Capítulo Nove - Entre Garrafas e Sentimentos...

Arthuro

A noite tinha sido uma bagunça, a sala estava desordenada, copos espalhados, risadas ainda ecoando nas paredes. E então encontrei Alissa na cozinha do seu apartamento, preparando café. Ela me viu e sorriu, aquele sorriso que parecia iluminar até os dias mais escuros.

-Bom dia, Dorminhoco -Digo com um tom descontraído. -Você se saiu bem ontem a noite.

-Eu... não me lembro de nada, mas sempre me saio bem -respondeu rindo nervosamente. Sentindo uma onda de calor subindo pelo seu rosto.

-Isso é verdade -Sorrio tomando uma xícara de café.

-Faz exatamente dois anos que ficamos sempre que venho para cá, mas estive pensando que talvez pudéssemos ter algo a mais, eu com certeza poderia morar aqui.

O cheiro do seu perfume feminino, uma mistura embriagadora de Chanel No. 5 e alguma fragrância exótica e irresistível, paira no ar. Ela sabe quê é uma mulher maravilhosa, mas sabe também que eu não sou um homem de uma mulher só.

Eu não estou dizendo que não te acho perfeita — Dou um sorriso condescendente, como se estivesse falando sobre um cãozinho que tem certeza de que foi bem adestrado — Só não estou a procura de uma namorada e principalmente de uma esposa, você sabe disso, a nossa relação sempre exatamente assim. Agora se você pensa que assim não dá tudo bem, agente termina e continua a amizade.

-Podemos continuar do jeito que está -Revira os olhos, ela sabe que só aceita ficar comigo dessa maneira pois, é a única opção.

-Que horas são? -Pergunto sentado no sofá coberto por um lençol branco de seda.

-Quase dez -Murmura sentada na poltrona com a sua xícara em mãos.

-Nossa, já está tão tarde assim? Sinto muito, mas preciso ir embora – murmuro levantando do sofá com o corpo nú a mostra. Eu adorava exibir meu corpo, nelas adoravam ver.

-É sério? – questionou Alissa.

-É sério o quê? –Falo pegando uma toalha para tomar banho, sem fazer contato visual com ela.

-Pensei que passaríamos o dia juntos, amanhã retorno para nova York -Reagiu ela de forma brusca.

-Se der a noite passo aqui para dormimos juntos, se não der boa viagem. -Falo das escadas, indo em direção ao banheiro para tomar banho.

Ela estendeu a mão para pegar o café, cujo calor já tinha se dissipado. Tendo perdido a parte mais saborosa da experiência, o seu humor despencou ainda mais. Me ver tão obviamente preocupado com a hora, e não fazer questão de ficar com ela, isso a irritava absurdamente.

Ela largou a xícara de qualquer jeito na mesa, batendo-a com força no pires. Plaft! O barulho alto o sobressaltou.

Debaixo do chuveiro a água vai sobre a minha cabeça, percorrendo o meu corpo. A imagem daquela garota de cabelos negros e olhos claros voltam com força na minha mente, nítida e brilhante como uma fotografia recém-revelada.

Lembro-me do momento constrangedor que a conheci, do salto quebrado, de como estava irritada com toda aquela situação, do toque leve da sua mão na minha sem qualquer intenção.