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BRIX

beginning of a love

    Ah, o clã Brix… poucos hoje se lembram deles, mas aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-los sabem que sua presença era como a de um sopro suave em uma manhã calma, uma leveza que poucos conseguiam explicar. Eles viviam numa harmonia quase mágica com os outros clãs. Não havia luta, não havia ambição – os Brix pareciam simplesmente estar lá, como uma constante silenciosa, sempre sorrindo, sempre pacíficos.

   Dizem que todos eles possuíam cabelos brancos, tão alvos quanto a primeira neve do inverno, aquela que cai devagar e cobre o mundo com uma pureza intocada. Seus olhos eram de um roxo hipnotizante, como ametistas raras encontradas no fundo das montanhas, e brilhavam com uma bondade que parecia nunca se apagar.

   Mas havia mais. Algo quase… sobrenatural. Ao contrário de qualquer outro clã, tanto homens quanto mulheres do clã Brix podiam gerar vida. Era uma tradição que unia a todos, uma igualdade que transcendeu séculos. Para os Brix, essa capacidade era uma bênção – um símbolo de unidade, algo sagrado e precioso. E eles viviam sem grandes luxos, mas com uma simplicidade e doçura que os tornavam admirados e respeitados por todos ao seu redor.

    Claro que nem todos enxergavam isso com bons olhos. O clã Fomeger, sempre ambicioso e desconfiado, sentia-se incomodado com a serenidade dos Brix. Onde eles viam harmonia, os Fomeger viam fraqueza; onde outros viam bondade, eles enxergavam uma ameaça silenciosa. Aos poucos, a inveja cresceu como uma erva daninha em seus corações, sufocando qualquer traço de bondade que pudessem ter.

    'Por que eles e não nós?', perguntavam entre si, como se o próprio universo lhes devesse a mesma paz que os Brix pareciam possuir naturalmente. E, então, em uma noite fria e sem estrelas, o clã Fomeger decidiu que chegara o momento de eliminar qualquer traço daquela serenidade que tanto os incomodava.

    Eu estava lá quando aconteceu. Não me peça para contar todos os detalhes, porque ainda hoje eles me trazem arrepios. O clã Fomeger chegou silencioso, como sombras que se movem entre as árvores, e quando o primeiro grito ecoou na noite, já era tarde demais para qualquer um dos Brix. Eram pacíficos, não tinham defesas, armas ou sequer o desejo de revidar. Mas aquela noite… aquela noite eles foram consumidos pelo medo, algo que nunca haviam conhecido antes.

   Os Fomeger, guiados pelo ódio, não pouparam ninguém. Não houve clemência, não houve perdão. Casa por casa, família por família, até que o último dos Brix caísse. Não sobrou uma alma sequer para contar a história. Era como se um vento frio tivesse passado e apagado qualquer traço de sua existência.

   E desde aquela noite, o clã Brix vive apenas nas palavras de quem ainda ousa contar essa história.

   “E foi assim que o clã Brix desapareceu. Não sobrou ninguém”, terminou o garoto, com uma expressão solene. Ele observou os rostos dos colegas, esperando que eles entendessem a grandiosidade e a tristeza da história que acabara de contar. Mas o que ouviu em resposta foi um murmúrio que cortou o silêncio:

-Para de contar mentira…-diz uma garota de cabelo marrom claro.

    Alguns colegas soltaram risadas abafadas, sussurrando entre si. O garoto sentiu um leve desconforto, mas manteve o olhar firme. “É verdade! Tô dizendo a verdade!” insistiu, sua voz carregando a inocência de alguém que acredita em cada palavra.

    Nesse momento, o narrador se concentra em Liam Payne, o novo aluno, que acabara de entrar pelo portão principal do maior colégio do país. Ele vinha de uma linhagem peculiar – o clã Laranjer, conhecido por suas características vibrantes. Liam tinha cabelos de um laranja intenso, que brilhavam sob a luz do sol, como se estivessem imersos na energia e na vitalidade de sua origem.

  Ao passar pelo portão, Liam sentiu um impulso genuíno de felicidade. Ele deu alguns pulinhos, as mãos se elevando ao céu em um gesto espontâneo, irradiando sua alegria. Era uma atitude comum entre o clã Laranjer, um povo conhecido por sua natureza alegre e expressiva. Mas para muitos alunos que assistiam à cena, o comportamento de Liam parecia incomum, até estranho.

-Como alguém do clã dele veio parar nesse colégio?- murmurou um dos alunos, enquanto outros apenas observavam, olhos cheios de curiosidade e julgamento.

