Capítulo 11

Capítulo 11: Verdades Reveladas

A noite estava calma e silenciosa, o ambiente iluminado pela luz suave dos abajures da sala. Arthur e Marina ainda estavam próximos, o calor do primeiro beijo ainda vibrando entre eles. Mas havia algo mais que precisava ser dito, algo que Arthur não poderia mais adiar.

Ele se afastou um pouco, suas mãos ainda segurando as de Marina, mas seu olhar agora carregava uma seriedade que fez o coração dela acelerar.

“Marina, tem uma coisa que eu preciso te contar,” ele começou, a voz mais baixa do que o habitual, quase como se estivesse lutando para organizar seus pensamentos. “Você merece saber sobre a mãe do Theo... e por que eu sou do jeito que sou.”

Marina ficou em silêncio, esperando enquanto sentia a gravidade da situação. Ela sabia que o passado de Arthur era um tema delicado, mas nunca o tinha visto tão disposto a falar sobre isso.

Arthur respirou fundo, se sentando no sofá, indicando que ela fizesse o mesmo. Quando os dois estavam acomodados, ele finalmente começou.

“A mãe de Theo... se chamava Isabel,” ele disse, o nome carregado de nostalgia. “Nós nos conhecemos há alguns anos, quando eu ainda estava no início da minha carreira. Foi tudo muito rápido entre nós. Nos apaixonamos, e logo ela ficou grávida.”

Arthur olhou para baixo, seus dedos nervosos brincando com o tecido de sua camisa. “No começo, tudo parecia perfeito. Ela era linda, vibrante, e eu achei que tinha encontrado a pessoa com quem eu poderia passar o resto da minha vida. Mas, com o tempo, as coisas mudaram. Isabel era... diferente. Eu não percebia no início, mas ela não estava pronta para ser mãe. Na verdade, acho que nunca quis realmente ser.”

Marina observava atentamente, sentindo a dor nas palavras dele. Ela não sabia como responder, então apenas segurou a mão de Arthur, oferecendo apoio silencioso.

“Quando Theo nasceu, tudo desmoronou,” Arthur continuou, sua voz tremendo levemente. “Ela começou a se afastar, a se sentir presa. Isabel era uma alma livre, e ter um bebê não estava nos planos dela. Ela tentou, mas não conseguiu lidar com a responsabilidade. E então, um dia, ela simplesmente foi embora.”

Marina sentiu um nó no estômago. Ela não esperava ouvir isso. A mãe de Theo os havia abandonado?

“Ela me deixou sozinho com o Theo,” Arthur disse, sua voz agora embargada de emoção. “Sem nenhuma explicação, sem nenhuma despedida. Simplesmente desapareceu. E desde então, tudo mudou para mim. Eu me tornei esse homem que você conhece... fechado, focado no trabalho, e... arrogante, talvez.”

Marina apertou a mão dele, entendendo agora de onde vinha toda a barreira emocional que ele erguera ao longo dos anos.

“Eu criei Theo sozinho, com a ajuda de babás e empregados, mas eu sabia que algo sempre faltava. Eu não sou bom em ser pai... não do jeito que Theo merece. E isso me assombra todos os dias. Mas então você apareceu,” Arthur disse, finalmente olhando para ela, seus olhos cheios de algo novo – talvez esperança. “E, de alguma forma, você trouxe luz para a nossa vida. Theo adora você... e eu também.”

Marina ficou sem palavras. Ela podia ver a dor no rosto de Arthur, mas também a vulnerabilidade. Ele estava se abrindo de uma forma que nunca havia feito antes.

“Arthur... eu nem sei o que dizer,” ela sussurrou, sentindo-se profundamente tocada pela história dele. “Você não está sozinho nisso. Theo é um menino incrível, e você... você está fazendo o melhor que pode.”

Arthur sorriu tristemente, balançando a cabeça. “Eu tento, mas falho na maioria das vezes. Acho que... me escondi atrás do trabalho e das minhas responsabilidades para não encarar meus sentimentos. Mas eu não quero ser assim. Eu quero mudar.”

Marina se aproximou, colocando a mão no rosto de Arthur, obrigando-o a olhar para ela. “Você pode mudar. Eu acredito em você.”

Arthur suspirou, pegando a mão dela e beijando levemente seus dedos. “Eu sei que preciso ser melhor... por Theo, por mim. E por você. A partir de amanhã, vou começar a mudar. Vou tentar ser alguém melhor. Alguém digno de tudo isso.”

O coração de Marina se apertou ao ouvir isso. Ela sabia que não seria fácil, mas via a sinceridade nos olhos de Arthur. Ele realmente queria tentar.

“Eu estou aqui,” ela disse suavemente. “Vamos passar por isso juntos.”

Arthur sorriu de leve, sua expressão mais leve do que antes. “Obrigado, Marina. Não sei o que seria de nós sem você.”

Os dois ficaram em silêncio por um momento, compartilhando a paz daquele instante. Mas, ao mesmo tempo, havia a promessa de algo novo no ar. Algo que mudaria tudo.

“Então,” Arthur disse, levantando-se, ainda segurando a mão dela, “vamos começar de novo, a partir de amanhã. Um novo começo para todos nós.”

Marina assentiu, sentindo que, finalmente, as barreiras estavam caindo. A partir daquele momento, as coisas seriam diferentes.

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