Capítulo Doze -Este não é o meu mundo habitual

Saio do quarto e vou até o jardim principal da casa, vejo Felicia uma menina aparentemente doce, ela tinha os cabelos dourados e incrivelmente sedosos, seus olhos eram azuis claros como um oceano. Beth a empregada que era jovem e bonita, estava sentada no gramado lendo um livro para Felicia, elas pareciam se darem muito bem.

Me aproximo para que assim possa tomar o meu posto, Beth se levanta ligeiramente, assume uma postura rígida e grosseira, cumprimento com um bom dia, mas, claramente ela não havia ido com a minha cara já que nem se deu o trabalho de responder.

Reviro os olhos para ela, na medida que se distância lanço um sorriso. Embora eu seja uma moça boa e trabalhadora, eu com certeza não sou o tipo de pessoa que deixo que pisem em mim, ou que me tratem de qualquer maneira, revido sem exitar independente de quem seja.

-Não liga para ela -Diz Felicia sorrindo.

Eu sorrio de volta já que ela havia notado aquele pequeno atrito.

-Você pode terminar de ler a história, por favor?

-Claro! -Respondo com um sorriso meigo, me sento na grama ao seu lado, ela escuta a história atentamente.

-Eu adoro a história da Cinderela -Fala com seus olhos perdido no horizonte.

- Por que você gosta dela? -Pauso a leitura para assim darmos início a uma conversa.

-Ela é como eu, sem uma mãe. Embora eu não sofra como ela, ainda sim, não tenho uma mamãe. -Ela baixa os seus olhos, parece um pouco pensativa.

Puxo ela e dou-lhe um abraço, estreito essa pequena menina contra mim e beijo os seus cabelos.

-Cinderela era linda, tinha um pai que a amava muito, conheceu um lindo príncipe e foi feliz para sempre -Justifico. -Não fique triste você é linda de mais para isso.

Ela dá um sorriso fofo, sugiro que voltemos para dentro, o sol estava quente e poderia lhe fazer mal. Meu trabalho era simples tinha que apenas cuidar de Felicia. Mas o silêncio da mansão é perturbador, carregando consigo uma tensão latente. A promessa de paz é ilusória, sinto algo errado, uma inquietação que me acompanha desde que cheguei.

A responsabilidade de proteger Felicia é imensa. Após entramos levei Felicia para tomar banho, ela jantou e subimos para o seu quarto. O dia tinha sido cansativo, havia passado tão rápido que não percebi que já havia escurecido. Fico sentada em uma poltrona de veludo carmesim, ao lado da cama de Felicia, com um livro de história em mãos.

Felicia está dormindo profundamente em sua cama, da poltrona com os olhos quase fechando observo seu rosto angelical em contraste com a escuridão crescente que se infiltra pela janela.

Um longo suspiro escapa dos meus lábios. Esta noite será uma de muitas outras naquela imensa mansão isolada, há uma estranha sensação de paz, um luxo que eu nunca havia conhecido antes.

Acordei já era dez horas da noite, havia pegado no sono, me levantei da cadeira assustada, guardei o livro em sua pequena estante que havia muitos outros livros, dei um beijo na testa de Felicia, atravessei a porta e sai a fechando em silêncio. Ando pelo corredor dos quartos do andar de cima e para minha surpresa dou de cara com o meu chefe.

-Boa noite Senhor -Digo com os olhos baixos.

-Boa noite Diandra -fala com sem muita expressão.

-Eu estava colocando Felicia para dormir.

-Entendo, vá dormir já passou do seu horário de expediente.

Ele não esboçava qualquer expressao. Ele era um homem enigmático, de beleza quase inquietante e olhos que parecem guardar segredos. Gentil, mas distante, a sua presença imponente preenchendo os corredores silenciosos. É tão atraente, um fato que me incomoda, já que parece não me enxergar, não estou apaixonada, longe disso, mas o fato dele ser tão frio e cauteloso de certa forma me desperta um interesse.