   Liam, no entanto, não se deixava abalar. Ele possuía uma doçura e um carisma que irradiavam naturalmente, um sorriso fácil e um olhar acolhedor que contrastavam com a frieza que recebia ao seu redor. Ele sabia que não seria fácil, mas estava determinado a ser fiel a quem era, mesmo que estivesse longe de casa e rodeado de olhares que não o compreendiam.

  A chegada de Liam ao colégio era o começo de uma nova história, um conto de coragem, aceitação e descobertas – e ele estava pronto para enfrentar tudo com a alegria que só o clã Laranjer possuía.

  Liam, ainda radiante de alegria, olhou ao redor e sentiu seu coração pulsar mais forte. -Nossa... eu realmente estou estudando no colégio dos maiores clãs do mundo!-, pensou, com um sorriso discreto nos lábios. A realidade começava a se formar em sua mente, e ele sentia um misto de maravilhamento e apreensão.

  Enquanto seus olhos percorriam o ambiente, ele notou a variedade de cores entre os alunos. Havia cabelos de tons inusitados, cada um revelando a identidade e o poder único de um clã distinto. Era como se estivesse em meio a um arco-íris vivo, onde cada cor carregava uma história, uma linhagem, uma força.

   Mas então, uma dúvida surgiu. -Por que não tem ninguém do clã Laranjer?-O pensamento ecoou em sua mente, despertando uma leve inquietação. -Será que… eu sou o primeiro?- Era uma ideia excitante e um pouco assustadora. Ele imaginava se estaria à altura das expectativas, se conseguiria mostrar ao mundo o valor do seu clã, o clã Laranjer, conhecido pela alegria contagiante e pela energia vibrante.

   De repente, ele percebeu que todos os olhares estavam voltados para ele. Alunos de vários clãs o encaravam com expressões curiosas, alguns até com um toque de ceticismo. Liam sentiu o peso daqueles olhares, mas, ao invés de se intimidar, respirou fundo e deixou que sua confiança florescesse.

  Era novo naquele ambiente, mas isso não significava que deixaria de ser quem era. Ele sorriu de leve, endireitou a postura e continuou caminhando com a cabeça erguida, determinado a mostrar ao mundo o espírito inabalável do clã Laranjer.

    Liam subiu as escadas com passos leves, ainda tomado pela euforia de estar finalmente no colégio dos grandes clãs. Mas logo percebeu que os olhares continuavam fixos nele, intensos e cheios de julgamento. Ao chegar ao topo da escadaria, ele se virou, observando os rostos curiosos e sussurrantes que o encaravam lá embaixo.

De repente, uma voz se destacou no meio do murmúrio, com um tom de deboche: -Esse aí tá ferrado! Quebrou uma lei dos clãs!- Riram, e Liam franziu as sobrancelhas, sentindo uma pontada de dúvida. -Será que é mesmo um Laranjer?-, alguém respondeu, rindo, enquanto outro completava: -É claro que é! Olha o cabelo dele!-

O alvoroço continuava. -Mas é estranho… os Laranjer sabem todas as regras da hierarquia dos clãs de trás para frente, e esse aí quebrou logo a primeira! Ninguém pode começar nada sem a permissão do clã Fomeger. Ele tá morto!.

As palavras caíram sobre Liam como um balde de água fria. Ele mal havia chegado e já parecia ter infringido uma regra que nem sabia que existia. Enquanto assimilava a informação, sentiu uma onda de tensão percorrer seu corpo. Lentamente, voltou-se para a enorme porta à sua frente e estendeu a mão para a maçaneta, tentando disfarçar o nervosismo.

Mas, antes que pudesse tocar na maçaneta, alguém surgiu do nada, bloqueando seu caminho. Era uma figura imponente, de olhar severo e postura rígida. A presença daquela pessoa trouxe um silêncio imediato ao redor, como se todos soubessem que o momento era crítico.

Liam ficou paralisado ao encarar o rapaz à sua frente. Ele era imponente, com um ar ameaçador que exalava confiança e uma presença tenebrosa. Os olhos de Félix, intensos como brasas, o fitaram com desdém enquanto ele se aproximava. O silêncio ao redor era quase palpável, e Liam sentiu o peso do momento.

-Quem é você?- perguntou Félix, sua voz firme e carregada de autoridade. Liam, tentando conter o nervosismo, respondeu com voz trêmula, -Eu... eu sou Liam.-

Félix franziu o cenho, e seu rosto assumiu uma expressão de desgosto. -Liam?- ele repetiu, quase como um grito. -O que você tá fazendo aqui em cima? Era pra você estar lá embaixo, com os outros!- Sua voz ecoou pelo corredor, fazendo Liam dar um passo involuntário para trás.

