. Seus lábios murmuravam uma canção que carregava o peso de uma promessa. A melodia era suave, mas carregada de um poder que Liam nunca experimentara. Era uma canção de amor e esperança, uma declaração que vibrava como um feitiço, cada nota penetrando fundo em sua alma, como se falasse diretamente para ele.
-Você será aquele que, um dia, juntará a luz e as trevas… E gerará um filho que será a luz.
Essas palavras ecoavam em sua mente, reverberando como o toque distante de um sino, um chamado antigo, uma profecia que parecia escrita em seu destino. Liam sentiu um arrepio percorrer sua espinha, como se algo ancestral dentro dele estivesse se despertando.
De repente, Liam abriu os olhos, voltando ao mundo real, mas a visão ainda queimava em sua mente, o peso da profecia impregnado em sua pele. E então, algo milagroso e inexplicável começou a acontecer ao seu redor.
Pássaros de luz surgiram no ar, cintilando como pequenas estrelas vivas, suas asas batendo com uma leveza sobrenatural. Eles dançavam ao redor dele, suas formas etéreas emitindo um brilho suave, iluminando a sala com uma luz cálida e mágica. Liam, ainda atordoado, percebeu que estava sussurrando a mesma canção que ouvira na visão, como se a melodia tivesse se gravado em sua memória.
A música que saía de sua boca era hipnotizante, ecoando como o som poderoso de uma cachoeira em queda. Era suave, mas avassaladora, cada nota vibrando como se o próprio mundo estivesse escutando. A sala, antes um lugar de dor e sofrimento, agora parecia carregada de uma energia ancestral, como se estivesse imersa em uma magia que ninguém ali jamais havia experimentado.
A canção ecoava, e com ela, uma tensão entre luz e sombra parecia tomar forma ao redor de Liam, como se a própria essência do mundo estivesse em equilíbrio, aguardando o próximo passo. Ele sentia uma força pulsando em suas veias, algo que não compreendia, mas que o preenchia completamente – um chamado para algo maior, algo que unia tanto a leveza quanto a escuridão de seu ser.
Enquanto os pássaros de luz continuavam a sobrevoar, deixando rastros luminosos no ar, a melodia reverberava como uma onda invisível, trazendo consigo tanto leveza quanto uma maldição. Era uma promessa antiga que se manifestava, uma força que Liam nunca soubera possuir. E, naquele instante, ele compreendeu que estava destinado a algo muito além de si mesmo, algo que carregava a esperança de unir forças opostas, de equilibrar o bem e o mal.
A sala estava impregnada de uma energia tão profunda e impactante que parecia ser o prelúdio de um destino inevitável – e Liam, mesmo sem entender completamente o que acontecia, sabia que, a partir daquele momento, nada jamais seria o mesmo.
CONTINUA.....
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Atualizado até capítulo 66
Comments
Estefany
Hahahahha
2024-11-18
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