Capítulo Um - Lagrimas e Promessas...

Éramos jovens de mais quando decidimos jurar amor eterno. O dia do nosso casamento havia sido o dia mais feliz da minha vida e tudo parecia perfeito de mais para ser verdade.

Era inverno, a chuva insistia em cair, sai para trabalhar na empresa da nossa família, Felicia havia completado um ano de idade e estávamos muito felizes com a nossa nova vida. O dia havia passado rápido de mais, a caminho de casa passo numa floricultura para comprar Rosas vermelhas, pois sei que são suas preferidas.

Ao chegar, a casa estava silenciosa, caminho até o quarto de Felicia e lá estava ela dormindo como um anjo, paro um momento para admirar aquele pequeno anjo, dou-lhe um beijo e saio fechando a porta.

A luz do nosso quarto está acesa, Salomé deve está acordada me esperando, entro e para minha surpresa ela está sentada na ponta do sofá diante da janela, a lareira aquecia o quarto com as mãos entrelaçadas, enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto delicado. Ao vê-la assim, tão vulnerável, meu coração disparou.

O que poderia ter desencadeado tanta tristeza?

Ela olhou para mim com um olhar perdido e, por um instante, o desejo de entender a sua dor tomou conta de mim.

-Meu amoro que houve? por que está chorando dessa maneira? aconteceu algo?

-A vida de casado não está dando mais certo -Ela sussurrou como se as palavras fossem um fardo pesado que a sufocasse.

Franzi a testa, confuso.

-O que aconteceu, Salomé? -Perguntei, aproximando-me para sentar ao seu lado. A distância entre nós era palpável, como se uma parede invisível estivesse erguida entre nossos sentimentos.

-Eu me sinto tão sozinha... -a voz dela tremia -Todo dia é a mesma rotina, como se tudo já tivesse acontecido antes mesmo de começarmos a viver. Sabe, eu não sei mais ser esposa.

Ela limpa suas lágrimas no lenço que tem em mãos. Suas palavras penetraram em minha mente e, por um breve momento, registraram os dias em que ela irradiava felicidade. A paixão que importamos antes das obrigações sociais e da vida adulta tomariam conta de nossos sonhos.

-Lembra-se das nossas conversas sobre o futuro? Você sempre dizia que queria construir uma vida ao meu lado e agora você diz isso, assim tão de repente -Pergunto hesitante.

Ela transmitiu tristeza, mas a tristeza ainda dominava seu semblante.

-É diferente agora. Eu queria que desse certo, eu lutei até onde eu podia, mas já não consigo mais.

Ouvindo sua angústia, algo dentro de mim começou a se agitar. Foi o impulso de conforto e lembrá-la de quão valiosas ela realmente era. Levantei-me e fui até a estante, pegando um álbum de fotos que guardava como memórias dos nossos tempos juntos. Olhando para as imagens, percebi que talvez fosse a hora de lembrar quem ela era.

-Olha isso -Digo mostrando-lhe uma foto da nossa viagem à praia, onde ela sorria cheia de vida, os cabelos ao vento e a areia entre os dedos. -Você estava tão feliz, Salomé. Eu sei que isso ainda existe dentro de você, me diga o que eu posso fazer? podemos viajar mais, posso trabalhar menos, talvez...

Ela analisou a foto, e por um instante, viu uma faísca de esperança brilhar em seus olhos.

-Eu sei que posso ser feliz, mas não vivendo isso tudo aqui, marido, filho, essa vida não é para mim. Eu quero ir e preciso descobrir onde está minha felicidade, mas tenho a certeza que não está mais aqui.

Salomé limpou as lágrimas, e lentamente, um sorriso começou a surgir em seu rosto. Ela queria ir embora, ela não nos queria mais em sua vida, meu mundo tinha acabado de desabar.

-A vida é feita de recomeços. Se essa parte não estiver funcionando, então talvez você precise redescobrir o que vai te fazer feliz.

O meu mundo que antes parecia um lugar acolhedor e seguro, desmoronou ao ouvir aquelas palavras. Meu coração se estilhaçou em mil pedaços, cada fragmento carregando memórias de um amor que se apresentava vibrante e eterno. Como poderia chegar a esse ponto? As lembranças de risos, jantares românticos e promessas feitas sob a luz das estrelas passaram a ser sombras distorcidas de um passado que já não existia mais.