Com um gesto brusco, Félix tirou a mão do bolso, o olhar firme e ameaçador. Por um momento, Liam pensou que seria golpeado, e seu corpo se enrijeceu em antecipação. Mas então, uma voz interrompeu o momento, gritando atrás de Félix.

-Félix!- A voz fez com que Félix se virasse, sua expressão suavizando por um segundo. Ele então percebeu algo nos olhos de Liam – um breve lampejo de cor roxa. Seus olhos estreitaram-se, como se visse algo impossível.

Antes que pudesse reagir, uma mão pousou no ombro de Félix. -Calma, primo,- disse o recém-chegado, a voz cheia de autoridade. Félix respirou fundo e, voltando-se novamente para Liam, murmurou com frieza: -Vá lá para baixo… e fique bem longe de onde eu possa te ver.-

Sentindo o peso de cada olhar ao seu redor, Liam engoliu em seco e assentiu. Desceu as escadas com passos rápidos, os olhares dos outros alunos cravados nele. Encontrou um canto entre a multidão e se escondeu, tentando acalmar o coração acelerado enquanto as palavras e a presença de Félix ainda ecoavam em sua mente.

***Continua***.....

hate for someone

Assim que terminou seu discurso, Félix virou-se para seu primo Jhox, que o observava com um sorriso de cumplicidade e uma pitada de diversão nos olhos.

-O que você pretende fazer com aquele garoto, Félix?- Jhox perguntou, inclinando-se ligeiramente para sussurrar, mas com uma entonação que deixava claro que ele estava interessado em algo mais. -Ele claramente não entende a importância da hierarquia. Aparecer aqui assim, como se fosse um de nós... Ele só pode estar brincando com o próprio destino.

Félix respirou fundo, tentando controlar a raiva que fervilhava em seu peito. Seus olhos queimavam com a indignação, e ele murmurou, com voz contida mas carregada de intenção: -Eu vou ensinar a ele onde é o lugar dele. Garotos como ele acham que podem desafiar o sistema, mas estão enganados. Esse clã Laranjer... sempre com essa alegria tola, como se fossem superiores às tradições. Eles não entendem o peso que carregamos aqui. A estrutura que nossos antepassados construíram não é algo que alguém como ele possa ignorar.

Jhox soltou uma risada seca, apreciando a determinação de Félix. -Pois é. Você, Félix, é da primeira geração. Você carrega o nome da família e o peso da honra dos nossos antecessores. Deixar esse garoto caminhar por aqui sem saber seu lugar é como cuspir na tradição. Lembra quando vovô sempre dizia que os outros clãs existem porque nós, Fomeger, permitimos? É o nosso clã que decide quem tem o direito de começar qualquer coisa. Ele quebrou a primeira lei, Félix. Se não fizer nada, ele vai continuar desrespeitando a hierarquia. Imagine o que vovô diria se soubesse.

Félix cerrou os punhos, a fúria queimando em seu peito. -O vovô sempre nos ensinou que o respeito à ordem dos clãs é sagrado. Que a hierarquia é o que mantém tudo em equilíbrio. Deixar alguém como ele desafiar isso é colocar tudo em risco. Eu vou garantir que ele nunca mais esqueça onde pertence.

Jhox assentiu, um brilho de aprovação nos olhos. -Então faça isso. Mostre a ele o que significa estar no colégio dos grandes clãs. Ensine a ele as regras da hierarquia de uma vez por todas. E não se preocupe com vovô... ele não precisa saber de todos os detalhes. O importante é que você mantenha a ordem.

Com um olhar sombrio e uma determinação inabalável, Félix começou a caminhar na direção de Liam. Cada passo ecoava pelo corredor, e Liam, parado, observava a aproximação de Félix com o coração acelerado. Era como se o ar ao redor de Félix emanasse uma energia quente e intensa, quase sufocante. A cada metro que Félix se aproximava, Liam sentia o próprio corpo arder, como se estivesse sendo consumido por um fogo invisível, uma pressão implacável.

Finalmente, quando Félix estava a poucos passos de distância, prestes a confrontar Liam de uma vez por todas, uma voz suave e alegre ecoou pelo corredor, quebrando o clima pesado.

-Amigo! Quanto tempo!- Liam virou-se e viu uma figura envolta em uma presença quase mágica, como se ela fosse parte da própria natureza. Seus cabelos escuros caíam em ondas que se misturavam com pequenas folhas e vinhas, como se a floresta houvesse a abraçado e se entrelaçado a ela. Seus olhos, profundos e enigmáticos, refletiam uma sabedoria que parecia de outra era, e seu semblante exalava força e serenidade.

