Capítulo 14

Capítulo 14: A Sombra do Passado

Enquanto Marina e Theo viviam uma manhã cheia de alegria em casa, Arthur se preparava para mais um dia de trabalho no escritório. Embora seu coração estivesse mais leve depois da manhã com Marina e Theo, o ambiente de trabalho sempre o trazia de volta à sua postura séria e profissional.

Ao entrar no prédio da empresa, ele cumprimentou os funcionários com acenos rápidos e se dirigiu diretamente à sua sala. O escritório estava como de costume: movimentado, com telefonemas, reuniões agendadas e documentos para assinar. Mas naquela manhã, algo parecia diferente. Uma presença que ele não havia notado em um tempo.

Quando ele se sentou à sua mesa e começou a revisar alguns contratos, ouviu uma leve batida na porta. Sem levantar os olhos, ele disse um simples "Entre", esperando que fosse sua assistente trazendo mais papelada.

No entanto, quem entrou não era sua assistente.

"Bom dia, Arthur," uma voz feminina disse, suave e ligeiramente provocante.

Arthur levantou os olhos e encontrou-se cara a cara com Sarah, uma das executivas da empresa. Ela era uma mulher bonita, com traços marcantes e um ar confiante que sempre chamava atenção. Sarah trabalhava na empresa há alguns anos, sempre mantendo um relacionamento profissional com ele, mas havia algo em sua postura hoje que parecia diferente.

"Sarah," Arthur disse, surpreso ao vê-la em sua sala sem avisar. "O que posso fazer por você?"

Ela entrou com passos calculados, fechando a porta atrás de si. Seus olhos fixos nos de Arthur revelavam algo mais do que simples negócios.

"Eu só queria ver como você está," ela disse, com um sorriso nos lábios. "Faz tempo que não temos uma conversa... mais pessoal."

Arthur franziu a testa, desconfiado do tom dela. Ele sempre soube que Sarah era uma mulher determinada e ambiciosa, mas nunca havia dado muita atenção a qualquer interesse pessoal que ela pudesse ter. Além disso, ele estava imerso em sua própria vida e nos problemas com Isabel e Theo nos últimos anos.

"Estou bem, obrigado," ele respondeu, sua voz ainda cautelosa. "Tem algo específico que você gostaria de discutir?"

Sarah se aproximou mais, inclinando-se ligeiramente sobre a mesa de Arthur, o que fez com que ele se recostasse na cadeira, desconfortável com a proximidade inesperada. O perfume forte dela preenchia o ar, e havia algo no jeito que ela olhava para ele que indicava que aquele não era apenas um encontro profissional.

"Arthur," ela disse, com um tom mais sério agora. "Eu sei que nos últimos anos você passou por muita coisa... com Isabel, o divórcio, e claro, Theo. E eu sempre estive aqui, observando de longe."

Arthur ficou em silêncio, tentando entender onde ela queria chegar.

"Quando você estava casado," ela continuou, "eu nunca disse nada. Não seria apropriado, claro. Mas agora... as coisas são diferentes. Você é um homem livre."

Arthur sentiu o peso das palavras dela, mas não gostou da direção da conversa. Ele sabia o que estava prestes a acontecer, e isso o deixava desconfortável.

"Sarah," ele começou, mantendo a voz firme, "eu aprecio sua preocupação, mas isso não é... apropriado. Tenho muito trabalho a fazer e não tenho tempo para conversas pessoais nesse momento."

Mas Sarah não recuou. Em vez disso, ela deu um passo ao redor da mesa, se aproximando ainda mais de Arthur. "Eu não estou falando só de trabalho, Arthur. Estou falando de nós."

Ele piscou, surpreso. "Nós?"

Ela sorriu, como se esperasse aquela reação. "Sim, Arthur. Você é um homem incrível, e eu sempre admirei sua força, seu comprometimento com a empresa... e, para ser honesta, eu sempre tive sentimentos por você. Mas enquanto Isabel estava na sua vida, eu não pude fazer nada. Agora, as coisas são diferentes."

Arthur levantou-se da cadeira, afastando-se da mesa, sentindo o ar pesado ao redor dele. Ele nunca havia prestado atenção a Sarah desse jeito, e agora, a forma como ela estava se colocando o deixava claramente desconfortável.

"Sarah, isso é... inesperado," ele disse, mantendo a voz neutra. "Mas minha vida pessoal está... complicada no momento. Eu não estou interessado em nada além de focar no meu trabalho e cuidar do meu filho."

Ela estreitou os olhos, claramente não satisfeita com a resposta. "Arthur, eu posso ser a pessoa que você precisa. Eu entendo a sua vida, entendo suas responsabilidades. Eu posso te ajudar... de maneiras que você nem imagina."

Arthur deu um passo para trás, mantendo a distância entre eles. "Eu agradeço, Sarah, mas não estou buscando isso agora. Estou feliz com a minha vida do jeito que está."

Ela ficou em silêncio por um momento, sua expressão mudando de confiante para irritada. "Com a babá, Arthur? É isso? Você está feliz com a babá do seu filho?"

Arthur congelou. Ele não tinha mencionado Marina, e o fato de Sarah ter adivinhado a situação o fez se sentir ainda mais desconfortável.

"Isso não é da sua conta, Sarah," ele disse, a voz agora mais firme. "Minha vida pessoal não é algo que vamos discutir. E, francamente, isso já foi longe demais."

Sarah sorriu friamente, percebendo que havia tocado em um ponto sensível. "Se você acha que uma babá pode te dar o que você precisa, então boa sorte. Mas lembre-se, Arthur... você vai precisar de alguém que entenda o seu mundo, alguém que realmente esteja ao seu lado, nos bons e maus momentos."

Com essas palavras, ela se virou e saiu da sala, deixando Arthur sozinho, o coração acelerado e os pensamentos confusos.

Ele se sentou de volta à mesa, tentando processar o que acabara de acontecer. Sarah sempre esteve por perto, mas ele nunca imaginou que ela nutrisse sentimentos por ele. Agora, com Marina em sua vida, essa revelação trazia uma nova complicação.

Arthur sabia que precisava manter as coisas em ordem, tanto no trabalho quanto em casa. Mas Sarah claramente não ia desistir tão facilmente. Ele só esperava que isso não afetasse tudo o que ele estava começando a construir com Marina e Theo.

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