Capítulo 12

Capítulo 12: Dois Mundos Separados

A noite estava calma na grande casa. O silêncio tomava conta de cada cômodo, e o peso das revelações de Arthur ainda pairava no ar. Marina sentia o coração leve, mas ao mesmo tempo cheio de incertezas. Eles haviam compartilhado muito naquela noite – o primeiro beijo, a história dolorosa sobre Isabel, a promessa de mudança – mas, mesmo assim, havia uma linha invisível que os separava.

Arthur a acompanhou até a porta do quarto, como havia feito várias noites antes. Seu olhar era suave, diferente do que Marina estava acostumada a ver. Ele estava mais vulnerável, mais... humano.

"Boa noite, Marina," Arthur disse, a voz baixa, mas carregada de significado. "Eu sei que ainda temos muito a resolver, mas... obrigado por tudo hoje. Isso significou muito para mim."

Marina sorriu levemente, sentindo o calor das palavras dele. "Boa noite, Arthur. Eu também estou processando tudo isso. Mas saiba que estou aqui. Sempre estarei."

Os dois ficaram por um breve momento em silêncio, como se houvesse algo mais a ser dito, mas ambos sabiam que aquela conversa, por mais íntima que tivesse sido, ainda não quebrava a barreira entre patrão e funcionária. Eles não podiam simplesmente ignorar os papéis que desempenhavam.

Arthur suspirou levemente, como se estivesse lutando contra algo dentro dele. "Marina... sei que as coisas estão mudando, mas ainda somos... quem somos. Eu sou seu chefe, e você é a babá do meu filho. Não quero que isso seja complicado."

Ela assentiu, compreendendo. "Eu entendo. Ainda somos patrão e funcionária. E, por mais que tudo esteja diferente, há limites."

Ele deu um pequeno sorriso, como se apreciasse a maturidade dela. "Exatamente. Vamos lidar com isso com calma. Um passo de cada vez."

Marina sentiu um alívio. Apesar de tudo o que havia acontecido entre eles, ela respeitava a responsabilidade que ainda tinham. Eles precisavam de tempo para entender o que aquilo significava.

"Boa noite, Arthur," ela repetiu, desta vez com mais certeza. "Amanhã é um novo dia."

Arthur assentiu, mas antes de virar-se para ir embora, ele deu mais um passo à frente, inclinando-se levemente e depositando um beijo suave na testa dela. Foi um gesto simples, mas carregado de carinho.

"Durma bem," ele sussurrou, e então se afastou, caminhando em direção ao próprio quarto.

Marina fechou a porta devagar e recostou-se nela por um instante. O coração estava acelerado, mas ela sabia que eles haviam feito a escolha certa. Por mais que algo forte estivesse surgindo entre os dois, havia ainda uma linha profissional que precisavam respeitar.

Ela caminhou até a cama, os pensamentos correndo soltos. Theo já estava dormindo, sua respiração leve e tranquila no berço ao lado. O menino parecia alheio a todas as complexidades dos adultos, perdido em sonhos infantis.

Marina se deitou, tentando acalmar a mente. A presença de Arthur ainda estava com ela, assim como o toque gentil de seus lábios em sua testa. No entanto, por mais que quisesse ceder ao turbilhão de emoções que sentia, sabia que precisavam ser cautelosos. Eles ainda viviam em mundos separados – pelo menos por enquanto.

Enquanto seus olhos se fechavam lentamente, ela repetia para si mesma a promessa que Arthur havia feito: "Um novo começo."

No quarto ao lado, Arthur também se deitava, encarando o teto enquanto as lembranças da noite passavam por sua mente. Ele não podia negar que algo profundo havia mudado entre eles, mas, como Marina, ele sabia que ainda havia barreiras a serem respeitadas.

Ambos sabiam que, por mais que seus corações começassem a se aproximar, ainda tinham que ser pacientes. Amanhã traria novos desafios e, quem sabe, mais respostas.