Ela sorriu para Liam, ignorando completamente a tensão no ar, e sua voz trouxe uma calma instantânea ao ambiente, como se fosse capaz de dissipar as emoções intensas ao seu redor. Vestida com tons de verde e adornos que pareciam feitos de folhas e galhos, ela era uma figura que irradiava vida e conexão com a natureza.

A chegada dela fez Félix parar por um instante, claramente desconcertado pela interrupção, enquanto Liam a observava, sentindo-se inesperadamente aliviado, como se aquele encontro tivesse sido um sinal de que tudo ficaria bem.

Assim que a garota se aproximou de Liam, ela abriu um sorriso caloroso, como se estivesse reencontrando um velho amigo. Ignorando completamente o clima tenso, ela colocou a mão suavemente no ombro dele e disse com uma voz tranquila:

-Amigo, você saiu de perto de nós. Eu lhe disse para não sair.- Seu tom era afetuoso, mas havia uma firmeza subjacente em suas palavras. Ela lançou um breve olhar para Félix, antes de continuar. -Vamos pedir desculpas ao Félix.

Liam, ainda um pouco confuso, olhou para Félix. Por um breve instante, seus olhos brilharam em um tom roxo intenso, uma cor que parecia exalar uma força adormecida. Mas, surpreendentemente, Félix não reagiu; seu olhar permaneceu firme, sem demonstrar nenhuma curiosidade ou surpresa com a mudança repentina nos olhos de Liam.

Obedecendo ao pedido da garota, Liam abaixou a cabeça junto com ela, ambos em um sinal silencioso de desculpas. O gesto era humilde, mas ao mesmo tempo parecia carregar algo inexplicável, uma espécie de dignidade que desarmou momentaneamente a tensão.

Em seguida, a garota segurou a mão de Liam e o guiou para longe daquele corredor, afastando-o da intensidade do olhar de Félix. Eles caminharam juntos, desaparecendo rapidamente da vista de Félix e Jhox, deixando ambos sem entender exatamente o que havia acontecido.

Félix ficou parado, observando a cena com um misto de confusão e uma raiva ainda mais profunda. A intervenção inesperada da garota não apenas impediu seu plano de ensinar uma lição a Liam, mas também deixou uma sensação de inquietação, como se, por um momento, o controle que acreditava ter sobre a situação tivesse escapado de suas mãos.

Assim que Liam e a garota desapareceram no corredor, Jhox aproximou-se de Félix com um sorriso debochado e malicioso nos lábios. Ele cruzou os braços e olhou para Félix de cima a baixo, balançando a cabeça lentamente.

-Então é isso?- Jhox começou, sua voz carregada de ironia. -Você aceitou um pedido de desculpas tão simples assim? Um mero abaixar de cabeça e pronto? Eu esperava mais de você, Félix. Isso foi... patético.

Félix cerrou os punhos, os músculos de seu maxilar se contraindo. A raiva que antes estava controlada agora começava a escapar como um fogo incontrolável. Jhox, percebendo o efeito de suas palavras, continuou, implacável.

-Por que você não usou sua autoridade, Félix? Você é da primeira geração! Aquele garoto e essa garota são de clãs diferentes, e eles quebraram as regras logo na sua frente. E você… simplesmente deixou eles irem?- Jhox soltou uma risada seca e debochada. -Francamente, parece que você é o fraco aqui.-

Félix sentiu o sangue subir ao rosto, a fúria tomando conta de cada fibra de seu corpo. Sem dizer uma palavra, virou-se e começou a caminhar, os passos firmes e decididos, tentando afastar-se das provocações do primo. Mas Jhox não parou, a voz dele ecoando no corredor.

-Fraco!-Jhox chamou, rindo, enquanto Félix se afastava. -Você está mostrando fraqueza, Félix! Vovô ficaria decepcionado!

As palavras de Jhox queimavam em sua mente, cada sílaba aumentando a ira de Félix. Ele sabia que a provocação do primo havia sido deliberada, uma tentativa de ferir seu orgulho e, naquele momento, Félix estava mais determinado do que nunca a provar sua força – não apenas para os outros, mas para si mesmo.

A garota de cabelo verde levou Liam até um canto mais isolado, onde uma outra menina os aguardava. Ela tinha cabelos de um tom amarelo vibrante, presos em um estilo delicado que combinava perfeitamente com seus brincos grandes e redondos, como pequenos sóis. Seus olhos o analisaram com curiosidade, enquanto a primeira garota soltava um suspiro irritado.

-Você tem sorte de estar vivo ainda,- murmurou a garota de cabelo verde, visivelmente frustrada. "Estou ferrada agora por sua causa. Meu pai vai me matar por isso." Ela passou a mão pela cabeça, tentando acalmar-se, e então olhou diretamente para ele. -Qual é o seu nome?

-Liam,- ele respondeu, com um leve sorriso, tentando esconder o nervosismo.

A garota de cabelo amarelo inclinou a cabeça, os olhos fixos em Liam com um brilho de suspeita. -Você não é do clã Laranjer, né? Eu tenho certeza disso.

Liam sentiu um aperto no peito e, numa tentativa de defender sua identidade, respondeu de imediato: -Eu sou sim! Sou do clã Laranjer.

A garota de cabelo amarelo, que se apresentou como Yellow, soltou uma risada leve, mas sem desviar o olhar inquisitivo. -Então me explica uma coisa, Liam. Como é que você não sabe as regras da hierarquia? Foi o seu clã que as escreveu.

Liam desviou o olhar, sentindo o peso da vergonha. -Minha família foi expulsa antes de eu nascer,- explicou ele, a voz um pouco trêmula. -Eu nunca tive acesso a essas leis, e honestamente… não imaginei que estaria em apuros por isso.

Yellow trocou um olhar rápido com a garota de cabelo verde, antes de se voltar novamente para Liam. Ele, tentando suavizar o clima, lançou um sorriso tímido e perguntou: -E qual é o nome de vocês?

A garota de cabelo amarelo sorriu, agora mais gentil. -Eu sou Yellow, do clã Sow,- disse ela. Em seguida, apontou para a garota de cabelo verde. -E ela é Maylem, do clã Very.-

Liam assentiu, sentindo-se um pouco mais aliviado por ter alguém que, ao menos por enquanto, parecia estar do seu lado.

Félix estava sentado na poltrona de couro da sala VIP do colégio, cercado pelo luxo e pela sombra de seu próprio poder. Seus olhos fixaram-se em Jhox, estreitos e frios, enquanto o silêncio pesado entre eles parecia vibrar no ar. Finalmente, ele quebrou o silêncio, sua voz baixa, mas carregada de uma autoridade quase palpável.

-Traga aquele garoto para mim. Quanto aos Crumples, você pode cuidar deles.

Jhox ergueu uma sobrancelha, claramente divertindo-se com a raiva que percebia em Félix. Ele cruzou os braços, sorrindo de maneira insolente, como se estivesse se preparando para provocar ainda mais. -Ah, sério? Ainda remoendo o pedido de desculpas? Achei que a primeira geração tivesse mais... controle.- Ele soltou uma risada seca. -Ou será que a garota te intimidou, Félix?

Por um breve momento, o rosto de Félix permaneceu inexpressivo, uma máscara de gelo. Mas então, como uma explosão repentina, ele se levantou e avançou em direção a Jhox. Antes que Jhox pudesse reagir, sentiu o impacto de um soco brutal, a dor irradiando do ponto de contato como uma onda. Félix não parou por aí; agarrou Jhox pela gola, puxando-o para mais perto, os olhos dele brilhando com uma fúria intensa, quase animalesca.

-Você vai aprender a respeitar seu lugar, Jhox,- sussurrou Félix, a voz baixa e mortal, cada palavra saindo como uma lâmina afiada. -Eu não sou alguém que você provoca. Não sou alguém que você desafia. E definitivamente, não sou alguém que aceita deboches.- Ele deu mais um empurrão, fazendo Jhox tropeçar para trás.

Jhox levou a mão à boca, sentindo o gosto de sangue, mas o orgulho ferido ardia ainda mais do que a dor. Ele lançou um olhar de ódio para Félix, mas soube que não podia responder, pelo menos não ali e agora. O poder de Félix, somado à sua posição como membro da primeira geração, tornava qualquer retaliação um risco elevado.

-Vai buscar o garoto. Agora,- Félix ordenou, sua voz carregada de uma calma perigosa, como um vulcão prestes a explodir.

Por um segundo, Jhox considerou ignorá-lo, mas a intensidade do olhar de Félix o fez pensar duas vezes. Ele respirou fundo, tentando engolir a humilhação, e assentiu, recuando com passos tensos em direção à porta. Ao sair, ele lançou um último olhar cheio de rancor, prometendo a si mesmo que encontraria uma maneira de devolver aquela humilhação.

Mas, por enquanto, ele obedeceu.

***CONTINUA***.....

magic in the air

Jhox entrou na sala de aula como uma tempestade, seu olhar furioso fazendo os alunos se encolherem em seus assentos. Ele ignorou os olhares curiosos e temerosos ao seu redor, avançando diretamente até onde Liam estava sentado, tentando assistir à aula em paz. Ao perceber a aproximação de Jhox, Liam ergueu o olhar, confuso e cauteloso.

-O que você quer?- perguntou Liam, com uma voz trêmula.

Jhox não respondeu de imediato. Em vez disso, agarrou os cabelos de Liam com força e o puxou de sua cadeira, arrastando-o pelo meio da sala. Os alunos observavam em silêncio, alguns horrorizados, mas ninguém ousava intervir. Liam se debateu, tentando se soltar, e gritou por ajuda.

-Professora, por favor!- ele implorou, mas a professora apenas desviou o olhar, fingindo não ver. Era como se o medo da influência de Jhox e Félix tivesse paralisado qualquer possível apoio.

Enquanto arrastava Liam para fora da sala, Jhox sussurrou com voz venenosa, sem se preocupar em explicar: -Isso é tudo culpa sua, sabia? Cada maldito segundo disso... é por sua causa.-

Liam, tentando acompanhar o ritmo, balbuciou: -Mas… do que você tá falando?

Jhox apenas apertou o aperto em seus cabelos, sem dar resposta. No corredor, finalmente, Liam implorou: Por favor, me solta...

Jhox o largou abruptamente, mas apenas para começar um ataque ainda mais brutal. Sem hesitação, ele começou a chutar Liam com uma força implacável, cada golpe carregando sua raiva e ressentimento acumulados. A cada chute, ele repetia: -Sua culpa… Toda. Sua. Culpa.- A voz de Jhox era cheia de desprezo, como se apenas dizer essas palavras aliviasse sua fúria.

Liam tentava se proteger, mas o impacto dos chutes o fazia cambalear, ofegante de dor, o corpo já começando a mostrar os sinais da agressão. Cada palavra e cada golpe deixavam Liam mais confuso, sem entender o que poderia ter feito para desencadear tamanha violência.

Quando finalmente pareceu satisfeito, Jhox pegou Liam pelos braços, agora quase sem forças, e começou a arrastá-lo pelos corredores. A cada passo, o corpo de Liam raspava no chão frio, mas ele mal conseguia reagir, completamente debilitado pela dor. Jhox o puxou sem piedade, até finalmente chegarem à imponente porta da sala de Félix.

Liam, ainda ofegante e com o corpo latejando, sabia que a provação estava longe de acabar. E ao ver a expressão fria e calculista de Jhox, ele entendeu que qualquer explicação estava além de seu alcance. Naquele momento, tudo o que restava era a angústia do desconhecido e a certeza de que algo muito pior o aguardava na presença de Félix.

Jhox entrou na sala VIP, arrastando Liam como um peso morto. Liam mal conseguia manter-se em pé, os olhos semicerrados pela dor, gemendo a cada movimento enquanto era arrastado sem piedade. Ao chegar aos pés de Félix, Jhox o largou com desdém, deixando Liam cair pesadamente no chão, como se fosse uma simples carga indesejada.

-Você não queria que eu trouxesse ele?- Jhox disse, a voz carregada de sarcasmo e orgulho. -Pois bem, aqui está. Só que ele deu um pouco de trabalho… tive que colocá-lo no lugar dele.- Jhox cruzou os braços, o olhar de satisfação cruel fixo em Liam, que agora respirava com dificuldade, sem forças sequer para erguer o rosto.

Félix observou a cena com uma expressão fria e distante, mas algo dentro dele começou a mudar quando Liam, mesmo machucado e quase sem energia, conseguiu levantar o rosto e olhá-lo. E foi então que ele viu: os olhos de Liam pulsavam com um brilho roxo profundo, uma intensidade desconhecida, como um fogo silencioso que emanava diretamente de sua alma. A fúria e o sofrimento de Liam pareciam vivos, e Félix, sem entender como, sentiu essa raiva se apoderar de si, como se fosse uma chama que consumia sua própria vontade.

Num movimento inesperado, Félix se levantou lentamente, os olhos fixos em Liam, agora tomados por um desejo de proteção incontrolável. Ele se aproximou, os passos firmes e decididos, e com uma suavidade que ninguém imaginaria ser possível, pegou Liam nos braços, erguendo-o do chão com cuidado. Jhox observava a cena, a expressão de confusão e incredulidade crescendo em seu rosto.

Félix levou Liam até sua própria cadeira, onde o depositou com delicadeza, ajeitando-o com um cuidado quase possessivo. O rosto de Félix, antes frio e calculista, agora exibia uma determinação feroz, como se estivesse jurando silenciosamente proteger Liam a qualquer custo.

Jhox, ainda sem acreditar no que estava vendo, soltou uma risada nervosa, tentando compreender o que estava acontecendo. -Félix, o que você está fazendo? Por que está tratando esse… garoto assim?- A voz dele estava cheia de desprezo e incredulidade, incapaz de aceitar a mudança de atitude do primo.

Mas Félix não respondeu. Seus olhos, agora escurecidos pela raiva despertada em seu peito, se voltaram lentamente para Jhox, e, em um segundo, a calma desapareceu, dando lugar a uma fúria incontrolável. Sem aviso, Félix avançou sobre ele, o rosto contorcido em uma expressão de ódio que Jhox jamais vira antes. Félix o agarrou pelo colarinho e, com toda a força que possuía, desferiu o primeiro soco.

O impacto fez Jhox cambalear, mas Félix não deu tempo para ele se recompor. Outro soco. E outro. A cada golpe, Félix repetia, como se fosse um mantra, sua voz tomada pela possessividade: -Ele é meu… ninguém toca nele… ele é meu!

Jhox tentava resistir, levantando os braços para se proteger, mas a força dos socos de Félix o esmagava. As tentativas de defesa de Jhox foram ficando cada vez mais fracas, e o sangue já manchava seu rosto, os lábios cortados e a respiração entrecortada. Félix parecia possuído, incapaz de parar, como se a própria raiva de Liam tivesse sido transferida para ele.

A cada golpe, Félix reafirmava a posse sobre Liam, sua voz ecoando na sala, cheia de intensidade: -Ele é meu! Ninguém faz nada com ele! Ele é meu!

Finalmente, com Jhox já sem forças, o corpo amolecido e os olhos desfocados, Félix parou, os punhos ensanguentados e os ombros subindo e descendo com sua respiração pesada. Ele recuou lentamente, como se despertando de um transe, e olhou para Liam, agora caído em sua cadeira, os olhos semicerrados de exaustão e dor.

Félix olhou para suas mãos, tremendo ao ver o sangue que as cobria, uma visão que o fez despertar do estado de fúria. Sua respiração estava pesada, irregular, e seus olhos fixavam-se nas manchas vermelhas como se fossem um lembrete de algo que ele não conseguia compreender. -Puta merda… que diabos aconteceu aqui?- sussurrou, mas a frase saiu em um idioma ancestral, o idioma da sua família, uma língua carregada de significados sombrios que poucos ousavam falar em voz alta.

Ele piscou, tentando reorganizar os pensamentos, mas a confusão só aumentava. A violência que havia explodido de dentro dele era incontrolável, uma chama intensa que nunca antes experimentara. Olhando para o primo caído no chão, ensanguentado e quase inconsciente, Félix sentiu uma mistura de frustração e raiva. Mas a raiva não era dirigida a Jhox; era algo mais profundo, algo que o deixava no limite da sanidade.

E então, um pensamento sombrio se formou em sua mente, algo que ele nunca havia permitido que entrasse em seu coração até aquele momento. -O clã Laranjer…- murmurou, com os dentes cerrados, ainda na língua de sua família. -Se esse garoto fez algo comigo, se ele ousou manipular minha mente... eu juro que acabarei com o clã Laranjer inteiro.

Sem pensar duas vezes, ele largou Jhox no chão por um momento e caminhou diretamente até Liam, que ainda estava na cadeira, ofegante e sem forças. Os olhos de Liam se ergueram para encontrá-lo, mas o olhar que encontrou era frio, ameaçador, e cheio de uma determinação mortal.

Félix se abaixou até ficar na altura de Liam, os olhos dele ardendo com uma intensidade que parecia capaz de queimar. Ele agarrou o queixo de Liam com força, puxando seu rosto para mais perto, sem qualquer compaixão.

-O que você fez comigo?- Félix rosnou, a voz grave e carregada de uma raiva contida. -O que você e o seu clã Laranjer fizeram para mim? Diga agora, antes que eu decida destruir todos vocês.- Cada palavra era dita com um ódio afiado, como se ameaçasse não apenas Liam, mas toda a sua linhagem.

Liam, ainda sem entender o que havia desencadeado tamanha fúria, olhou para Félix, tentando balbuciar uma resposta, mas o medo e a dor o deixavam paralisado. Ele sentia o aperto de Félix em seu rosto, os dedos dele pressionando com uma intensidade que quase cortava sua pele, como se cada movimento estivesse carregado com a promessa de uma vingança cruel.

Vendo que Liam não respondia, Félix o soltou bruscamente, fazendo sua cabeça cair para trás na cadeira. Ele se virou, ainda com os punhos trêmulos, e voltou para onde Jhox estava desmaiado no chão. Pegando o primo pelos braços, lançou um último olhar para Liam, cheio de ameaça, antes de arrastar Jhox em direção à enfermaria.

As últimas palavras de Félix, ecoando na língua de sua família, ficaram no ar como uma sentença, um juramento sombrio que prometia consequências devastadoras. Ele saía, mas deixava para trás a certeza de que aquilo estava longe de terminar – e que o clã Laranjer, junto com Liam, pagaria caro por aquele momento inexplicável.

Liam estava perdido na dor e no cansaço, seu corpo exausto e sua mente atordoada pelas recentes agressões. Mas então, como um sopro de outro mundo, algo começou a tomar forma em sua mente – uma lembrança estranha, que ele sabia não pertencer a ele. A imagem surgiu lentamente, envolta em névoa, mas logo se tornou clara, vívida, como se ele estivesse lá, testemunhando uma visão antiga e secreta.

Ele viu mulheres reunidas ao redor de um rio prateado, sob a luz suave da lua. Elas não eram mulheres comuns. Suas figuras irradiavam uma beleza sobrenatural, quase etérea, seus cabelos brancos como a neve brilhando como fios de estrelas, e seus olhos, de um roxo profundo, resplandeciam com a intensidade do crepúsculo. As mulheres cantavam em uma língua desconhecida, uma melodia antiga e poderosa que ressoava no ar, como o pulsar de uma força viva.

Ao centro das mulheres, uma delas se destacava, uma presença forte e serena. Ela estava grávida, as mãos repousando sobre o ventre com um toque protetor e carinhoso. Seus lábios murmuravam uma canção que carregava o peso de uma promessa. A melodia era suave, mas carregada de um poder que Liam nunca experimentara. Era uma canção de amor e esperança, uma declaração que vibrava como um feitiço, cada nota penetrando fundo em sua alma, como se falasse diretamente para ele.

-Você será aquele que, um dia, juntará a luz e as trevas… E gerará um filho que será a luz.

Essas palavras ecoavam em sua mente, reverberando como o toque distante de um sino, um chamado antigo, uma profecia que parecia escrita em seu destino. Liam sentiu um arrepio percorrer sua espinha, como se algo ancestral dentro dele estivesse se despertando.

De repente, Liam abriu os olhos, voltando ao mundo real, mas a visão ainda queimava em sua mente, o peso da profecia impregnado em sua pele. E então, algo milagroso e inexplicável começou a acontecer ao seu redor.

Pássaros de luz surgiram no ar, cintilando como pequenas estrelas vivas, suas asas batendo com uma leveza sobrenatural. Eles dançavam ao redor dele, suas formas etéreas emitindo um brilho suave, iluminando a sala com uma luz cálida e mágica. Liam, ainda atordoado, percebeu que estava sussurrando a mesma canção que ouvira na visão, como se a melodia tivesse se gravado em sua memória.

A música que saía de sua boca era hipnotizante, ecoando como o som poderoso de uma cachoeira em queda. Era suave, mas avassaladora, cada nota vibrando como se o próprio mundo estivesse escutando. A sala, antes um lugar de dor e sofrimento, agora parecia carregada de uma energia ancestral, como se estivesse imersa em uma magia que ninguém ali jamais havia experimentado.

A canção ecoava, e com ela, uma tensão entre luz e sombra parecia tomar forma ao redor de Liam, como se a própria essência do mundo estivesse em equilíbrio, aguardando o próximo passo. Ele sentia uma força pulsando em suas veias, algo que não compreendia, mas que o preenchia completamente – um chamado para algo maior, algo que unia tanto a leveza quanto a escuridão de seu ser.

Enquanto os pássaros de luz continuavam a sobrevoar, deixando rastros luminosos no ar, a melodia reverberava como uma onda invisível, trazendo consigo tanto leveza quanto uma maldição. Era uma promessa antiga que se manifestava, uma força que Liam nunca soubera possuir. E, naquele instante, ele compreendeu que estava destinado a algo muito além de si mesmo, algo que carregava a esperança de unir forças opostas, de equilibrar o bem e o mal.

A sala estava impregnada de uma energia tão profunda e impactante que parecia ser o prelúdio de um destino inevitável – e Liam, mesmo sem entender completamente o que acontecia, sabia que, a partir daquele momento, nada jamais seria o mesmo.

***CONTINUA***.....

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